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03/06/2009 00:00:00

Municipios

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com gazetaweb // janaina ribeiro e daniel dabase (colaborador)

Em entrevista coletiva na sede da Polícia Federal, em Maceió, o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado, Delano Cerqueira, informou como agiam as duas quadrilhas fraudadoras de benefícios do INSS, presas no início da manhã desta quarta-feira (03) durante a operação 'Denário', desencadeada nos municípios de Palmeira dos Índios, Arapiraca, Olho d'Água das Flores e Batalha. A operação desbaratou um esquema ilegal que conseguia benefícios previdenciários como Auxílio-Doença, Aposentadoria Especial Rural e Benefício Assistencial LOAS por Incapacidade.

De acordo com a autoridade policial, as quadrilhas cobravam cerca de R$ 3 mil de cada interessado para conseguir um benefício junto ao Ministério da Previdência Social. "Eles aliciam as pessoas, falsificam os documentos e davam entrada no pedido de benefício. Quando esse era concedido, os novos segurados eram obrigados a pagar os R$ 3 mil às quadrilhas, que tinham controle sobre as contas bancárias abertas. E uma das formas dos beneficiários pagarem o dinheiro devido, era por meio de empréstimos consignados", explicou Cerqueira.

O delegado também afirmou que uma médica psiquiátrica, cujo nome não foi revelado, era o braço técnico das organizações criminosas e que o presidente de um sindicato de trabalhadores rurais era o responspável por fraudar documentos que comprovariam que os beneficiários eram trabalhadores do campo. "A médica cobrava R$ 100 por cada atestado emitido. Já o presidente do sindicato fornecia documentos que atestaram atividade rural", detalhou ele.

580 benefícios fraudados

Segundo Gilmar Pregardier, coordenador da Assessoria de Pesquisas Estratégicas do Ministério da Previdência Social, ficou comprovado que, até o momento, 580 benefícios foram fraudados nos últimos dois anos. "Vamos convocar todos os beneficiários suspeitos e, aqueles que, tivermos a certeza que foram fraudados, serão suspensos de imediato. Além disso, a PF já apreendeu bens que poderão servir como ressarcimento ao erário público", declarou.

A Polícia Federal informou ainda que foram recolhidos automóveis, móveis, jóias e bloqueadas as contas bancárias dos envolvidos. "Os mandados de busca e apreensão e de arresto foram expedidos, dentre outros motivos, justamente para repararmos o prejuízo causado à Previdência Social. Grande parte do patrimônio adquirido desde janeiro do ano passado, por parte dos envolvidos no esquema, foi recolhida", assegurou Delano Cerqueira.

O esquema


As quadrilhas começavam a trabalhar às 6h da manhã, abordando as pessoas nas filas dos postos do INSS, além de manter uma rede de contatos com interessados em se aposentar”, explicou o delegado Cerqueira.

De acordo com ele, as suspeitas de fraude começaram depois que o Ministério da Previdência Social desconfiou da grande quantidade de benefícios que estava sendo concedida para cidades do interior de Alagoas. "Fizemos um cruzamento de dados e verificamos que o município de Palmeira dos Índios, por exemplo, estava com um número equivalente de benefícios ao da capital Maceió. As informações foram passadas para a Assessoria de Pesquisa Estratégicas do Ministério da Previdência que, nos repassou o que estava acontecendo e começamos a investigar", acrescentou o delegado.

O inquérito deverá ser concluído até o final da próxima semana e os envolvidos serão indiciados pelos crimes de formação de quadrilha, estelionato e produção de documentos falsos e poderão pegar até 13 anos de detenção.