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ana escobar
O
consumo social de álcool faz parte da vida das pessoas. Um bom vinho
“harmoniza” um bom jantar; uma cerveja com os amigos, junto com o futebol na
TV, é imperdível; um chope no fim de um dia de trabalho relaxa o estresse; um
réveillon sem champanhe é impensável. A bebida, portanto, acompanha momentos
especiais na vida de todos.
Os problemas começam a acontecer quando os limites do
tolerável são ultrapassados.
Não nos devemos esquecer que o álcool é uma droga.
Como tal, pode levar à dependência, à doenças graves e fatais, que matam
lentamente. Dependendo da dose ingerida, pode também matar pessoas saudáveis
agudamente. Foi exatamente isso que recentemente aconteceu com um universitário
de 23 anos que faleceu após ingerir, em poucas horas, 30 doses de vodca.
Além disso, o álcool pode
ocasionar situações de igual gravidade em pessoas, adultos ou crianças, que não
beberam uma só gota de álcool. Para isso, basta que um alcoolizado pegue a
direção de um carro e saia andando por aí, facilitando um acidente que pode ser
fatal para quem cruzar o seu caminho.
Cada bebida tem caracteristicamente um teor alcóolico maior ou menor.
Entende-se por teor alcoólico a porcentagem de álcool medida em 100 ml de uma
bebida. Assim, a vodca, por exemplo, é das que mais tem álcool: em torno de
45%; uísque e aguardente tem em torno de 43%; a caipirinha, 20%; o vinho, uma
média de 9 a 14% e a cerveja e o chope são os que menos teor tem: em geral
menor que 5%. Claro que estes valores são médios e podem variar de acordo com a
marca do produto.
Mas álcool é álcool. Por isso, independentemente da forma e do nome com que é
consumido, no corpo vira etanol. E vai exercer seus efeitos. Em todas as
pessoas.
O etanol é metabolizado no fígado, que é o “laboratório” do organismo. Para que
se tenha uma ideia, todo o produto de nossa digestão sai do intestino e vai
para o fígado que direciona, armazena, ordena e libera os nutrientes quando
necessário. Um laboratório em escala industrial, que funciona vinte e quatro
horas por dia, ininterruptamente, desde os primórdios da vida no útero materno
até o último suspiro. A metabolização do etanol ocupa “espaço” nesta complexa
variedade de funções que tem o fígado. Resultado: outras funções são
prejudicadas.
Enquanto o fígado trabalha, o
etanol em excesso circula e o cérebro é um dos órgãos mais acometidos. O
raciocínio embota. As atitudes se tornam extremas. Perde-se a razão. Faz-se
coisas das quais não é possível lembrar depois. E várias delas causam
constrangimento, vergonha ou, o que é pior, podem ser fatais para a própria
pessoa ou para quem está perto dela.
Por isso, o consumo exagerado não é obviamente aconselhável para ninguém. Cada
um deve saber qual é quantidade segura de cada bebida que consome. Importante
saber que uma pessoa é diferente da outra. Cada organismo é próprio,
individual, tem seu DNA único. Cada um deve, portanto, saber de si.
Exames médicos regulares, que
mostram se a função hepática está ou não comprometida, são essenciais para
todos os que gostam de beber, ainda que socialmente, independentemente da
quantidade e da bebida ingerida. Há os que tomam uísque e estão com o
fígado em ordem há os que tomam cerveja e necessitam de orientações
médicas.
Não há, portanto, uma quantidade “segura”. Cada um é um.
Conheça-se, entenda-se melhor e respeite-se. Se for beber, faça-o com
inteligência.