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ebc - cristina
índio do brasil
O oficial da reserva do Exercito Brasileiro Humberto de
Lucena Sarmento até bem pouco tempo era visto com frequência em sua residência na
Rua Correia de Oliveira ou no ‘Bar do Vaqueiro’ em União dos Palmares. Foi o
proprietário da Fazenda ‘Gitirina’ em União dos Palmares e escrivão do Registro
Civil de Branquinha. Pai de numerosa prole apesar da saúde debilitada, ao longo
de seus 96 anos naceu em 30 de dezembro de 1924) até bem pouco tempo contava
história da ‘Tomada de Monte Castelo’ (ocorrido na Italia) episodio heroico que
segundo os historiadores iniciou a vitória dos aliados contra o nazismo e da
qual ‘seo’ Humberto participou ativamente.
Hoje, quando o mundo comemora 70 anos da vitória da
democracia sobre o nazismo, ainda restam marcas do violento episodio que ceifou
inocentes vidas e literalmente dizimou a Europa. E União dos Palmares cuja
terra é fértil de figuras ilustre não poderia ficar de fora do fato. ‘Seo’
Humberto mora na Rua Edgbar Sarmento onde repousa e não se locomove mais
sozinho. É ‘seo’ Humberto Sarmento portanto, um Heroi Palmarino que merece a
reverencia do povo de sua terra natal, do Brasil e do Mundo. Um orgulho para
União dos Palmares.
Veja o relato de outro herói da 2ª Grande Guerra:
Boris
Schnaiderman, nasceu na Ucrânia, em 1917. Em dezembro de 1925 veio para o
Brasil com a família e se instalou no Rio de Janeiro. Em 1941 se naturalizou
brasileiro e acabou indo para a Itália lutar na 2ª Guerra Mundial, pela Força
Expedicionária Brasileira (FEB).
"Me
naturalizei em 1941 e fiz tudo para ser convocado. Não adiantava me alistar
como voluntário, porque em casa seria um Deus nos acuda e então eu provoquei a
minha convocação. Eu preenchia sempre os formulários relatando as minhas
qualidades. Dizia que sabia inglês, francês, sabia um pouco e tinha alguns
conhecimentos de italiano e espanhol", contou sorrindo sobre a estratégia
usada para entrar para o Exército. Quando conseguiu, prestou serviço militar em
um quartel do bairro do Campinho, na zona norte do Rio.
A 2ª Guerra
durou seis anos, durante os quais as principais potências mundiais, organizadas
em alianças militares opostas – países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália)
contra países Aliados (Estados Unidos, França e Inglaterra) – dedicaram toda
capacidade econômica, industrial e científica a serviço da guerra. Há exatos 70
anos, em 8 de maio de 1945, o conflito teve fim.
O professor
aposentado, criador do curso de língua e literatura russa da Universidade de
São Paulo (USP), é o autor do livro Guerra em Surdina, onde relata o que passou
como terceiro-sargento do 2º Grupo de Artilharia. "O sacrifício foi muito
grande. Foi muito sofrimento. Passei mais de um ano na Itália. Chegamos lá [em
Nápoles] no dia 16 de julho de 1944 e ficamos até 1945. Foi muito difícil e
muito penoso", recordou. De Nápoles, foi para o Norte do país e,
finalmente, para o Leste. "A coisa foi se agravando e foram nos
transferindo mais para Leste. Acabamos chegando na área de Monte
Castello", completou.
Na entrevista
à Agência
Brasil, contou que a
maioria dos brasileiros que foram para a guerra eram pessoas humildes.
"Classe média e mais ricos eram minoria na tropa. A grande maioria era do
povo pobre do Brasil e que não sabia o que estava fazendo ali. Claro, era um
governo que estava se voltando para o Eixo [aliança formada por Alemanha, Japão
e Itália] e de repente se voltou para outro lado [aliança entre Estados Unidos,
França e Inglaterra] e também o culto ao Getulio [presidente Getulio Vargas]
que era muito forte. Eles achavam que era o Oswaldo Aranha [ministro de
Relações Exteriores do governo Vargas] quem tinha resolvido tudo com os
americanos", contou.
Boris
Schnaiderman não conhecia ninguém do seu grupo. As cartas, além de poucas e
demoradas, eram censuradas. "Não se podia dizer grandes coisas nas
cartas", apontou. Ele contou que nunca tinha passado por situação
semelhante e os momentos de alívio ocorriam no contato com os companheiros.
"A camaradagem com meus companheiros de guerra, claro, era um
conforto", acrescentou.
Naquela época,
ele sentia que tudo parecia estar destinado ao fracasso. "A impressão que
eu tinha é que íamos para um fracasso total, mas não foi o que aconteceu. Pelo
contrário, o soldado brasileiro se revelou de uma resistência fora do comum.
Isso não significa que seja um povo diferente dos outros. O que acontece é que
populações mais pobres desenvolvem uma capacidade de resistência muito maior e
foi o que aconteceu. O brasileiro se revelou. Para mim foi uma surpresa muito
grande. Eu via o brasileiro lutando de verdade. Eles que eram descrentes e não
viam motivo nenhum para a luta, depois que a coisa pegou fogo, se revelaram",
analisou.
Para o
integrante da FEB, a Segunda Guerra representou uma catástrofe e uma calamidade
para o mundo, provocada pela tensão de Adolf Hitler na Alemanha com a intenção
de dominar territórios. "Foi uma coisa terrível. Ele queria dominar e aí
houve resistência. A grande virada foi a resistência russa", indicou.
Além de alterar
a vida social das pessoas, a guerra mexeu também com o sistema político e
econômico dos países. O especialista do Centro de Pesquisa e Documentação da
História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getulio Vargas, Alexandre
Moreli, explicou que com o fim da Segunda Guerra ficou claro que aquele modelo
de ordem mundial não era correto. Segundo ele, na busca por uma saída, foi
criada a Organização das Nações Unidas (ONU) que substituiu a Liga das Nações.
"Foi um
momento de prova para o mundo em que não se podia voltar ao passado, quando as
relações internacionais eram sobretudo anárquicas. Não havia uma disposição
para que se tomassem decisões em fóruns coletivos. [Foi] a última grande prova
para mostrar para o mundo que era preciso renovar a experiência que tinha
surgido com a Liga das Nações, que depois deu origem a ONU. Os excessos da
guerra mostram que não era possível manter o conflito e que todos tinham que
sentar na mesma mesa para preservar a paz", analisou em entrevista à Agência Brasil.
Morelli afirmou
que o sistema das Nações Unidas foi criado com base na correlação de forças que
saiu da Segunda Guerra Mundial e ainda hoje, 70 anos após o término do
conflito, é difícil fazer uma reforma na instituição. "É preciso diálogo e
é por isso que a gente demora a ver uma reforma do Conselho de Segurança, onde
o Brasil tem interesse direto. Nós vamos ver as discussões sobre o futuro da
ONU, do multilateralismo e de mais democracia dentro das Nações Unidas nos anos
90. O movimento do Brasil hoje é o movimento natural da evolução do sistema
internacional que não teve correspondência na ONU, porque ela ficou congelada
durante 50 anos", ponderou.
Para o
pesquisador, apesar de não ser perfeito, porque ainda existem assimetrias de
poder dentro do organismo, a ONU, mesmo sendo muito criticada, representou um
avanço para as relações internacionais. Moreli apontou ainda como reflexos da
Segunda Guerra, a instalação de novas instituições como forma de atingir um
ordenamento da economia dos países envolvidos, desestruturados pelo
protecionismo gerado pela crise econômica da Bolsa de Nova York, em 1930.
"O clima de rivalidade também fez parte da Segunda Guerra Mundial e ao fim
dela, novas soluções foram encontradas para evitar que este o de rivalidade
econômica ressurgisse no futuro. Aí surgem o Banco Mundial e e Fundo Monetário
Internacional", destacou.