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09/04/2009 00:00:00

Municipios


Municipios
A armazenagem de sementes em bancos comunitários para serem utilizadas no próximo plantio tem sido uma opção para os pequenos agricultores que convivem com a estiagem por um longo período. Assim acontece no alto Sertão de Alagoas onde, por meio dos bancos de sementes, ficam garantidos o plantio e o desenvolvimento sustentável de centenas de famílias.

Em Delmiro Gouveia, a Cooperativa de Pequenos Produtores Agrícolas dos Bancos Comunitários de Sementes (Coppabacs) é sede de um desses bancos e serve de exemplo de associação bem sucedida. Com 200 sócios de oito municípios do alto e médio Sertão alagoano — Delmiro Gouveia, Água Branca, Pariconha, Piranhas, Inhapi, Olho D´Água das Flores, Santana do Ipanema e Poço das Trincheiras — a associação, fundada há 20 anos, vem dando apoio aos agricultores familiares para que não faltem sementes para o plantio.

“Muitos agricultores já perderam o plantio porque não tinham sementes. Com o banco, isso foi superado”, explica a presidente da cooperativa, Maria Lizineide do Nascimento. O banco funciona como uma verdadeira fonte de reserva de sementes. São estocadas sementes de feijão e milho e cada agricultor associado toma emprestada uma certa quantidade, se comprometendo a devolver 20% a mais do que pegou. “Há um compromisso de todos porque aí garantimos que teremos sempre sementes no estoque, mesmo que o tempo de seca perdure por um longo período”, disse a presidente.

No galpão da cooperativa estão instalados maquinários para peneirar as sementes e silos para a armazenagem, tudo disponibilizado para os sócios. A estrutura foi montada para viabilizar a comercialização de grandes quantidades de sementes, como ocorreu durante a venda para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2006, e está prestes a se repetir.

“Naquele ano, as sementes foram peneiradas e ensacadas no galpão da Coppabacs. Todos os produtores dos municípios associados trouxeram suas sementes e aqui fizemos a comercialização”, fala Lizineide, acrescentando que a transação para a venda das sementes este ano está sendo feita de forma diferenciada. “Estamos novamente em negociação com a Conab, mas dessa vez as sementes ficarão nas próprias comunidades dos municípios, nos chamados banquinhos de sementes, sem ter que vir para cá, facilitando para o agricultor, que não vai precisar se deslocar”.

Segundo o coordenador do banco de sementes, Mardônio Alves, a quantidade de sementes que está em negociação com a Conab é de 130 toneladas de feijão, que gerará um montante de R$ 350 mil. Mardônio enfatiza que esta compra da Conab garante que o agricultor receba esta mesma semente, conhecida como crioula, própria da região e adaptada para o plantio. “Com essa compra a Conab estará distribuindo a mesma semente que esses agricultores estão acostumados a plantar; ela já é adaptada à região, o que garante que não haja perdas na safra”.

Governo do Estado — Assim como a Conab, o governo do Estado também se prepara para atender ao pedido dos agricultores sertanejos na compra das sementes crioulas. Para o diretor de programas especiais da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri), Júlio Dias, esse é o principal objetivo do governo. “Estamos trabalhando para que, em 2010, as sementes distribuídas pelo governo do Estado aos agricultores do Sertão sejam as sementes internas, da própria região”.

Para isso, Júlio explica que o governo está dando todo o suporte necessário para a implantação de mais bancos de sementes no Sertão, para que sejam supridas as demandas. “A quantidade de sementes internas hoje não supre a nossa necessidade. Estamos dando suporte para que mais bancos sejam criados”, frisa.

O suporte do Governo do Estado ao qual o diretor se refere é o levantamento das comunidades que têm interesse em ter bancos de sementes para que sejam viabilizados maquinários por meio de financiamentos e aporte técnico, além de capacitação. “Nós queremos aplicar a experiência da Coppabacs em outras comunidades e, assim, fazer com que outros bancos de sementes sejam estruturados, para que as sementes compradas pelo Governo do Estado em outras cidades sejam distribuídas em outros municípios, que não o Sertão alagoano”.

Bancos de Sementes - Os pequenos bancos de sementes, popularmente conhecidos na região do Sertão como banquinhos, são os formados nas próprias comunidades, que suprem as necessidades diretamente das famílias onde estão instalados.

Um desses banquinhos fica localizado na cidade de Água Branca, no povoado Tabuleiro. Lá, a agricultora e gestora Helena Gonçalves dos Santos garante a alimentação e o estoque para a comunidade ao redor. “Esse banquinho foi a nossa salvação. Essas sementes de feijão e milho estocadas aqui passam dois anos e o agricultor que perder a plantação e não tiver sementes já pode contar com elas aqui”, diz Helena.

Instalados em uma casinha de infraestrutura simples, três dos sete silos de armazenagem estão cheios. Para a conservação, são utilizados pimenta-do-reino, pimenta malagueta e cinza. “Estas sementes estão livres de produtos e a gente garante uma semente saudável”, explica a agricultora.
 
com agenciaalagoas // veruscka alcântara


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