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A Polícia Civil
de Alagoas conseguiu esclarecer as mortes do gerente da agência dos Correios da
cidade de Capela, Joelson Alves Ferreira, 37 anos, e da ex-namorada
Denise da Silva, que tiveram os corpos encontrados com marcas de tiros, um ao
lado do outro, em um canavial a poucos metros da AL-210, na localidade
Curva do Sapo, Zona Rural daquele município, no dia 26 de fevereiro deste ano.
O delegado
Carlos Reis, diretor de Polícia Judiciária da Área 3 (DPJA-3), que vem
acompanhando todas as fases do inquérito, presidido pelo delegado Antônio
Rosalvo Cardoso, de Capela, informou que a conclusão das investigações é de
que Joelson Alves matou a ex-namorada, com quem tentava reatar o
relacionamento, e depois praticou o suicídio.
A gravação de um
vídeo das câmeras de segurança instaladas no interior da agência da Empresa de
Correios e Telégrafos ajudaram no esclarecimento do episódio que resultou na
morte das duas vítimas.
As imagens
mostram que, na tarde que antecedeu o dia em que os corpos foram encontrados,
por volta das 16 horas, o gerente retirou a bata (uniforme) usada no trabalho e
determinou o fim do expediente. Em seguida, dirigiu-se à sala dos cofres da
agência, onde o vigilante guardava em um dos cofres a arma (revólver calibre
38), munições, cinto e coldre.
Após os
equipamentos serem guardados, o vigilante entrega a chave do cofre ao gerente,
atitude que contraria as leis Nº 7.102, de 20 de junho de 1983 (Dispõe sobre
segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para
constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de
vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências), Nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003 (Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas
de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm, define crimes e
dá outras providências) e a portaria N° 992 do Ministério da Justiça, de
25 de outubro de 1995 (Normatiza e uniformiza os procedimentos relacionados às
empresas prestadoras de serviços de segurança privada, às empresas que executam
serviços de segurança orgânica e, ainda, aos planos de segurança dos
estabelecimentos financeiros).
“O vigilante
José Valmore Vasconcelos dos Santos, da empresa que presta serviço aos
Correios, e que naquele dia substituía um colega de trabalho que fora fazer
exames médicos, jamais poderia ter feito a entrega das chaves do cofre onde era
guardada a arma e as munições, pois é como se tivesse entregado o revólver ao
gerente. A norma manda que o vigilante só pode entregar a arma ao colega de
trabalho que for assumir o posto em seu lugar, pois o vigilante tem porte
funcional de arma no posto de serviço, de acordo com a legislação vigente. Por
ter agido incorretamente, o vigilante foi indiciado por ter infringido no
artigo 14, da Lei 10.826”, explica o delegado Carlos Reis.
As imagens
mostram também que o gerente vestia uma camisa branca por baixo da bata. Cerca
de meia hora depois, ele retorna à agência vestindo uma camisa cor laranja,
depois de deixar o local ao fim do expediente.
Já no interior
do estabelecimento, ele pega um envelope e se dirige à sala dos cofres, onde
apanha a arma e munições, além dos demais equipamentos (cinto e coldre), estes
deixados sobre a pia da cozinha da agência. O gerente, então, vai embora
levando a arma carregada (seis munições), além de mais quatro projeteis
sobressalentes no envelope.
Provas periciais
Além da gravação
em vídeo, exames periciais reforçam a hipótese do homicídio seguido de
suicídio. Entre eles, está o chamado “Sinal de Pupe Werkgaetner”
marca de pólvora encontrada em volta do orifício de entrada quando o tiro é
feito a curta distância. Tais sinais foram observados tanto no corpo
de Joelson como da ex-namorada, conforme laudo pericial do Instituto
de Criminalística (IC).
Outro achado, no
entanto, é ainda mais contundente quanto à conclusão da polícia. Exames
residuográficos (marcas de pólvora) feitos nas mãos das pessoas envolvidas no
caso deu positivo apenas quanto a Joelson e negativo quanto ao
restante.
No dedo
indicador da mão esquerda de Denise, os peritos encontraram zona de
esfumaçamento e chamuscamento, característico de ter sido produzida por um tiro
com o cano do revólver encostado na superfície cutânea, típica de ação de
defesa e sugere que a vítima, no início e duração da ação violenta, reagiu a
tal agressão.
Os peritos
concluíram ainda que um dos disparos contra a ex-namorada foi feito quando ela
estava deitada, estando o atirador posicionado à sua direita e a arma paralela
e próxima ao solo.
O laudo mostra
ainda que o tiro na região temporal do gerente dos Correios foi feito com a
boca do cano encostado na cabeça da vítima, e que o mesmo estava deitado.
A 2.90m dos
corpos, os peritos encontraram um projetil calibre 38. A hipótese é de que o
projetil foi do tiro que perfurou a cabeça do gerente e transfixou o pescoço de
Denise. No projetil, foi encontrado material com perfil genético de origem
feminina, segundo consta do laudo (resultado de estudo do DNA para fins de
identificação humana), oriundo da chefia do Laboratório de DNA Forense da
Universidade Federal de Alagoas, da lavra do professor-doutor Luiz Antônio
Ferreira da Silva.
Testemunhas
Em termo de
declaração, o paí de Denise, José Antônio dos Santos, disse que sua filha
e Joelson iniciaram o namoro há uns três anos, mas tiveram um
relacionamento conturbado. Nesse período, chegaram a terminarem o namoro pelo
menos três vezes.
No último
rompimento, Denise confidenciou ao pai que não mais retomaria o namoro por
ser Joelson muito possessivo e ciumento. José Antônio afirma
inclusive que o casal havia terminado o relacionamento quando foram encontrados
mortos.
Mesmo assim,
quando percebeu que a filha não retornava para casa no dia 26 de fevereiro, ele
achou que ela estaria em companhia de Joelson, na residência desse.
Somente pela manhã, contudo é que soube da morte da filha por meio de um irmão
dela.
Uma testemunha,
o motorista Valter Jorge dos Santos, conhecido por “Val”, diz ter tomado
conhecimento por populares que “o rapaz que trabalhava nos Correios, tinha
matado a Denise e depois se matado, pois tudo aconteceu por uma paixão não
correspondida”.
O delegado
Carlos Reis informou que a polícia ainda investiga outras evidências do crime.
O inquérito já foi enviado ao Ministério Público para as providências legais.