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justin parkinson
Uma droga
sintética chamada spice foi apontada como causa da hospitalização de cinco
estudantes britânicos, dois deles em estado crítico. Mas o que é Spice e por
que ela é tão popular e causa tanta preocupação?
Spice é o nome
mais comumente associado a drogas criadas em laboratório com efeito semelhante
à maconha, que é proibida em diversos países da Europa.
No entanto, seus
componentes químicos são diferentes e os efeitos colaterais foram pouco
estudados até agora. Segundo especialistas, versões sintéticas como esta podem
ser até cem vezes mais potentes do que a droga que ela imita.
A popularização do spice preocupa muitos governos. A
União Europeia vem alertando para as "severas consequências adversas"
que podem ser geradas por seu uso.
Apesar de usuários relatarem em fóruns que nunca sofreram
efeitos colateral, a spice foi ligada a várias fatalidades na Austrália e na
Rússia. Nos Estados Unidos, Connor Reid, de 19 anos, entrou em coma e depois
morreu.
"Pais, eduquem a si mesmos sobre as drogas
sintéticas", disse sua família. "Elas estão se espalhando muito
rápido. Façam isso por Connor."
Testes em animais
Substâncias que
simulam o efeito da maconha, os canabinoides sintéticos, foram criadas há mais
de 20 anos nos Estados Unidos para testes em animais que faziam parte de um
programa de pesquisa sobre o cérebro.
Na última
década, elas passaram a ser facilmente compradas por cidadãos comuns pela
internet ou em tabacarias. Spice era originalmente o nome de uma marca, mas
tornou-se um termo usado para se referir a estas novas drogas.
Normalmente,
estas substâncias são borrifadas sobre ervas, que são fumadas como a maconha
comum. Também vêm em tabletes ou como um líquido para ser usado em cigarros
eletrônicos.
O governo
britânico avalia banir todos os canabinoides sintéticos para dar fim ao que
Trevor Shine, da empresa dedicada a identificação de drogas Tic-Tac, chama de
"um constante jogo de gato e rato".
Isso porque,
toda vez que uma droga é proibida, são criadas outras.
"Sempre que
um tipo é banido, outro fora da restrição é criado", diz Shine. "Isso
ocorre mais com canabinoides sintéticos do que com qualquer outra droga."
O governo britânico diz que mais de 500 novas drogas já
foram banidas, e vários sistemas de alerta introduzidos e atualizados para
identificar novas substâncias sendo vendidas no mercado.
Autoridades do país acreditam que banir completamente os
canabinoides permitiria que as forças de segurança tivessem mais poder para
combater o comércio ilegal de todas elas, sem precisar diferenciar as versões
que podem ou as que não podem ter seu consumo reprimido.
Made in China
Acredita-se que
a maior parte delas é produzida na China. Em 2013, a União Europeia identificou
81 novas substâncias psicoativas, das quais 29 eram canabinoides sintéticos.
Uma pesquisa
realizada no Estado do Michigan, nos Estados Unidos, indica que ela é a segunda
droga mais popular entre estudantes de ensino médio, atrás apenas da maconha.
Alguns
canabinoides artificiais são bem mais potentes que outros, e seu consumo está
ligado a problemas cardíacos, respiratórios e digestivos.
Outra
preocupação, segundo o governo americano, é que pode haver resíduos de metais
nas misturas, prejudiciais ao organismo. Mas não foram realizados testes
suficientes para comprovar isso.
Enquanto as
autoridades de diversos países enfrentam dificuldades com o que vem se tornando
um grande negócio, usuários são prejudicados pela falta de informação
confiável.
"Você não
sabe o que está contido ali nem em que quantidade os produtos químicos foram
usados", diz Mark Piper, da empresa de testes toxicológicos
Randox Testing.
"Além
disso, não há qualquer uso farmacêutico para estas substâncias, porque elas não
foram feitas para serem usadas por humanos."