cada minuto // emanuelle oliveira
A apreensão de armas de fogo em posse de adolescentes tem se tornado comum em Alagoas. A facilidade em adquirir revólveres, pistolas e até armas artesanais em pontos comerciais populares de Maceió, como na Praça Guedes de Miranda, localizada no bairro de Ponta Grossa e na feira do Passarinho, no Centro da cidade faz com que traficantes e até pessoas de baixa renda se utilizem desse armamento para realizar assaltos e até homicídios.
A periferia continua sendo o local onde esse comércio é mais intenso e a maioria desse armamento não tem registro e nem as pessoas que o adquirem tem o porte, que são emitidos pela Polícia Federal (PF), que fará até dezembro o recadastramento das armas existentes no Estado.
As armas também podem ser entregues na PF, que pagará uma indenização deR$ 100,00 a R$ 300,00, dependendo do modelo, nos termos dos artigos 31 e 32 da Lei 10.826/03. Porém, essa prática é cada vez mais rara em Alagoas.
Em 2006 o Governo Federal considerou Maceió a capital com maior risco de morte por arma de fogo e na época, cerca de 2000 armas foram retiradas de circulação pela Polícia Militar (PM).
Desde então, os números evoluíram e em 2008 a cidade ocupou o primeiro lugar no ranking de homicídios e este ano, de acordo com dados do Índice de homicídios na adolescência (IHA) foi considerada a capital com a maior média de jovens assassinados, já que 6,03 adolescentes morrem em cada grupo de mil, com idade entre 12 e 18 anos.
Dados da PM apontam que desde o início deste ano o número de ocorrências envolvendo porte ilegal de armas por jovens aumentou. Só em janeiro foram 24 ocorrências registradas; No mês de fevereiro 18; Em março 16; Já em abril 23; Maio 18 e em junho 11 .
Em alguns casos, foram apreendidas mais de uma arma por ocorrência, em bairros como Benedito Bentes, Clima Bom, Vergel do Lago, Feitosa, Serraria, Trapiche, Santa Amélia,Cidade Universitária, Santa Lúcia, Santos Dummond, Pajuçara, Levada, Poço, Centro, Ponta Grossa, Jatiúca, Pontal da Barra, Jacintinho,Tabuleiro do Martins e nos municípios de Barra de Santo Antônio e Rio Largo, num total de 86 armas recolhidas e mais de 100 jovens encaminhados à delegacias.
Entre esse armamento estava revólveres calibre 32 e 38, espingardas 12, pistolas 380 e 765 e rifles 32 com munições deflagradas ou intactas e numeração raspada.
Alguns jovens pertencentes a torcidas organizadas utilizam as armas para fazer arrastões e outros, chegaram a trocar tiros com a polícia antes da prisão ou foram agredidos pela população ao cometerem assaltos.
Os índices chamam atenção também para a idade dos infratores, já que apenas doze foram levados para as Deplans, três seguiram para o 3° Distrito policial, um para a delegacia de repressão as drogas, um para o 22° DP, um para a delegacia dos crimes contra crianças e adolescentes e noventa foram encaminhados a delegacia de menores.
De acordo com uma fonte, que preferiu não se identificar, para comprar uma arma em uma feira de Maceió é preciso conhecer alguém que freqüente a área e é possível adquirir um revólver calibre 38, simples por R$ 300,00.
“Com esse valor dá pra comprar um 38 sem ventilação, que esquenta quando os tiros são disparados. Por menos que isso só uma “garrucha”, parecida com uma arma de caça de um tiro, que custa uns R$ 150,00. Se a pessoa quiser comprar uma pistola sai por R$ 750,00 a R$ 1200,00.
Ele contou que os vendedores de arma disponilibilizam qualquer modelo,sempre sem nota fiscal e que com eles tambémé possivel conseguir a munição, ressaltando que a Polícia é conivente com a situação e que muitas vezes faz vista grossa, pois sabe onde o armamento é vendido.
A responsável pelo setor de armas da PF, Andréia Nascimento informou que desde janeiro foram feitos mais de 3000 pedidos de posse de arma, que é diferente do porte, já que no segundo caso a pessoa precisa se submeter a testes de tiro e psicológico .
“Geralmente são policiais e seguranças que solicitam, mas qualquer pessoa que tiver renda comprovada, residência fixa e sem antecedentes criminais pode ter uma arma em casa. Dessas solicitações, 1924 foram feitas por pessoa física, 474 segurança pública, 692 segurança privada e 9 de outros casos" finalizou ela