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13/07/2009 00:00:00

Especiais

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com cadaminuto // emanuelle oliveira

Criticado por políticos e pelo próprio Poder Judiciário de Alagoas, o juiz Marcelo Tadeu, 43, ganhou destaque nacional por sua atuação polêmica na única Vara de Execuções Penais do Estado, à frente da qual despertou questionamentos da sociedade alagoana.

Por alegar não ter condições de realizar suas atividades apenas de dentro da vara, que só possuía um funcionário, ele resolveu fazer um trabalho de justiça itinerante no presídio de segurança máxima Baldomero Cavalcante, sendo duramente criticado.

Marcelo Tadeu deixou a vara no final do ano passado, após atuar por três anos e meio. Dos dezessete anos de judiciário, nove foram dedicados à área criminal e denúncias feitas por ele teriam impulsionado até ameaças de morte, uma vez que o juiz prometeu fazer uma revolução penal no Estado.

O desrespeito à lei de execuções penais e a morosidade do Judiciário alagoano para julgar presos que há anos aguardam uma sentença ou a liberdade, seria uma das principais críticas do magistrado, que sugeriu a realização de trabalhos educativos dentro dos presídios.

Em entrevista ao CADAMINUTO Marcelo Tadeu disse que a grande dificuldade em atuar na Vara de execuções penais é a falta de expectativa social, pois não querem que os presos sejam devolvidos à sociedade. Ele disse ainda, que é preciso cumprir os direitos humanos e ao invés de punir, tentar recuperar.

"Querem que os presos morram lá dentro, não dão meios deles se recuperarem. Se algum juiz fizer o contrário ele é considerado um impedimento. Alguns têm até receio de tomar certas decisões e por não me submeter a isso foi que eu sofri muito lá dentro", contou Marcelo.

De acordo com ele, é necessário que o Poder Judiciário tenha aulas de educação para saber como tratar a população, percebendo o papel social que tem, uma vez que é um agente de transformação social.

"Alguns se acham deuses e eles realmente influenciam a mudança de comportamento da sociedade e não podem apenas ficar sentados em seus gabinetes. Precisam ir até o povo e essa postura política não significa que eles vão perder a imparcialidade na hora de julgar", ressaltou.

Em relação ás inspeções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que apontaram irregularidades no judiciário alagoano, o magistrado disse ser preciso dar o mesmo destaque aos resultados, não apenas nos casos de punição e sim, de absolvição.

Para ele, a obrigação dos juízes é colaborar para que haja uma justiça mais respeitada, que tem sido colocada à prova em todo país.

O juiz ressaltou que a estrutura do judiciário ainda é muito fechada, o que gerou as situações observadas pelo CNJ. Sobre a ameaça dos ex-deputados afastados pela Operação Taturana de abrir uma CPI do Judiciário, ele foi enfático:

"Isso foi a sentença de culpa deles, que quiseram justificar seus crimes com
essa desculpa. A posição dos taturanas é um elemento para a condenação", afirmou.