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Politica
10/05/2015 07:58:11

Rompimento político é rotina no interior de Alagoas

Rompimento político é rotina no interior de Alagoas
Erasmo Dias (Traipu) e Ana Genilda (Joaquim Gomes) são exemplo dos rompimentos em Alagoas
tribunahoje //
luciana martins

Casos de rompimento entre prefeito e vice têm sido cada vez mais comum em Alagoas. Para se ter uma ideia, cerca de 11 municípios já tem exposta, inclusive, por meio da imprensa, essa ‘briga de poderes’.

O caso mais recente aconteceu no município de Traipu, em que a prefeita Conceição Tavares (DEM) foi afastada do cargo por decisão do Tribunal de Justiça. Agora quem está comandado a cidade é o vice-prefeito Erasmo Araújo Dias (PRTB), que rompeu a sua relação política com a prefeita pouco tempo depois de vencerem a eleição em 2012.

Mas, os casos não param por aí. Em Joaquim Gomes, o prefeito Toinho Batista (PSDB) também rompeu com a sua vice, Ana Genilda Couto Costa (PMDB).

Por conta do afastamento do gestor, Ana Genilda esteve no comando da cidade por duas vezes.

Em Colônia Leopoldina, o desentendimento entre prefeita e vice aconteceu pela falta de diálogo. Segundo a prefeita, Paula da Rocha (PTB) existe uma relação de cordialidade entre ela e o vice, mas não há como ter uma relação de trabalho.

“Nós rompemos logo no segundo mês de gestão. Não existe qualquer relação de briga, o que aconteceu foi uma falta de diálogo por conta da personalidade forte dele, assim como uma influência política de pessoas fora do grupo político”, revelou a gestora.

A reportagem procurou o vice-prefeito Francisco Neto (PSB), mas não ele não atendeu às nossas ligações.

Em Rio Largo, o prefeito Toninho Lins (PSB) também se desentendeu com a sua vice, Maria Elisa (PRP) que assumiu a prefeitura ainda que Toninho tenha sido reeleito.

Em União dos Palmares, o prefeito Beto Baía (PSD) rompeu com seu vice, Eduardo Pedroza (PMN).

População sofre com a briga nas gestões

Os motivos para o rompimento são os mais variados possíveis, mas no momento de revelar ao que levou a briga política entre eles, prefeitos e vice preferem não expor a situação.

Entre todos os gestores contatados, somente a prefeita de Colônia Leopoldina, Paula da Rocha, revelou o motivo de não trabalhar com o seu vice.

A cientista política Luciana Santana revelou que essa não é uma situação comum no âmbito estadual. No federal é ainda mais raro.

“Situações como estas acontecem, principalmente nas cidades de pequeno porte”, pontuou.

Na análise de Luciana, alguns prefeitos não dão espaço para os vices na administração, existe uma falta de entrosamento, falta de comprometimento com o que foi prometido durante a campanha, sem contar com as discórdias pessoais.

“Por ser âmbito municipal, muita coisa próxima pode interferir, até fofoca”, alertou Luciana Santana.

A cientista política diz ainda que não é possível afirmar que essa seja uma realidade apenas de Alagoas, mas no âmbito municipal torna-se mais comum porque as alianças nem sempre ocorrem por alinhamento ideológico ou partidário, mas por afinidade pessoal.

“O ideal seria que as alianças políticas fossem formadas por políticos que tivessem um projeto comum para o município. Se a grande maioria dos partidos no Brasil fosse ideologicamente bem definida, coesa, enraizada, eu diria que o melhor é que essas alianças fossem alinhadas partidariamente”, salientou a cientista.

E com tantas desavenças quem sofre é a população. Luciana lembra que os eleitores votam em uma chapa composta por prefeito e vice, que devem buscar acordos, parceria e governar em sintonia em prol dos interesses coletivos da população de determinado município.

“Quando há o rompimento dessa parceria, a execução de projetos comuns em prol do município pode vir a ser prejudicada e pode gerar dificuldades na própria administração e isso é prejudicial para a gestão do município”, comentou.

Vice foi acusada de crime de improbidade

Dentre os 11 municípios a que se tem conhecimento do rompimento entre prefeitos e vices, alguns vivem situações inusitadas, a exemplo de Rio Largo. Ainda que Toninho Lins (PSB) tenha sido reeleito, quem ficou no comando da cidade foi a sua vice, Maria Elisa (PRP), conhecida como Drª Elisa. O inusitado dessa situação é que ela assumiu a cidade, mesmo sendo condenada pela justiça por uma série de ilícitos cometidos nos anos de 2000 a 2006, época em que era a chefe do Executivo.

Retorno gera confusão em Joaquim Gomes

Já no município de Joaquim Gomes, Toinho Batista (PSDB) já foi e retornou várias vezes ao cargo. No retorno à prefeitura, em fevereiro deste ano, o gestor passou apenas três horas no cargo, tempo o suficiente para causar pânico na prefeitura. Segundo a vice, Ana do Jaime (PMDB), ao entrar na prefeitura, Toinho Batista exigiu que todos os funcionários saíssem do local. “Ele chegou colocando medo nos funcionários, mandando que saíssem do local porque agora ele era prefeito”, afirmou.