18/10/2024 15:24:02

15/03/2009 00:00:00

Especiais


Especiais

Cinco meses após o anúncio oficial da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) de que Maceió (AL) receberia uma linha de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o atraso nas desapropriações da área onde fica a maior feira do centro da cidade e a resistência dos feirantes podem dificultar o projeto de implantar o novo modelo de transporte público. Os VLTs, também chamados de bondes, são comuns em cidades europeias, mas ainda não operam no Brasil.

Inicialmente, a CBTU espera concluir as obras do VLT de Maceió em 2010, sem precisar a data. No total, estão previstos 36 km de linhas - 32 km substituirão a linha de trem que já existe.

Com recursos na ordem de R$ 150 milhões já autorizados pelo governo federal, a desocupação da folclórica Feira do Rato, também chamada de Feira do Passarinho, é o principal empecilho para que o projeto tenha andamento. O local foi sendo invadido ao longo de décadas de forma irregular e não-planejada. O trecho ocupado por feirantes às margens dos trilhos é de quase um quilômetro.

A licitação estava planejada para janeiro deste ano, mas como o processo de retirada não começou, ela foi adiada. O primeiro prazo anunciado para realocação dos barracos e das barracas da área da feira era 28 de fevereiro. Por ainda estar longe de ser cumprido, a CBTU cobrou explicações sobre o atraso na retirada dos feirantes.

Na última quarta-feira (11), o presidente nacional da CBTU, Elionaldo Magalhães, esteve em Maceió cobrando da prefeitura da cidade as desapropriações e a desocupação. "Essa é a única pendência para que o VLT seja implantado, e há o risco do dinheiro destinado ao projeto ser remanejado", afirmou Magalhães. Segundo a CBTU, para não perder o dinheiro, a prefeitura deve remover os feirantes de forma imediata, sem novo prazo.

Depois do encontro, o prefeito Cícero Almeida (PP) nomeou uma força-tarefa com integrantes de três secretarias e duas superintendências para definir a retirada dos cerca de 500 feirantes que ocupam a região. Dois deputados federais por Alagoas - Benedito de Lira (PP) e Givaldo Carimbão (PSB) - também participam do movimento para tentar resolver o problema e segurar os recursos. Uma série de encontros para discutir o assunto teve início nesta sexta-feira (13).

Embora o projeto do remanejamento esteja praticamente pronto, o VLT ainda engatinha. A proposta da prefeitura é realocar os comerciantes para três locais: os mercados do Artesanato, da Produção e a área da antiga central de abastecimento da cidade, a Ceasa. Todas ficam na região central da cidade, próxima à atual feira. Mas a proposta não agrada à maioria dos comerciantes e alguns prometem inclusive resistir e dificultar o processo de desapropriação.

Segundo o secretário de Abastecimento, Carlos Ronalsa, a primeira conversa da força-tarefa, na sexta-feira (13), definiu que a transferência vai acontecer por etapas, embora não haja um cronograma. "Vamos fazer a mudança segmento por segmento. Teremos que nos reunir ainda com os comerciantes, para ver a melhor forma dessa mudança. Vamos iniciar esse contato já nos próximos dias. Não é chegar e passar a máquina por cima e derrubar tudo", diz Ronalsa. A prefeitura espera que os primeiros setores sejam remanejados em até 30 dias.

Ronalsa estima que em sete meses o local estará totalmente desocupado e diz preocupar-se com a possibilidade de o município perder o projeto por não conseguir atender às exigências da CBTU. "Estamos esperando o projeto final para a área da Ceasa, e isso depende de o Estado entregar. Mas tenho certeza de que até o fim do ano estaremos com tudo livre. Assim que começarmos com a remoção, a CBTU vai dar início à licitação", diz Ronalsa.

O secretário diz ainda que, além do VLT, a nova etapa do projeto de requalificação do centro também vai impor mudanças a outros comerciantes. Duas novas avenidas serão construídas e devem passar pelo local onde hoje estão centenas de barracas e pequenas lojas. "Aí vamos atingir um segmento bem maior, com um total de 2.000 a 3.000 comerciantes, que terão que deixar a área. Essas pistas vão interligar o terminal de transbordo que vamos construir."

O VLT
O projeto do VLT para Maceió prevê um trajeto cortando três cidades: Maceió, Rio Largo e Satuba. Na capital alagoana, o trajeto vai interligar pontos de tradicionais congestionamentos de trânsito, como o centro e os bairros Poço, Mangabeiras e sítio histórico de Jaraguá.

O VLT vai substituir o trem de ferro que hoje faz o trecho Rio Largo-Maceió todos os dias. Um dos trechos por onde o trem passa é justamente onde fica a Feira do Rato.

Hoje, o trem interliga um trajeto de 32 quilômetros de pouca sinalização. Por onde passa, o apito do maquinista é o único meio de informação para que carros e pedestres saibam que o trem se aproxima. Não há cancelas ou sinais sonoros nos cruzamentos, o que já acarretou dezenas de acidentes no percurso, envolvendo principalmente veículos.

O preço da passagem é subsidiado e cada percurso custa R$ 0,50. "Hoje, a CBTU transporta em torno de 6.500 pessoas por dia. Quando o VLT estiver circulando, a expectativa é transportar cerca de 40 mil usuários", conta Elionaldo Magalhães.

Embora circule nos trilhos, o VLT seguirá algumas normas bem comuns aos motoristas. "Diferentemente dos trens, os VLTs param em semáforos e são obrigados a dar a preferência quando necessário. Eles também atendem um número maior de pessoas", explica o presidente da CBTU.

Os VLTs de Maceió serão movidos a diesel e climatizados e vão atingir velocidade máxima de 80 km/h. Oito composições serão compradas, formando quatro carros, mais uma reserva. O valor total dos veículos é de R$ 96 milhões.

Também com a implantação do VLT, placas e cancelas serão implantadas nos locais por onde for passar o novo veículo.

com carlos madeiro especial para o UOL Notícias
Em Maceió

Galeria




Enquete
Você Aprova o retorno do Horário de Verão?
Total de votos: 64
Google News