com primeiraedição // marcela morais
Depois de transcorridos quase cinco anos da morte do servente Carlos Roberto Rocha dos Santos, seu corpo, enterrado no cemitério Divina Pastora como indigente, no Rio Novo, ainda não foi localizado. Nesta manhã de segunda-feira, 05, o delegado Valter Rocha, do 11° Distrito Policial e o Instituto Médico Legal se fazem a exumação do corpo.
Carlos Roberto foi sequestrado dentro de sua própria casa no dia 12 de agosto de 2004, por volta de 1h30 da madrugada. No mesmo dia, foi assassinado com 21 tiros. Seu corpo foi deixado próximo a um conjunto residencial no Village Campestre. Segundo relata o pai da vítima que acompanha a exumação, Sebastião Pereira dos Santos, o IML recolheu o corpo, porém escondeu da família que o fato. “Fui lá várias vezes e me informavam que o corpo do meu filho não tinha dado entrada. Não tenho dúvidas de que o cadáver foi ocultado no IML”, afirmou Santos.
Só após dois anos e oito meses do rapto e assassinato do filho foi que Sebastião Pereira dos Santos teve a confirmação de que o corpo tinha dado entrada no IML, com o registro 1775/4, na mesma madrugada que foi assassinado e de que havia sido enterrado no Divina Pastora. “Soube através do Ministério Público Estadual. A promotora Marluce Falcão me informou que ela havia recebido uma ligação anônima”, disse. De acordo com o processo que investiga o caso, Carlos Roberto Rocha dos Santos foi enterrado como indigente no dia 27 de agosto de 2004. Desde então, 12 covas foram escavadas, mas nenhuma era do filho de Sebastião. “O delegado disse que se for o caso vai escavar todas as sepulturas. Há muito tempo estou nessa luta, nessa batalha”, disse.
Em junho de 2007, em uma das exumações, foi constatado que o túmulo, onde deveria estar o corpo, havia sido violado e o corpo não estava mais no local. O administrador do cemitério, Valfredo Isidório dos Santos chegou a ser preso pela polícia.
Em julho do ano passado, o juiz da 17ª Vara Criminal da Capital, José Braga Neto, pronunciou o ex-deputado e vereador eleito por Maceió, Luiz Pedro como autor intelectual do crime. No dia 10 de novembro do mesmo ano os autores materiais do homicídio foram julgados e condenados. Adézio Rodrigues Nogueira, Leone Lima, Valter Paulo dos Santos e Nelson Osmar Vasconcelos são acusados de participar do grupo de extermínio, cujo chefe seria o vereador, o qual já foi preso pelo crime, mas atualmente encontra-se em liberdade. “Ele deveria ter ido a julgamento como os demais. Até hoje o processo está parado no Tribunal de Justiça”, disse Sebastião.
Sebastião conta que teme pela vida e pela da família e que, por isso, chegou a sair do lugar que mora e ingressou no programa de proteção às testemunhas. “Cheguei a conclusão que fugir era exatamente o que ele [Luiz Pedro] queria que eu fizesse, então, resolvi voltar para minha terra e enfrentar. Já consegui colocar quatro assassinos na prisão”, disse.