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célia perrone e rosana hessel
A lista dos envolvidos nas
denúncias de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)
mostra que os desmandos estão entranhados em órgãos estratégicos do governo,
como a Receita Federal e a Procuradoria da Fazenda Nacional, órgãos
subordinados ao ministro Joaquim Levy. Dos 24 investigados por meio da Operação
Zelotes, pelo menos 10 têm vinculação com o serviço público e vários são
parentes diretos de ex-integrantes da alta administração federal. Chama a
atenção o fato de, mesmo com as denúncias, três investigados, Meigan Sack
Rodrigues, Eivanice Canário da Silva e Paulo Roberto Cortez, ainda constarem
como integrantes do Carf. É o que mostra a lista atual do Conselho.
A grande expectativa de policiais federais e procuradores da República que
atuam nas investigações é saber como Levy lidará com as denúncias, uma vez que
o Bradesco, banco do qual ele foi funcionário até assumir a Fazenda, é acusado
de ter tentado derrubar, por meio de negociatas, dívidas de R$ 2,75 bilhões com
o Carf. Relatórios da PF mostram que o presidente da instituição financeira,
Luiz Carlos Trabuco, e dois executivos se encontraram com um participante da
quadrilha, o auditor fiscal Eduardo Cerqueira Leite, para discutir como reduzir
as multas impostas pela Receita.
Diante da revelação do relatório, o Bradesco negou a participação de seu
presidente no encontro, mas nada comentou sobre os dois executivos, Luiz Carlos
Angelotti, diretor de Relações com os Investidores, e Domingos Figueiredo de
Abreu, um dos vice-presidentes do banco. Tão encrencado quanto o Bradesco está
o Safra, que questiona a cobrança de R$ 767,56 milhões em impostos. Um dos
integrantes do Conselho de Administração do banco, João Inácio Puga, teria
acertado pagar R$ 28 milhões ao esquema para encerrar o processo questionado no
Carf.