A Polícia
Federal em Alagoas confirmou a participação da médica perita Maria Eliane
Bianor na organização criminosa que praticava fraudes contra o INSS. Ela
prestou depoimento na sede da PF, nesta terça-feira (23), atendendo um mandado
de condução coercitiva durante a operação "Lapa da Pedra" deflagrada
no interior de Goiás.
De acordo com o
delegado federal, Fábio Maia, Maria Eliane era lotada no INSS de Formosa em
Goiás, e pediu transferência para unidade de Maceió recentemente, após ter
recebido ameaças por outros envolvidos no esquema."Ele confirmou
envolvimento no esquema, mas apenas no Estado de Goiás, não aqui em Alagoas.
Ele pediu transferência para cá, porque estava sendo ameaçada", afirmou.
O veículo da
médica, um HB20, foi apreendido e documentos guardados em sua residência também
foram recolhidos pelos agentes em cumprimento ao mandado de busca e apreensão.
A operação aconteceu também em Formosa (GO), Goiânia (GO), Palmas (TO),
Uberlândia (MG), Buritis (MG).
De acordo com a
PF, o grupo atuava em duas frentes das fraudes – benefícios urbanos e rurais.
Para desviar os recursos públicos, alguns servidores da Previdência Social
inseriam dados falsos em sistemas previdenciários, concedendo benefícios a quem
não tinha direito, informou.
Segundo Maia,
para cada benefício fraudado, a médica alagoana recebia R$ 4 mil. A Polícia
estima que ela arrecadou mais de R$ 170 mil durante o esquema. Apesar de a
Polícia Federal confirmar a participação da médica, o seu advogado disse que
não tinha conhecimento sobre as acusações. "Desconheço qualquer
informação contra a minha cliente. Não tenho informação sobre envolvimento e
ameaças sofridas", disse.
Cerca de 300
agentes da Polícia Federal cumprem 78 mandados de busca e apreensão, 4 de
prisão temporária e 70 de condução coercitiva nas regiões. Segunda a
investigação da PF, o esquema poderia chegar a R$ 170 milhões ao longo do tempo
caso a fraude continuasse sendo aplicada.
Os benefícios
rurais eram concedidos com auxílio de declarações falsas do Sindicato Rural
local, segundo as investigações. O esquema criminoso contava com apoio de
despachantes, contadores, empresários, atravessadores junto ao INSS, podendo
ter a participação de advogados.