Alagoas entrou em sua quadra chuvosa neste mês de maio, o que significa dizer que até agosto, o Estado estará sujeito a chuvas.
As previsões apontam um inverno mais rigoroso que o ocorrido no ano passado e é possível que um grande volume de água, como o que caiu no Estado no último dia 1º de maio, volte a cair em Alagoas ainda este mês, afinal, como afirma o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Jadir Ferreira, com a natureza ninguém pode. E é tendo consciência da força da natureza que a Defesa Civil e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) trabalham para evitar que os desastres aconteçam e para que a população do Estado fique segura enquanto a chuva perdurar.
Na Semarh, técnicos trabalham diariamente no monitoramento do Estado e enviam alertas às autoridades competentes no caso de previsão de chuva. “Nós não temos condições de evitar a chuva, mas trabalhamos com um sistema meteorológico que nos aponta quando vai chover. Nós passamos as informações para a Defesa Civil Estadual que fica responsável por alertar as demais autoridades competentes”, afirmou a coordenadora do serviço de meteorologia da Semarh, Fabiana Carnaúba.
Já a Defesa Civil Estadual tem se esforçado para fazer um trabalho preventivo. Isso porque a maioria dos municípios alagoanos ainda não possui sua própria coordenadoria de Defesa Civil, o que dificulta o trabalho e faz com que o Estado tenha que agir em grande parte dos municípios — quando tais ações preventivas poderiam ser feitas pelas próprias cidades.
“Nosso papel é aglutinar esforços, coordenar ações em caso de emergência e fazer um trabalho preventivo, o que só podemos fazer se trabalharmos juntos com as Defesas Civis Municipais”, afirmou o coronel Jadir Ferreira, destacando que é no período em que a chuva dá uma trégua que a Defesa Civil deve agir.
Para o coronel, muitos problemas trazidos pelas chuvas podem ser evitados pela própria população. Isso porque o entupimento de galerias, por exemplo, é causado pelo acúmulo de lixo — que acaba sendo arrastado pelas águas. “Falta conscientização, educação. Existem alguns problemas que podem ser resolvidos com medidas simples, como não jogar lixo nas ruas”, enfatizou.
A estimativa do coordenador Estadual da Defesa Civil é que existam, atualmente, cerca de 300 mil pessoas vivendo em áreas de risco — de deslizamento e de alagamentos - somente em Maceió. A recomendação para essas pessoas é a de que elas saiam das suas casas em caso de chuva forte. Além disso, o coronel alerta que elas entrem em contato com a Defesa Civil, caso a barreira dê sinais de que vai deslizar.
“Recomendamos que os moradores das áreas de risco não permaneçam em suas casas e que entrem em contato com a Defesa Civil Estadual por meio do 193. Nós também pedimos que os moradores desses locais fiscalizem uns aos outros e alertem para que a vegetação do entorno da encosta não seja cortada e para que eles não deixem esgotos a céu aberto”, destacou Jadir Ferreira.
Grande volume — No dia 1º de maio, uma forte chuva caiu sob o Estado, causando transtornos aos moradores e deixando um saldo de quatro mortes — sendo três na capital e uma no interior. A chuva já era esperada, mas não com tanta intensidade. De acordo com o coronel Jadir, a previsão era a de que caíssem 100 mm de água durante quatro dias, sendo que choveu 115 mm no Estado em apenas um dia.
“Com a natureza não há quem possa. Temos que saber tratar dela para não sofremos revés. Estávamos esperando a chuva, mas não com tanta intensidade. Foram 115 mm em um dia. Para você ter uma ideia, acima de 50 mm a chuva já começa a trazer transtornos”, afirmou.
Para fazer o resgate das vítimas e contribuir para a redução dos danos causados aos alagoanos, mais de 200 bombeiros militares — incluindo vários que estavam de folga — foram mobilizados. Além disso, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) disponibilizou veículos que deram apoio às equipes que precisaram se deslocar para áreas de difícil acesso.
“Foram três mortes na capital e essas vidas não há preço que pague. Mas poderia ter sido pior. Isso mostra que o trabalho da Defesa Civil em Maceió tem evoluído. No Flexal, na Chã da Jaqueira e no Reginaldo, por exemplo, não foram registrados casos graves”, afirmou.
Quando questionado se Alagoas está preparada para enfrentar um inverno rigoroso que possa vir a acontecer, o coronel Jadir Ferreira é enfático ao responder que nenhum Estado do país pode dizer que está preparado para esse tipo de emergência.
Ele cita como exemplo o estado de Santa Catarina, que sofreu com as fortes chuvas que caíram sob o Estado no ano passado. “Lá o pessoal tem nível de instrução e condições de vida muito melhores que os nossos e nem por isso eles deixaram de ser afetados pelas chuvas”, disse.
Previsão — Segundo o professor Carlos Molion, do Instituto de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), entre os meses de maio e junho, estão sendo esperadas tempestades severas no Estado. O professor explica que essas tempestades, em geral, estão associadas a trovoadas e descargas elétricas. “Devem ocorrer de três a quatro tempestades nesse período, o que pode causar inundações em alguns locais e até deslizamentos de terras”, disse.
Em maio, a expectativa é que chova entre 400 e 500 mm somente no mês de maio, quantidade cerca de 50% acima da média do mês. Além disso, o professor Molion destaca que também existe uma previsão de ocorrer baixas temperaturas no Estado na segunda quinzena de julho.
“Será um inverno um pouco mais chuvoso que o ano passado. Em Maceió a mínima deve chegar a 18°C, o que é considerado frio, tendo em vista que a média é de 21°C. Em outras localidades do Estado a temperatura pode ser ainda mais baixa, podendo chegar a 15°C no Agreste”, afirmou o professor.
por Agência Alagoas