zero hora
thamires tancredi e dimitriu ritter
Se
autoconhecimento é fundamental na vida, imagina quando se trata do nosso
próprio corpo? Por isso, o tópico da vez é talvez o órgão feminino mais cercado
de dúvidas – e de mulheres de todas as idades, viu?
Reunimos
aqui as principais curiosidades sobre ela, a vagina, que você confere
abaixo. Espia só:
1.
Tamanho
não é documento (mesmo!)
Não
são poucas as mulheres que se perguntam se a sua vulva é grande ou pequena
demais. Pois o tamanho médio da vagina é mais ou menos o mesmo de um tablete de
chocolate Prestígio – ou seja, com cerca de 8 centímetros, compreendidos entre
a vulva e o colo do útero. Quando a mulher está excitada, ela consegue quase
que dobrar de tamanho, e atinge medidas entre 10 e 15 centímetros. Quer mais? A
elasticidade do órgão é ainda mais visível no parto, quando a vagina pode ter
seu diâmetro aumentado ainda mais para o bebê nascer. E nem precisamos dizer
que ela se adapta aos diferentes tamanhos de pênis, não é?
—
A vagina é um órgão muito elástico. Durante períodos em que a produção de
hormônios é menor, como a menopausa, ela pode diminuir um pouco de tamanho
inclusive — explica o ginecologista José Geraldo Ramos, professor de
Obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
2.
Modo
viúva-negra
As
aranhas viúva-negra receberam o apelido por uma mera injustiça: a de que
prendem e devoram os machos depois da cópula. Mas, segundo especialistas, isso
não passa de um mito, pois elas não os matam. O que acontece é que o macho fica
preso a teia ou, às vezes, têm os órgãos dilacerados durante o ato e acaba
morrendo naturalmente (o que acontece depois é da conta delas!). Do mesmo modo,
há quem diga que a mulher poderia desenvolver a técnica de prender o pênis do
homem no canal vaginal – para o desespero deles. A façanha ficou conhecida como
pênis captivus, mas para o ginecologista e professor da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Naud, a prática é quase impossível.
–
Isto é mais um mito. A vagina é uma mucosa e para a mulher ser capaz de prender
um pênis, teria que ter um controle absurdo dos músculos da região da pélvis.
Teoricamente, até seria possível, mas, na prática, isto não acontece –
esclarece o ginecologista Paulo Naud.
3.
Pompoarismo: contrair e relaxar, contrair e relaxar
Exercitar
a vagina é possível (e necessário)! Para quem não conhece, o pompoarismo é o
exercício do chamado assoalho vaginal, uma complexa estrutura muscular que fica
em torno da pélvis feminina. A técnica, que foi criada na Índia e aperfeiçoada
na Tailândia, origina-se do yoga tântrico – uma filosofia comportamental que
busca o desenvolvimento do ser humano nos aspectos físico, mental e espiritual.
Para
praticar o pompoarismo, é preciso exercitar os músculos que ficam próximos do
órgão feminino. O professor da UFRGS Paulo Naud, explica que a mulher tem o
poder de contrair e relaxar essa musculatura. É tudo uma questão de exercitar.
A
técnica possui benefícios físicos comprovados, que vão desde a prevenção de
doenças (como cólicas e incontinência urinária) até a proteção contra a
flacidez vaginal. Além disso, o pompoarismo dá uma forcinha na hora do sexo.
Exercer o controle sobre o canal vaginal aumenta a libido da mulher e o prazer
do homem na hora da penetração.
:: Chega de fingir: 6 motivos que dificultam o
orgasmo feminino e como superá-los
4.
Cai ou não cai?
Você
já ouviu daquela tia uma história sobre a vagina que “caiu”? Surreal! Calma,
isso não é verdade, a vagina não cai. O que acontece é a chamada bexiga ou
útero caído, o nome popular e impreciso para designar o prolapso genital.
Isto acontece quando os músculos do assoalho pélvico (a musculatura que fica em
torno da vagina), ficam mais frágeis, causando a perda da sustentação dos dois
órgãos, que podem ceder até a região da abertura da vagina.
–
Estes órgãos, que repousam na parte superior da pélvis, na região do abdômen,
podem fazer pressão sobre a vagina quando os músculos do assoalho pélvico estão
enfraquecidos. Inclusive, podem acabar caindo na abertura da entrada da vagina
– explica o ginecologista Paulo Naud.
Segundo
o médico, a abertura da vagina – uma espécie de fenda – é uma fragilidade para
os órgãos da região do abdômen, o que não acontece com os homens que têm o
membro exposto. Casos de prolapso genital acontecem em gravidezes sucessivas,
envelhecimento, além de obesidade e certas doenças musculares. Para tratar o
problema, é necessário cirurgia para recolocar os órgãos na posição adequada e
reforço da musculatura. A dica é: pompoarismo pode ajudar a prevenir o
problema, pois reforça a musculatura!
5. O botão
mágico
Sabia
que as mulheres tem um órgão com o exclusivo intuito de proporcionar prazer?
Trata-se do clitóris, que funciona basicamente como o pênis: quando a mulher
está excitada, o fluxo sanguíneo faz com que ele aumente e “cresça”,
tornando-se mais rígido e protuberante – quase como uma ereção, sabe? Para fins
de comparação, o clitóris tem 8 mil terminações nervosas, enquanto a glande do
pênis soma cerca de 4 mil.
—
Mas a vagina em si quase não tem terminações nervosas. Ela é um dos tecidos
mais resistentes do corpo, o que faz com que a dor no parto seja minimizada —
afirma o médico José Geraldo Ramos.
7. Lisinha
ou não?
Ok,
agora a gente sabe que os pelos tem mil e uma funções, mas ainda assim muitas
mulheres optam pela depilação – e, em muitos casos, completa. A questão, claro,
divide os especialistas.
Segundo
o ginecologista Elson Almeida, do Hapvida Saúde, os pelos servem como uma
defesa para o organismo e a depilação íntima completa deixa esta região mais
exposta ao ambiente externo, aumentando a possibilidade de contaminações.
—
Com a retirada dos pelos, bactérias têm acesso livre para região interior da
pele, podendo ocasionar inflamação ou infecção, que precisará de acompanhamento
médico. O atrito direto com a calcinha e absorventes são outros fatores que
aumentam a umidificação do local, responsáveis pela proliferação de bactérias
—, explica.
Mas,
para o professor de Obstetrícia José Geraldo Ramos, a tão adorada brazilian
wax está liberada.
—
Não tem problema nenhum optar pela retirada total dos pelos. Vai da preferência
de cada mulher.
8.
Sabonete íntimo? Que nada, ela é autolimpante!
Sabe
aquele corrimento inodoro e esbranquiçado que, muitas vezes, te causa um certo
incômodo no dia a dia? Calma, ele tem uma função – e bem nobre! A secreção é
responsável por eliminar bactérias, toxinas e células mortas, o que faz a
vagina ser considerada “autolimpante”. Ou seja, não é necessário apelar para
sabonetes íntimos específicos, viu?
—
Aliás, quem faz lavagem vaginal com buchas apresenta mais riscos de desenvolver
infecções. O mesmo vale para sabonetes íntimos, que podem retirar a proteção
natural do órgão. O banho diário já é o suficiente — aconselha o ginecologista
José Geraldo Ramos.
Se
for sabonete com pH natural (tipo os infantis!), melhor ainda!
9. Qual a
semelhança entre o iogurte e a vagina?
Sabe
como se faz iogurte? O leite passa por um processo de fermentação no qual uma
bactéria é usada: os lactobacilos. E essas bactérias também estão presentes na
vagina – e são importantíssimas para a saúde do órgão. Sim, é isso mesmo. Isto
porque elas são responsáveis por metabolizar o glicogênio e produzir o ácido
lático, que faz com o pH da vagina diminua, protegendo o órgão da proliferação
de outras bactérias que podem causar infecções.
–
Na fase reprodutiva da mulher, os lactobacilos protegem a vagina de infecções.
Com a menopausa, essas bactérias desaparecem – explica o ginecologista e
professor da UFRGS, Paulo Naud.
O
tipo de lactobacilo utilizado na indústria é diferente. No entanto, uma
cientista da Universidade de Winsconsin, nos Estados Unidos, criou um iogurte
produzido a partir de secreções da própria vagina (ECA!). A história repercutiu
nas redes sociais depois que Janet Jay escreveu um artigo, publicado no site da
revista VICE, chamado “How to make breakfast with your
vagina” (Como
fazer o café da manhã com a sua vagina, em tradução livre), contando como a
amiga havia feito o produto. “Ficou azedo e com um aroma especial, deixando um
leve formigamento na língua”, dizia o artigo. Mas que fique claro que ingerir
bactéria vaginal é uma má ideia, ok?
10. Alô,
bisturi!
É
para lá de normal ter um lábio vaginal maior do que o outro, sabia? Apesar de
comum, a característica incomoda muitas mulheres, que buscam na cirurgia
plástica a remodelação do órgão. E a labioplastia é cada vez mais procurada,
sabia? Durante o procedimento, o médico retira o excesso de pele de lábios
volumosos demais, por exemplo. Há também quem opte pela lipoaspiração do Monte
de Vênus – exatamente, aquela região mais “gordinha” da vagina. Vale frisar que
todos, salvo exceções, são procedimentos puramente estéticos.
—
Há muita procura de plásticas vaginais, mas não há estudos a médio nem longo
prazo que comprovem que essas técnicas são seguras. Há até uma técnica a laser
em que são retiradas as rugas da vulva, que não é liberada para o uso
rotineiro. Ainda há muitas restrições — alerta o professor de Obstetrícia da UFRGS
José Geraldo Ramos.
—
O que noto, e não só no Brasil, é que existe uma tendência a exagerar nas
indicações de cirurgia. Óbvio que há casos em que elas são necessárias, como em
casos em que o parto deixa uma cicatriz defeituosa, mas a prática está excessiva
— completa.
Ou
seja, pense duas vezes (ou mais!) antes de se submeter a um procedimento
puramente estético. Conversar com seu médico de confiança é sempre a melhor
opção.