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Na sociedade, identidade
de gênero se refere ao gênero em que a pessoa se identifica (e, se
ela se identifica como sendo um homem, uma mulher ou se ela vê a si como fora
do convencional), mas pode também ser usado para referir-se ao gênero que certa
pessoa atribui ao indivíduo tendo como base o que tal pessoa reconhece como
indicações de papel
social de gênero (roupas, corte de cabelo, etc.). A
ideologia contrapõe-se a natureza identitária do ser humano (homem e mulher).
Do
primeiro uso, acredita-se que a identidade de gênero se constitui como fixa e
como tal não sofrendo variações, independente do papel social de gênero que a
pessoa se apresente.
Do
segundo, acredita-se que a identidade de gênero possa ser afetada por uma
variedade de estruturas sociais, incluindo etnicidade, trabalho, religião ou irreligião, e família.
Jaqueline Gomes de Jesus define a identidade de gênero como:
"Gênero com o qual uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com
o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. Diferente da sexualidade da pessoa. Identidade de gênero e orientação
sexual são
dimensões diferentes e que não se confundem.
Pessoas transexuais podem ser heterossexuais, lésbicas,
gays ou bissexuais, tanto quanto as pessoas cisgênero". 2 Miriam
Pillar Grossi destaca que, diferentemente dos papéis sociais de gênero, que não são biologicamente
determinados, mas sim construtos culturais e históricos, a identidade de gênero
"remete à constituição do sentimento individual de identidade". 3 No entanto, Henrietta L. Moore pontua que a identidade de gênero é
construída e vivida na "relação entre estrutura e práxis, entre o
indivíduo e o social"
Identidade do Gênero – além do superficial
O
conceito identidade de gênero remete a outras categorias, sem as
quais seu entendimento pode ficar incompleto. Primeiramente, deve-se ter em
mente que sexo e gênero são conceitos distintos. Em 1968, Robert
Stoller define
a diferença conceitual entre sexo e gênero: sexo refere-se aos aspectos
anatômicos, morfológicos e fisiológicos (genitália, cromossomos sexuais,
hormônios) da espécie humana. Ou
seja, a categoria sexo é definida por aspectos biológicos: quando falamos em
sexo, estamos nos referindo a sexo feminino e sexo masculino, ou a fêmeas e
machos. 5 6 Já o conceito de gênero remete aos
significados sociais, culturais e históricos associados aos sexos.
Robert
Stoller, psicólogo norte-americano, estudou casos de crianças Intersexo (na época classificados como
"hermafroditas" ou como tendo "genitais escondidos") que
foram educadas de acordo com um gênero que lhes fora designado no nascimento. Essas crianças, mesmo depois de
saberem que suas genitálias eram ambíguas, parciais, duplicadas, ausentes ou
sofreram alguma intervenção cirúrgica compulsória, empenhavam-se em manter os
padrões de comportamento de acordo com os quais haviam sido educados,6 o que levou Stoller à conclusão de que
seria " mais fácil mudar o genital do que o gênero de uma pessoa"
Rita
de Lourdes de Lima {{quem?}}
destaca que a identidade de gênero nem
sempre corresponde ao sexo do nascimento: uma pessoa pode nascer com o sexo
feminino e sentir-se um homem ou vice-versa, como
acontece com travestis e pessoas transexuais. A identidade de gênero também não
deve ser confundida com orientação
sexual: a primeira
remete à forma como as pessoas se autodefininem (como mulheres ou como homens),
a segunda remete à questão da sexualidade, do desejo, da atração afetivossexual
por alguém de algum gênero (homossexualidade, bissexualidade e
heterossexualidade).
Variantes
na identidade de gênero
Para
Jaqueline Gomes de Jesus, a vivência discordante de um gênero (que é cultural,
social) com o que se esperaria de alguém de determinado sexo (que é biológico)
não deve ser tratada como um transtorno, mas sim como uma questão de
identidade, como acontece com travestis e pessoas transexuais, que compõem o
grupo de transgêneros.
Para
essa autora, as pessoas transexuais "geralmente sentem que seu corpo não
está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem “corrigir” isso
adequando seu corpo à imagem de gênero que têm de si. Isso pode se dar de
várias formas, desde uso de roupas, passando por tratamentos hormonais e até
procedimentos cirúrgicos". 9 Ou seja, nem todas as pessoas
transexuais buscam a cirurgia
de redesignação sexual.
Já as travestis são as pessoas que vivenciam "papéis de gênero feminino,
mas não se reconhece como homem ou mulher, entendendo-se como integrante de um
terceiro gênero ou de um não-gênero".
Já
as pessoas intersexuais são aquelas "cujo corpo varia do padrão de
masculino ou feminino culturalmente estabelecido, no que se refere a
configurações dos cromossomos, localização dos órgãos genitais (testículos que
não desceram, pênis demasiado pequeno ou clitóris muito grande, final da uretra
deslocado da ponta do pênis, vagina ausente), coexistência de tecidos
testiculares e de ovários. A intersexualidade se refere a um conjunto amplo de
variações dos corpos tidos como masculinos e femininos, que engloba, conforme a
denominação médica, hermafroditas verdadeiros e pseudo-hermafroditas. O grupo
composto por pessoas intersexuais tem-se mobilizado cada vez mais, a nível
mundial, para que a intersexualidade não seja entendida como uma patologia, mas
como uma variação, e para que não sejam submetidas, após o parto, a cirurgias
ditas “reparadoras”, que as mutilam e moldam órgãos genitais que não
necessariamente concordam com suas identidades de gênero ou orientações
sexuais"
Relação entre identidade
de gênero e papel social de gênero
De
acordo com Miriam Pillar Grossi, os papéis de gênero podem ser percebidos como
a representação de personagens: tudo o que é associado ao sexo biológico, fêmea
ou macho, em determinada cultura é considerado papel de gênero. Estes papéis
mudam de uma cultura para outra e também sofrem modificações dentro de uma
mesma cultura. Assim, os
atributos que estabelecem coisas e comportamentos classificados como
"típicos" ou "naturais" de mulheres ou de homens constituem
os chamados papéis sociais de gênero. Na cultura ocidental, pautada pelo saber
masculino, esses papéis são pautados em dicotomias: os homens seriam dotados de
uma natureza ativa, menos sentimentais, dotados de racionalidade e de instinto
sexual desenvolvido e, portanto, suas atividades estão situadas na esfera
pública. Já as mulheres seriam mais bondosas, emotivas e sentimentais, de
sexualidade menos desenvolvida, "naturalmente" passivas e submissas,
por isso suas tarefas estão situadas na esfera privada: ser dona de casa, esposa
e mãe.
Já
a identidade de gênero, conforme dito anteriormente, remete à constituição do
sentimento individual de identidade, é uma categoria que permite pensar o lugar
do indivíduo no interior de uma cultura e que, nem sempre, corresponde ao sexo
biológico. Nossa identidade de gênero se constrói ainda no útero, quando há a
rotulação do bebê como menina ou menino. A partir desse assinalamento do sexo,
socialmente se esperará da criança comportamentos condizentes com ele. A
identidade de gênero é composta pelos papéis de gênero, pela sexualidade e pelo
significado social da reprodução