18/10/2024 11:36:25

08/04/2009 00:00:00

Polícia


Polícia

G1

O consumo de crack deixou de ser uma tragédia social exclusiva dos brasileiros mais pobres. Em São Paulo, isso fica muito claro quando se analisa o número de pessoas que procuram ajuda contra o vício e a classe social delas.

A moto é a nova fonte de prazer de um comerciante que, por 13 anos, viveu aprisionado pelo crack. “Você não consegue comer direito, não consegue dormir direito, não consegue trabalhar direito. Você também não consegue arrumar uma namorada porque tudo te atrapalha. Eu estou há dois anos sem usar droga”, conta. 

Também de uma família de classe média, um outro rapaz conta que começou a usar cocaína e crack aos 14 anos. Pela droga, abriu mão do conforto de ter carro e casa na praia. “Eu cheguei ao ponto de roubar em casa, a ficar na rua, a dormir na rua. Como o cara se afunda, entra nessa, ele acaba levando a família toda junto”, diz.

Ao contrário da cocaína, que sempre foi consumida pelas classes mais altas, o crack era usado por pessoas pobres, principalmente moradores de rua da área do centro de São Paulo conhecida como Cracolândia. Vinte anos depois de chegar à cidade, a droga ultrapassou os limites da região e virou um problema também na elite da maior metrópole do país.

Em dois anos, o total de atendimentos a usuários de crack e cocaína aumentou 71% na rede estadual de saúde. Já o número de tratamentos de pessoas que ganham acima de 20 salários mínimos mais do que dobrou: cresceu 155%.

Luizemir Lago, diretora de um dos centros de recuperação, acredita que o crack seduziu a classe média porque é mais barato e mais potente. A forma de consumo também é diferente da que se vê nas ruas. Ela conta que as pessoas têm consumido crack misturando a droga com maconha e com cigarro. “São formas, assim, bem banais que não chama tanto a atenção”, observa.

O tratamento é demorado, mas já devolveu a autoconfiança ao rapaz que, depois de oito anos de uso, admitiu que perdeu para a droga. “Não é fácil, é difícil. É uma luta constante, como matar um leão por dia. Vou conseguir. Estou determinado e eu vou conseguir”, afirma.



Enquete
Você Aprova o retorno do Horário de Verão?
Total de votos: 64
Google News