com agêncialagoas // marcelo amorim
Produtores de hortaliças da região Agreste de Alagoas ganham novo impulso para o desenvolvimento de suas atividades, com a implantação do Arranjo Produtivo Local (APL) Horticultura. O projeto do Governo do Estado conta com coordenação da Secretaria de Estado do Planejamento e do Orçamento (Seplan) em parceria com o Sebrae e já encontra-se em fase de implantação de suas atividades, em benefício de pequenos agricultores do interior alagoano.
“O APL Horticultura no Agreste visa beneficiar os produtores de hortaliças da região e aumentar a qualidade de vida e renda desse grupo, fortalecendo ações de cooperativismo, associativismo, capacitação em gestão, mercado e tecnologia, visando o desenvolvimento regional”, informa a coordenadora do projeto, Adriana Spenner.
Lançado oficialmente em outubro de 2008, o programa promoveu oficinas de planejamento e rodadas de negociação com parceiros, para definição das ações a serem desenvolvidas. Cursos para os produtores também fazem parte das medidas adotadas. Em maio, cerca de 50 agricultores receberam orientações sobre empreendedorismo e, há poucos dias, o APL teve aprovado pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário o Projeto de Certificação Orgânica, com o objetivo de garantir uma melhor qualidade de vida para a população, através da eliminação do uso de agrotóxico nas lavouras.
“Mensalmente, estamos participando de reuniões da Câmara Temática de Produção e Comercialização das Cadeias Produtivas do Agreste, instituída pelo Colegiado de Desenvolvimento Territorial (Codeter). A cada encontro, discutimos ações e possíveis benefícios para a região e para o grupo. Também finalizamos a logomarca do APL, visando proporcionar a identidade do grupo para o mercado consumidor, como forma de conquistarmos maior visibilidade e coesão ao arranjo”, acrescenta Adriana Spenner.
E o APL Horticultura no Agreste se fortalece para garantir a autossustentabilidade do Estado, em relação à produção de alface, coentro e cebolinha, conforme declarações do secretário de Agricultura de Arapiraca, Manoel Henrique. Antes dependente da produção vinda principalmente de Pernambuco, atualmente 98% das hortaliças comercializadas na Ceasa, em Maceió, são oriundas de localidades da região Agreste. Ainda segundo ele, Alagoas passou de importador para exportador, motivado também pelo crescimento de 12% no número de agricultores familiares, que passaram a produzir hortaliças, alguns sem o uso de qualquer tipo de agrotóxico.
Aliás, o cultivo agroecológico vem ganhando força entre eles. Dados da secretaria apontam para uma adesão de mais de 2% dos produtores para esta prática. Outra boa notícia é a diversificação dos produtos. Além das folhosas, os agricultores passaram a produzir tomate, pimentão e couve.
Entre os agricultores familiares de Arapiraca, José Artur é um dos que deixaram para trás o cultivo do fumo — lavoura que segue em queda na região — e passaram a plantar hortaliças. Numa área de aproximadamente duas tarefas, ele, juntamente com os filhos, produz alface, coentro e cebolinha, vendidos para fornecedores em Maceió. Mesmo admitindo que o ganho com os produtos ainda é relativamente pouco, José Artur segue confiante e mais entusiasmado com a possibilidade de crescimento, a partir da criação do APL Horticultura no Agreste.
“Mesmo barato, dá pra gente manter a família”, assegura o agricultor, que cultiva sua lavoura em área situada próxima ao sítio Batingas, zona Rural de Arapiraca e pólo da produção no município. Somente nesta área, que inclui ainda as comunidades Bálsamo, Pau D’arco, Furnas, Laranjal e Alazão, aproximadamente 150 agricultores familiares seguem com o cultivo das hortaliças.