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dra. barbara murayama - minha
vida
Prolactina é o hormônio do
leite humano, que, quando está presente no sangue em alta dosagem, pode trazer
várias consequências à saúde da mulher, como o bloqueio da menstruação
(amenorreia), causando infertilidade. Esse problema é chamado de hiperprolactinemia,
que está por trás de cerca de 20% dos casos de amenorreia (excluindo-se a
gravidez).
Esse
hormônio é produzido pela glândula hipófise, que está localizada no interior da
caixa craniana, numa depressão óssea chamada sela túrcica. Conhecida também como
hormônio do leite, a prolactina é importante para o desenvolvimento das mamas
e, por consequência, para o aleitamento. Fora do período gestacional, a
importância da prolactina se relaciona ao controle dos outros hormônios
femininos. Assim, o hormônio está envolvido na regulação da menstruação e da
ovulação.
O sintoma
físico mais visível desse problema é a saída involuntária de leite das mamas. E
é comum a ginecologista pedir um exame de prolactina no sangue quando há alguma
alteração na menstruação. Mas é bom deixar claro que a hiperprolactinemia pode
ocorrer mesmo que não haja alteração do ciclo menstrual, como veremos a seguir.
Quando a
concentração de prolactina no sangue interfere no funcionamento dos ovários em
uma mulher que se encontra na fase pré-menopausa, a secreção de estradiol - o
principal tipo de estrógeno - diminui. Os sintomas incluem períodos menstruais
irregulares ou ausentes, infertilidade, sintomas da menopausa (ondas de calor e
secura vaginal) e, após vários anos, a osteoporose.
Taxas no sangue apontam grau da anomalia
O valor
normal de prolactina é de até 20 ng/mL (nanogramas por mililitro) no sangue.
Quando esse valor é ultrapassado, configura-se o quadro de hiperprolactinemia.
Casos nos quais as taxas são superiores a 100 ng/mL sugerem tumor benigno
secretor de prolactina, o chamado adenoma.
A
depender da dosagem hormonal, pode ser necessário o uso de medicamentos para o
tratamento. Nos casos em que há sugestão de existência de tumor, é necessária
uma investigação por ressonância magnética. Se for detectado o tumor, o
tratamento de primeira escolha é clínico, por meio de medicamentos também - o
tratamento cirúrgico só será indicado em casos de falha no tratamento clínico.
Tratamento está ligado à causa
Porém,
tão importante quanto diagnosticar o problema é descobrir por que ele existe -
isso porque o tratamento vai depender da causa. Ela pode estar relacionada ao
uso de alguns remédios, como a risperidona (que é um antipsicótico), ou mesmo
de medicamentos de uso mais comum, como a cimetidina (antiácido), a
metoclopramida (antienjoo) e a metildopa (anti-hipertensivo).
De uma
forma geral, são medicações que podem ter como efeito colateral o aumento da
prolactina e, se a causa estiver ligada ao uso de alguma(s) delas, é preciso interromper
o consumo. Além de se administrar medicamentos para tratar prolactinomas, com o
uso de substâncias que combatem os efeitos dos medicamentos problemáticos, como
a bromocriptina e a cabergolina.
Mas há
ainda outras causas possíveis, como o excesso de estímulo às mamas - no ato
sexual, por exemplo -, e é preciso evitar esse hábito quando ele causar aumento
da prolactina. Muitas vezes, o aumento de prolactina no sangue se deve ao
estresse, e aí o que precisa ser mudada é a condição de vida, com a paciente
buscando mais qualidade. Ou seja, descoberta a causa, é sempre necessário haver
uma mudança.
Se a
prolactina no sangue é diminuída a níveis normais, os efeitos do problema são
invertidos. Nas mulheres em idade fértil, retorna a função ovariana, bem como
os períodos menstruais e a fertilidade, com o aumento dos níveis de estrogênio.
No
tratamento de casos mais graves, se o nível de prolactina permanece normal e o
adenoma não é visto em uma nova ressonância magnética, por dois anos ou mais,
um período experimental sem medicação pode ser considerado. Por outro lado, a
médica não deve deixar de monitorar o nível de prolactina no sangue e,
eventualmente, o tamanho da hipófise.
Caso haja
aumento nos níveis de prolactina, a medicação deve ser retomada. E deve-se
considerar a possiblidade de cirurgia para retirada do adenoma, se o tratamento
medicamentoso não surtir efeito ou se a paciente não tolerar os efeitos
colaterais dele. A cirurgia é feita através de uma incisão no nariz e do seio
esfenoidal, por onde o especialista pode visualizar e retirar o adenoma.
A mulher
que desejar engravidar poderá fazê-lo - mesmo que seja portadora de um adenoma
controlado -, com pouco risco para si mesma ou seu filho. Mas, durante o
pré-natal, devem ser observados sintomas como dores de cabeça fortes e
alterações da visão, que podem ser um sinal do crescimento do tumor.
O
consultório da ginecologista é o melhor local para obter informações sobre
questões relacionadas ao problema médico da paciente. Além do que, não há duas
pessoas exatamente iguais, e as recomendações podem variar de uma para outra.