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olivia de cassia
O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) fez uma pesquisa inédita com inadimplentes e descobriu que quase um terço deles ficou com o nome sujo por causa de dívidas que não eram suas. Quinze milhões de brasileiros estão nessa situação. O resultado foi divulgado na sexta-feira (17) em rede nacional.
Segundo o estudo, dos 54 milhões de inadimplentes de todo o país, quase 30% das pessoas ficaram com o nome sujo porque emprestaram cartão de credito, abriram crediário ou fizeram empréstimo para outra pessoa.
Essa revelação apareceu num levantamento inédito feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) com 715 inadimplentes de todas as capitais, em fevereiro. A maioria emprestou o cartão de crédito para um terceiro fazer compras (74%). Essas pessoas tiveram que pagar em média R$ 2.168 para quitar as dívidas. As mulheres são as que mais fazem esse tipo de operação.
Em Maceió, Adriana Leão, por telefone, falou de uma situação que aconteceu com ela: “Meu ex-marido, na época emprestou meu cartão para duas vizinhas comprarem em várias lojas de roupas”, destaca.
Segundo Adriana Leão, uma delas pagou a conta de pedacinho, mas pagou. “A outra pagou a primeira e a segunda parcela, teve um caso com meu marido e não pagou a despesa; até hoje meu nome está sujo na praça”, conta.
INDIVIDUAL
A economista Sarah Pessoa, especialista em economia brasileira e alagoana disse que o ideal é que cada pessoa tenha seu próprio cartão de crédito e que só empreste o nome para compras a quem se tem confiança.
Segundo ela, o que vale mesmo é a confiança, a capacidade de pagamento dela e que a pessoa que emprestou o nome verifique a regularidade desses pagamentos, tenha controle sobre isso.
“O consumidor precisa ter controle básico de suas finanças, independente de ser homem ou mulher: precisa anotar quanto ganha e quanto precisa gastar; na medida do possível poupar para os imprevistos que acontecem, deixar sempre uma reserva, nem que seja mínima, de cinco ou 10 reais”, observa.
Economista aconselha a fazer planilha com previsão de gastos
A economista Sarah Pessoa, aconselha o consumidor a fazer uma previsão de quanto vai gastar no orçamento: “Se possível fazer uma planilha no computador, ou mesmo um caderninho com anotações. É preciso controle de receita e despesa, ter uma reserva, sempre, mesmo quem recebe salário mínimo”, pontua.
Sarah Pessoa enfatiza que os juros do cartão de crédito são muito altos e com o passar do tempo, esse processo de endividamento pode se agravar caso a pessoa tenha muitos cartões, fato que não é difícil de acontecer, visto que a oferta deste produto financeiro é grande.
Ela destaca ainda que a pessoa deve guardar todas as notas, “guarde e some os comprovantes de compras para controlar melhor os gastos, enquanto a fatura não chega; a cada nova dívida contraída, mais difícil vai ficando de se sair do processo. Assim, a bola de neve vai aumentando cada vez mais”, enfatiza.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
O especialista em Educação Financeira, Vinícius Novais, disse que para aqueles que ainda não estão alavancados com o uso dos cartões de crédito, a porta de saída para a saúde financeira pode estar onde menos se espera: nos empréstimos pessoais.
Segundo o advogado Mirabel Alves, mesmo com o prejuízo e a decepção que a pessoa vai ter com quem emprestou o nome e o cartão, como indicou a pesquisa, o ideal é que a pessoa que está com o nome sujo na praça pague o débito e depois tente receber da pessoa devedora.
Abecs dá algumas dicas de como usar o cartão de crédito
A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) dá algumas dicas para o consumidor usar o cartão de crédito de forma consciente: não usar o cartão como se fosse um complemento da renda ou um segundo salário; planeje suas compras e faça as contas para saber se o valor cabe no seu bolso.
“Em caso de compras parceladas, lembre-se que terá um valor do orçamento já comprometido ao longo de alguns meses; pague o valor integral da fatura do cartão de crédito na data do vencimento; estabeleça um limite real de despesas e siga rigorosamente essa meta; só use pagamento mínimo em uma emergência quando, por exemplo, você gastou a mais e não tem outra alternativa para financiar a dívida”, argumenta.