Maio Amarelo quer reduzir acidentes de trânsito

correiobraziliense //

diário de Pernambuco

Foi numa quarta-feira, 28 de março de 2012, que a cientista política Luma Nascimento foi atropelada ao tentar atravessar a Avenida Brasil, em Rio Doce, Olinda. "Um carro diminuiu a velocidade e jogou luz para eu atravessar, quando uma moto cortou pela direita e me atropelou. Com o choque, eu voei e bati com a cara no chão, abri o supercílio, levei um corte na cabeça e quebrei o punho esquerdo", lembra Luma, revelando que só sabe aquilo que parentes e testemunhas contaram, já que ela ficou dez dias sem memória por conta da forte pancada na cabeça. A preocupação em relação a casos como o de Luma são mundiais e a partir de ontem entrou em ação o Maio Amarelo. 

Em 2014, segundo o governo federal, houve uma redução de 10% no número de mortes por acidentes de trânsito. Passando de 44,8 mil em 2013 para 40,5 mil em 2014. Essa foi a maior queda desde 1998. Mesmo com a redução no número de mortes, o número de feridos em acidentes desse tipo sobe sem parar há cinco anos. Em 2013 foram 170,8 mil internações pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Números que fazem do trânsito do país um dos mais violentos do mundo.

O Maio Amarelo é um movimento de conscientização para redução de acidentes de trânsito. Segundo a iniciativa, 50 milhões de pessoas no mundo foram atingidas de alguma forma por esses acidentes e sobreviveram com sequelas. Essa seria, assim, a nona causa de morte no mundo, totalizando três mil mortes por dia em ruas e avenidas. Estimativas da Organização Mundial de Saúde alertam que, se nada for feito, serão 1,9 milhão de vidas perdidas em 2020 e 2,4 milhões em 2030.

A cientista política não ficou em coma, mas passou quatro dias no Hospital da Restauração. Ela também perdeu o dente da frente e teve que fazer e pagar tratamento tendo em vista que, segundo ela, o seguro DPVAT não cobria nem metade dos gastos. Porém, as consequências do acidente vão além dos prejuízos fixos. "Hoje, mesmo com o sinal fechado, olho entre os corredores para ver se nenhum motoqueiro vai chegar e me atropelar. Passei um bom tempo sem sair de casa", relata o trauma.

O empresário Eduardo Vasco também sofreu as consequências da falta de atenção no trânsito. Estava na moto quando um carro encostou fazendo com que o piloto perdesse o equilíbrio. "Foi desatenção completa do motorista. Eu fui trocar de faixa pela esquerda e ele não percebeu, puxando o veículo para o mesmo lado. Acabei rolando no asfalto e fraturei o punho", conta. 

Amarelou
Os números mostram que a economia é uma das mais afetadas pelos acidentes e mortes. Os acidentes têm um custo de US$ 518 bilhões por ano, o que pode ser traduzido entre 1% e 3% do PIB (Produto Interno Bruto) de cada país. O Detran-PE estará coordenando ações educativas durante todo o mês. "O movimento não acontecerá só na Região Metropolitana, mas em todo o estado. A primeira grande ação do Detran em Pernambuco será no Maio Amarelo", disse a coordenadora de educação de trânsito do Detran-PE, Luciana Carvalho.

Carlos Valle, representante do movimento em Pernambuco, alerta que a iniciativa é importante não só para o estado, mas para todo mundo. "Na verdade, o movimento foi criado para alertar toda a população, que vive o trânsito. Para alertar a população sobre o perigo que é um trânsito sem responsabilidade", explicou Valle.

As ações irão acontecer também para crianças, com palestras em escolas públicas e privadas. "O movimento é de extrema importância, porque estamos tocando em um assunto que mata muita gente, o nosso estado tem um alto índice nesse sentido. É possível fazer um trânsito melhor", disse Luciana Carvalho.