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Após 121 anos da assinatura da Lei Áurea – decreto que garantiu liberdade aos negros escravos no Brasil –, a igualdade de direitos ainda não chegou aos descendentes de quilombolas do município de Santana do Mundaú.
Quem chega à comunidade Filus, localizada na Serra Água Fria, em Santana do Mundaú - extremo norte de Alagoas -, a sensação é que, neste local - incrustado por trás da Serra dos Cachorros , a 19 km da cidade -, o tempo estacionou há 120 anos. É que a Lei Áurea, promulgada em 13 de março de 1888, em favor da liberdade de negros escravos, permanece mal resolvida na História do Brasil.
Num flagrante nítido de agressão à Declaração Universal dos Direitos Humanos, neste povoado - onde vivem 32 famílias de descendentes de quilombolas -, a força da miséria impede esses brasileiros até mesmo de sonhar com condições de vida melhores.
Na atualidade, o quadro social dos quilombolas de Filus permanece tão caótico como foi o cotidiano dos seus antepassados. Na rotina de vida de homens, mulheres, jovens e crianças - que parecem ser invisíveis aos olhos do poder público - faltam comida, água potável, moradia, educação, saneamento básico, assistência médica; enfim, as condições para que eles possam se integrar ao mundo atual.