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josenildo torres – carla
cleto
agência alagoas
Anemia Falciforme,
Hipotiroidismo Congênito, Fenilcetonúria, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal
Congênita e Deficiência de Biotinidase. Doenças que podem comprometer o
desenvolvimento da criança e levar à morte, caso não sejam diagnosticadas
precocemente por meio do Teste do Pezinho, segundo alerta a médica pediatra da
Secretaria de Estado da Saúde, Sirmani Torres.
O problema é que muitos pais não sabem a
importância do exame, que é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) em 705 unidades de saúde, graças à portaria 822, que implantou o Programa
Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Criado há 14 anos, o serviço assegura que
todos os bebês tenham acesso ao exame, realizado por meio de coleta de sangue,
com punção no calcanhar do recém-nascido.
Após coletar o material, ele é enviado a Casa do
Pezinho, em Maceió, onde o exame é realizado e divulgado para os pais do bebê.
Ao ser detectada alguma das seis doenças, os pais são convocados para iniciar o
tratamento, melhorando a qualidade de vida das crianças e evitando algumas
complicações ou sequela física ou mental. Ao receber o diagnóstico, os pais e
as crianças recebem atendimento multiprofissional, como: pediatra,
endocrinologista, hematologista, psicólogo, enfermeira, assistente social,
fisioterapeuta.
“Realizar o Teste do Pezinho é um gesto de amor
pelo filho. Por isso, nenhuma mãe deve deixar de levar sua criança para
fazê-lo. Caso encontre alguma dificuldade, deve exigir que a Secretaria
Municipal de Saúde da cidade de origem assegure esse direito. Por meio do
exame, será possível verificar se a criança é portadora de Anemia Falciforme,
Hipotiroidismo Congênito, Fenilcetonúria, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal
Congênita ou Deficiência de Biotinidase”, orientou a pediatra.
Ato de amor que foi praticado pela recepcionista
Ariadna Cássia de Vasconcelos, que levou a pequena Hayra Maria de Vasconcelos,
de apenas cinco dias de vida, para realizar o Teste do Pezinho.
“Ela é meu segundo filho. Fiz o teste do pezinho
porque é importante para um diagnóstico preciso de diversas doenças. O atendimento
é eficiente e o serviço prestado é de qualidade”, salientou.
Doenças
Além de causar problemas como as deficiências
física e mental, as doenças diagnosticadas por meio do Teste do Pezinho podem
incapacitar as crianças já nos primeiros meses de vida, caso o tratamento não
seja instituído o mais precoce possível.
Entre estas doenças está a Fenilcetonúria,
caracterizada por um distúrbio genético, onde uma deficiência enzimática
acumula fenilalanina nos tecidos.
A doença, que acomete aproximadamente um em cada
10 mil indivíduos nascidos vivos, é caracterizada pelo acúmulo de fenilalanina
nos tecidos e aumento da excreção urinária de ácido Fenilpirúvico. De acordo
com especialistas, a patologia pode causar retardo mental, comportamento
agitado, agressivo ou padrão autista, presença de convulsão sem causa definida.
Outra doença também detectada por meio do Teste
do Pezinho é a Anemia Falciforme, que afeta um em cada mil nascidos vivos,
caracterizando-se pela má formação das hemácias, que assumem forma de foices,
dificultando o transporte de oxigênio para o sangue. Tratada no Hemocentro de
Alagoas (Hemoal) e Regional de Arapiraca (Hemoar), a doença é hereditária e
leva a uma deformação das hemácias, também conhecidas como glóbulos vermelhos.
Por esta razão, as células ficam rígidas ou
endurecidas e tendem a formar grupos que podem fechar os pequenos vasos
sanguíneos, dificultando a circulação do sangue. Como há vasos sanguíneos em
todas as partes do corpo, pode ocorrer lesão em qualquer órgão, como o cérebro,
pulmões e rins.
A doença é mais comum em indivíduos da raça
negra, os portadores assintomáticos são mais de 20% da população mundial. No
Brasil, o índice atinge 8% dos negros, como é o caso do psicólogo Sidney
Santos, que não foi submetido ao Teste do Pezinho e seus pais enfrentaram
dificuldades para detectar a doença. “O fato de não realizar o exame nos
primeiros dias de vida causou sérios problemas à minha saúde, que poderiam ter
sido evitados”, salienta.
Já o Hipotiroidismo Congênito, que atinge um em
cada 4 mil nascidos vivos, pode causar retardo do desenvolvimento físico e
mental, em razão da deficiência na produção de hormônio na glândula tireóide.
Além de ocasionar atraso do crescimento, a doença desencadeia icterícia
prolongada, letargia, anorexia, hipotermia e atraso na maturação óssea.
Além destas três doenças, o Teste do Pezinho
também detecta a Fibrose Cística, que é hereditária e causa alteração nas
glândulas exócrinas, responsáveis pela produção de muco corporal, que fica mais
espesso e, consequentemente, leva a acúmulo de muco denso nos pulmões e afeta a
absorção dos alimentos. Entre os problemas que acarreta, está o retardo no
crescimento, dificuldade para ganhar peso, inflamação do pâncreas e
infertilidade dos homens na idade adulta.
Também detectada pelo Teste do Pezinho, a
Hiperplasia Adrenal Congênita é uma doença hereditária rara, onde ocorre o
crescimento exagerado do córtex da glândula adrenal e um defeito hereditário na
biossíntese do cortisol. A pessoa com essa doença produz em menor quantidade os
hormônios cortisol e aldosterona e em excesso os androgênicos, que são
hormônios masculinizantes.
É caracterizada pela manifestação,geralmente, a
partir da sétima semana de vida, por meio de distúrbios neurológicos e
cutâneos, como crises epiléticas, hipotonia, microcefalia, atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor, alopécia e dermatite eczematóide.
A Deficiência de Biotinidase é uma doença
metabólica hereditária, na qual há um defeito no metabolismo da biotina. Nos
pacientes com diagnóstico tardio, há frequentemente distúrbios visuais,
auditivos, além de atraso no desenvolvimento neuro moto.