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omar coelho
Minha
Carta de Desfiliação ao DEMOCRATAS
Esperava
do partido, que se apequena a cada eleição, um mínimo de interesse em ter mais
um representante no Senado da República ou, ao menos, uma demonstração robusta
e incondicional de solidariedade.
Ontem,
30, encaminhei meu pedido de desfiliação ao DEMOCRATAS.
Segue
seu inteiro teor,
Estimado
Presidente José Thomaz Nonô,
Há
dez anos ingressei no Democratas, único partido no qual militei até hoje.
Quando optei por filiar-me, o fiz em razão da experiência adquirida em seis
anos de atuação no Congresso Nacional, lutando em prol da Advocacia Pública.
Por conta de uma atuação tida por bem sucedida, vários companheiros daquela
caminhada classista entenderam que deveríamos ter um representante no campo da
política partidária, para não ficar apenas na mendicância de apoio perante
parlamentares, nem sempre obtido.
Naquela
época, tive a honra e o prazer de conversar com todos os partidos, que abriram
espaço para a nossa participação, mas resolvi escolher o Democratas, por nosso
bom laço de amizade, por ser seu eleitor e por reconhecer no então PFL o grande
responsável pela abertura política, quando da criação da Frente Liberal, fato
esse que, a meu ver, foi muito pouco explorado pelo partido, que preferiu ser
coadjuvante e deixar o PSDB na condição de protagonista.
Quis
a generosidade do destino que eu viesse a presidir a OAB/AL por dois mandatos
consecutivos (2007/2012), com excelente índice de aprovação atestado pelas
pesquisas da época, mas me deixou um pouco afastado da vida partidária, vida
esta que me parece ser algo distante da nossa entidade, um partido que não vive
ativamente no seio da sociedade, fazendo isso de modo temporário, apenas nos
períodos das eleições.
Completados
meus mandatos, voltei-me para a política partidária, contando com seu
considerável incentivo para disputar o cargo de deputado federal ou estadual, o
que terminou não acontecendo; tendo havido ainda uma cogitação para o cargo de
vice-governador na chapa do senador Benedito de Lira, mudada às vésperas da
convenção, na qual fui indicado para disputar a vaga ao Senado Federal.
Nesse
processo, nem todos os planos pensados se materializam, a exemplo da sua candidatura
ao governo, tão esperada por muitos de nós, cuja não-consolidação deu à
minha primeira incursão no espaço eleitoral público um ar de solidão e de
consequente abandono. Esperava do partido, que se apequena a cada eleição, um
mínimo de interesse em ter mais um representante no Senado da República ou, ao
menos, uma demonstração robusta e incondicional de solidariedade.
Não
tive, nem do partido; nem da coligação, o apoio necessário para disputar uma
eleição majoritária contra dois oponentes já escolados da política nacional,
figuras expressivas e há tempos na vida pública. O que poderia ser uma
tragédia, no entanto, graças a Deus e à bondade de milhares de alagoanos (57
mil em Maceió e 80 mil no interior), tive uma votação significativa (137.237
votos), isso sem haver posto um mísero cavalete nas ruas, sem bandeiras e com
apenas dez placas, disponibilizadas na última semana de campanha, somadas a
alguns cartazes em lona com o candidato Aécio Neves, sem a menor estrutura para
colocação, em razão dos altos custos de uma eleição.
Percebi,
com tristeza, que partido político e coligação, infelizmente, são meios
ilusórios de se pensar ideologicamente, pois o que prevalece são interesses
financeiros e pessoais. O jogo nocivo de interesses é a tônica que move as
peças no tabuleiro político, enquanto fica em último plano o que deveria ser o
essencial: a busca do bem comum, conduzida por propostas de valor e factíveis.
Ademais,
essa noticiada fusão com o PTB é pra mim algo impensável,de impossível
aceitação, demonstrando não haver identidade ideológica na questão, mas apenas
interesses menores, inconfessáveis e condenáveis.
Não
quero transformar minha Carta de Desfiliação em um mar de lamentações, muito
menos em um manual de como deve ser a política com P maiúsculo. Mas não posso
deixar de frisar que sou um idealista, e de reafirmar que continuo acreditando
que poderemos mudar essa realidade pautada por atos que revelam pobreza de bons
propósitos e de espírito público, o que segue acarretando frustração aos cidadãos
e cidadãs de bem deste nosso Brasil.
Por
acreditar que é possível lutar por um novo tempo, uma nova realidade, peço-lhe
formalmente meu desligamento do Democratas, requerendo que sejam tomadas as
medidas administrativas cabíveis para a devida baixa de minha ficha de
filiação, junto ao TRE/AL, bem como do cargo que ocupo na executiva municipal,
para que eu possa definir novos rumos para minha vida política, a fim de seguir
lutando contra os “moinhos de vento” que porventura surjam adiante, com a
serenidade dos que acreditam que “o caminho se faz ao caminhar”.
Agradeço
com extremas gratidão e sinceridade a todos os integrantes do Democratas, desde
a Dona Rita, com seu cafezinho, até o nosso presidente José Thomaz Nonô.
Cordialmente,
Maceió,
30 de março de 2015.
Omar
Coêlho de Mello