correiobraziliense
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simone kafruni
Sem
condições de absorver o aumento dos custos, por conta da alta do dólar e das
tarifas de energia, a indústria de massas, biscoitos, pães e bolos vai
reajustar os produtos em 8%, em média, para o varejo. A medida deve ter um
efeito cascata que vai alcançar o bolso dos consumidores. Isso porque, também
pressionado por despesas cada vez mais elevadas, o comércio deve repassar o
aumento dos derivados de trigo para os preços das mercadorias nas prateleiras
de supermercados e padarias.
Conforme
o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas
Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), Cláudio Zanão, o Brasil
produz menos da metade do trigo consumido no país e precisa importar grandes
quantidades de farinha de países do Mercosul, sobretudo da Argentina, do Canadá
e dos Estados Unidos. Com a alta do dólar, que se valorizou 24% este ano, o
custo de produção disparou e está anulando as margens de lucro das empresas do
setor.
“Nas
massas, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 40%, e nos pães e
bolos, de 30%. Qualquer variação do preço do trigo tem impacto no setor”,
destacou Zanão. Além da alta do dólar, a indústria alimentícia se ressente dos
reajustes de energia elétrica e do efeito da alta do diesel no custo dos fretes
para transporte das mercadorias. “Este ano, tudo está aumentando muito, até as
embalagens estão mais caras”, disse o presidente da Abimapi.
O aumento dos derivados de trigo vai se somar a tantos outros que desagradam
aos consumidores. “Subiu o preço de tudo”, lamentou a estudante Maria Laura
Gonçalves, de 22 anos. Em casa, ela acredita que os maiores gastos são com a
conta de luz e com a alimentação, e vem cortando alguns produtos. “O ovo de
Páscoa vai ficar para o ano que vem”, disse. “Está tudo muito mais caro que no
ano passado. Tem coisa que nem compensa mais comprar”, disse a tecnóloga de
alimentos Cecília Fernandes, 24 anos. Para driblar os preços altos, além de
gastar menos com supérfluos, ela evita usar o carro.