Caracterizada como
uma doença hereditária, que provoca uma deformação das hemácias (glóbulos
vermelhos), afetando, em sua maioria, a população afrodescendente, a Anemia
Falciforme já foi detectada em 454 alagoanos. Diagnosticada e tratada no
Hemocentro de Alagoas (Hemoal), que é referência no Estado por disponibilizar
uma equipe multidisciplinar, a doença causa lesões no cérebro, pulmões e,
principalmente, nos rins.
Problemas que
acontecem porque as células ficam rígidas ou endurecidas e tendem a formar
grupos que podem fechar os pequenos vasos sanguíneos, dificultando a circulação
do sangue. Mas, apesar de não ter cura, a Anemia Falciforme, que afeta um em
cada mil nascidos vivos, não representa uma sentença de morte ou um problema
que inviabiliza a vida dos seus portadores, segundo esclarece a hematologista
Verônica Guedes.
Isso porque, no
caso dos pacientes atendidos no Hemoal, onde a médica atua, é disponibilizado
atendimento hematológico, social, psicológico, fisioterapêutico, nutricional,
odontológico e de enfermagem. Serviço que assegura assistência integral e faz
os portadores de Anemia Falciforme viverem como àqueles que não possuem nenhuma
doença hematológica, uma vez que o tratamento está cada dia mais moderno e,
além das transfusões sanguíneas, é acompanhado de medicamentos que amenizam ou
impedem o surgimento dos sintomas.
E entre os mais
severos, segundo Verônica Guedes, está a anemia, que nos casos mais graves,
exige a prescrição de transfusões periódicas, que podem provocar sobrecarga de
ferro no fígado e coração, além de inflamação da vesícula biliar, aumento do
baço, dores ósseas, articulares, na barriga e infecções de repetição. “Por isso
a importância de ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar, além de tomar
a medicação prescrita corretamente, realizar exames periódicos, ingerir
suplementos de ácido fólico e beber muita água e outros líquidos”, orienta, ao
recomendar que a partir de 2 a 3 anos de idade, é necessário realizar no
doppler transcraniano, que identifica o risco de desenvolver um infarto ou AVC.
Sintomas – Seguindo
estas recomendações, ainda de acordo com a hematologista do hemocentro
alagoano, é possível prevenir problemas mais sérios, a exemplo de dores
súbitas; inchaços nas mãos e pés; infecções bacterianas como otite, amigdalite,
pneumonia e até meningite; aumento do baço; inflamação da vesícula biliar;
ereção involuntária do pênis, conhecida como priapismo, além do Acidente
Vascular Cerebral (AVC). “Já nos quadros crônicos da doença, pode haver
retardo do crescimento, cálculo biliar, retinopatia, problemas neurológicos,
necroses ósseas e anomalias pulmonares”, enumerou Verônica Guedes.
Caso não seja
detectada por meio do Teste do Pezinho, disponibilizado gratuitamente em 705
unidades públicas espalhadas por todo o Estado, a doença pode ser diagnosticada
geralmente após os seis primeiros meses de vida, quando surgem os primeiros
sintomas. Neste período, as crianças tendem a sofrer de infecções e dores nas
pernas, braços e barriga, palidez e inchaços nas mãos e pés, além de icterícia,
caracterizada pela cor amarelada no branco dos olhos.
É nesse momento que
os pais costumam procurar orientação de um pediatra, que o encaminha para
Hemoal, onde um hematologista realiza uma consulta e, por meio do exame
eletroforese de hemoglobina ou de DNA, a Anemia Falciforme é detectada. E como
a doença é mais comum entre os afrodescendentes, os portadores assintomáticos
são mais de 20% da população mundial, segundo apontam estudos realizados por
hematologistas. No Brasil, o índice atinge 8% dos afrodescendentes, como é o
caso do psicólogo Sidney Santos, que não foi submetido ao Teste do Pezinho
quando bebê, o que fez seus pais enfrentarem dificuldades para detectar a
doença.
“O fato de não
realizar o exame nos primeiros dias de vida causou sérios problemas à minha
saúde. Mesmo assim, faço acompanhamento sistemático no Hemoal desde os meus
primeiros meses de vida e consigo levar uma vida normal, como qualquer outro
jovem da minha idade. Mas para isso compareço as consultas regularmente, tomo
as medicações corretamente, cuido da alimentação e faço sessões de
fisioterapia, quando necessário”, relata.
Prevenção – E como
a doença é hereditária, a hematologista Verônica Guedes recomenda que,antes de
planejar ter um filho, os casais realizem o aconselhamento genético, em que
será verificado se o homem ou a mulher possui o traço falciforme, que pode
gerar um filho com a doença. No caso dos pais que possuem o traço falciforme,
os filhos têm 25% de chances de terem a doença, 50% de serem normais e outros
25% de serem normais. Melhor Notícias-Sesau