g1 //
mariana lenharo
Não há evidência científica
de que a homeopatia seja eficaz contra qualquer problema de saúde. De acordo
com uma extensa revisão de estudos promovida pelo Conselho Nacional de Saúde e
Pesquisa Médica da Austrália, a homeopatia não deve ser usada para tratar
problemas de saúde crônicos ou graves.
“Pessoas que escolhem a
homeopatia podem colocar sua saúde em risco se rejeitarem ou postergarem
tratamentos para os quais há evidências de segurança e eficácia”, diz o
documento, divulgado pelo governo australiano este mês.
A homeopatia é um tratamento
alternativo e complementar baseado na premissa de que as substâncias que
provocam doenças também podem, quando usadas em doses muito pequenas, tratar
sintomas dessas mesmas doenças.
Para chegar à conclusão sobre
a ineficácia dos tratamentos homeopáticos, o órgão levou em conta 57 revisões
sistemáticas que testaram a homeopatia em comparação a placebo ou a outros
tratamentos. Ao todo, as revisões incluíram 176 estudos individuais.
Esses estudos avaliaram a
eficácia da homeopatia para tratar 55 problemas de saúde diferentes, entre os
quais asma, dor de cabeça, fibromialgia e sinusite. Entre os estudos de boa
qualidade e com um número suficiente de pacientes para ter um resultado
significativo, nenhum reportou que a homeopatia tenha resultado em uma melhora
maior do que a obtida com placebo.
Outro lado
O médico Rubens Dolce Filho, um dos diretores da Associação Médica Homeopática
Brasileira (AMHB) observa que é difícil reunir evidência científica sobre a
eficácia da homeopatia por causa da falta de financiamento de pesquisas na
área. “Os órgãos fomentadores criam uma série de obstáculos. Não vamos criar
evidência nunca porque tem a questão econômica”, diz o homeopata.
Outro fator que torna difícil
a elaboração de estudos sobre a homeopatia, segundo Dolce Filho, é o fato de o
tema não ser abordado nas faculdades de medicina. “Para se fazer ciência, tem
que ter cientista. Como vamos criar cientistas com pensamento homeopático se a
homeopatia não é ensinada na universidade?”, diz Dolce Filho.