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Mesmo sob a alegação que preferiam morar na Creche Tia Márcia, 120 crianças foram transferidas para uma Casa de Passagem situada em Viçosa. O fato, que deixou em pânico os pequeninos, aconteceu às 19 horas desta quinta-feira, após determinação da juíza Ana Rachel Gama, que recebeu denúncia de maus tratos protocolada pelo Conselho Tutelar do município e decidiu adotar esta medida.

Cartas anônimas evidenciavam que a diretora da creche, Márcia Moreira, batia nas crianças utilizando “tabicas” feitas com galhos de árvores. No entanto, todas as crianças relataram em entrevista à nossa equipe de reportagem, que preferiam continuar onde estavam, mesmo admitindo que todos os dias tinham que cumprir tarefas para ajudar a manter a creche limpa, como por exemplo, lavar os banheiros.

Questionada pelo Tudo na Hora sobre o fato, a diretora da creche, Márcia Moreira, admitiu que as crianças realmente cumpriam tarefas visando manter o prédio da instituição organizado. Mas, segundo ela, essas atribuições tinham, apenas, um caráter sócio-educativo, como forma de conscientizá-las sobre a importância de cuidar do ambiente onde residem e com o intuito de conservá-lo sempre limpo e asseado.

“Todos aqui cumprem tarefas, pois além de sermos uma instituição que abriga as crianças, somos responsáveis pela educação e formação de cada uma delas. Para que se transformem em adultos responsáveis, ensinamos que é necessário saber viver em sociedade, cada um ajudando o outro, cada um fazendo a sua parte, cada um colaborando pelo bem da coletividade, primando pela organização e cultivando a responsabilidade”, explicou, em meio às lágrimas, a diretora da Creche Tia Márcia.

Mas, mesmo diante destas justificativas, e em meio ao choro das crianças que não desejavam deixar a creche para serem levadas à Casa de Passagem da Prefeitura de Viçosa, a decisão judicial foi cumprida. Nossa equipe de reportagem procurou a magistrada Ana Rachel Gama para se pronunciar sobre o assunto, mas o seu aparelho celular encontrava-se desligado por volta das 20 horas desta quinta-feira.

A creche era mantida graças a doações feitas por alemães, que adotaram as crianças e, mensalmente, depositam uma quantia em dinheiro para que as despesas com alimentação, vestuário, manutenção do prédio e educação sejam quitadas. Mesmo diante das denúncias e da decisão adotada pela juíza da Comarca de Viçosa, nossa reportagem flagrou apenas uma criança ajudando a lavar o banheiro, mas ela mesma afirmou que estava contribuindo para manter a creche limpa, assim como as demais também agiam diariamente.