terra //
patrícia zwipp
As descobertas
sobre HIV e aids não param. Enquanto autoridades do setor da saúde de Cuba
identificaram pacientes infectados com uma variação do vírus que desenvolve a
doença com mais rapidez, em apenas três anos, cientistas do Jupiter, campus da
Flórida do Instituto de Pesquisa The Scripps (TSRI), anunciaram a descoberta de
um agente anti-HIV tão poderoso que pode virar vacina. A amfAR, Fundação para
Pesquisa da aids, por sua vez, lançou a ação “Contagem Regressiva para a Cura”,
projetada para investir US$ 100 milhões em pesquisas voltadas para o tratamento
durante os próximos seis anos. Em meio a tantas novidades, muitos mitos sobre o
assunto ainda pairam na cabeça das pessoas. A seguir, desvende 15 deles:
Aids e HIV são a mesma coisa
O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da aids (Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida). No entanto, há muitas pessoas soropositivas
(com o vírus) que vivem durante anos sem desenvolver a síndrome e apresentar
seus sintomas, como febre prolongada, emagrecimento, falta de apetite, cabelo ralo, como informou o infectologista Munir Akar Ayub, professor da
Faculdade de Medicina do ABC.
O HIV pode ser transmitido por meio do
contato com saliva, suor e lágrimas
O HIV não é um vírus fácil de passar de uma pessoa para outra como a gripe,
afirmou o epidemiologista Greg Millett, vice-presidente e diretor de Políticas
Públicas da amfAR. Não houve registro de casos de transmissão por contato com
saliva, lágrimas ou suor. O vírus pode ser transmitido no ato sexual ou no
compartilhamento de agulhas e seringas com alguém que tem HIV.
O portador de HIV tem de separar todos
seus pertences pessoais dos de seus familiares
O vírus pode ser transmitido pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e leite
materno. Dessa forma, a convivência deve ser normal, sem que haja a necessidade
de separar os pertences, mas não compartilhe objetos perfuro-cortantes, como
informou o infectologista Ayub.
O vírus é transmitido apenas em
relações sexuais
O HIV também pode passar com o compartilhamento de seringas e agulhas,
transfusão de sangue contaminado, reutilização de objetos perfuro-cortantes com
presença de sangue ou fluidos com o vírus e durante o parto normal.
Ter relação sexual sem camisinha com
alguém infectado significa 100% de chance de contrair o vírus
A relação sexual sem camisinha com alguém infectado oferece 0,3% de risco de
contrair o vírus, como disse o médico Ayub. “Se tem uma segunda relação, sobre
para 0,6%; uma terceira, para 0,9%, e assim por diante.” Segundo ele, a chance
realmente é baixa em um único procedimento de risco. “A grande maioria dos
casos tem várias exposições ao vírus”, explicou o médico da Fundação ABC. Em
casos de estupro, afirmou, a pessoa fica sensibilizada e o risco é maior. “A
chance de contágio é maior porque a relação ocorre sem consentimento e,
portanto, o traumatismo local com pequenas lacerações de pele aumenta a
possibilidade de transmissão viral.” As possibilidades baixas, porém, não são
desculpa para se arriscar e fazer sexo sem preservativo.
HIV não pode ser transmitido durante o sexo oral
A transmissão do HIV ocorre quando há uma troca de fluidos corporais (como
sêmen, fluidos vaginais, leite materno, sangue ou fluidos pré-ejaculatório) e
isso é possível durante o sexo oral, quando há feridas abertas como cortes ou
machucados na boca ou gengiva ou infecções na garganta ou na boca que estejam
inflamadas, informou Millett.
Não há necessidade de usar preservativo
durante o contato sexual se ambos os parceiros já têm HIV
Existem diferentes variedades de HIV e, se o preservativo não é usado durante o
contato sexual, os parceiros infectados pelo HIV podem trocar diferentes tipos
de HIV. Isso pode fazer com que o tratamento do HIV fique mais difícil e o
vírus pode se tornar mais resistente ao tratamento atual, segundo Millett.
Não corro risco de contrair HIV
Qualquer pessoa pode ter a doença, desde que tenha comportamentos de risco,
como relação sexual (homo ou heterossexual) com pessoa infectada e sem o uso de
preservativos; compartilhamento de seringas e agulhas; transfusão de sangue
contaminado pelo HIV; reutilização de objetos perfuro-cortantes com presença de
sangue ou fluidos com o vírus.
Segundo o infectologista Ayub, no começo da epidemia, pelo fato de a aids
atingir principalmente os homens homossexuais, os usuários de drogas injetáveis
e os hemofílicos, quem fazia parte desse grupo era considerado grupos de risco.
Atualmente, fala-se em comportamento de risco, já que o vírus passou a se
espalhar de forma geral, sem se concentrar em grupos específicos.
Sou monogâmico, não preciso ser testado
A menos que você esteja 100% certo de que você e seu parceiro são HIV
negativos, a monogamia não é garantia. Se você é HIV negativo e está em um
longo relacionamento monogâmico com outra pessoa que é HIV negativa,
praticamente elimina o risco de contrair o HIV. Mas a menos que você tenha
feito o teste, não há garantia de que qualquer um de vocês esteja livre do HIV,
explicou Millett.
Na minha idade, não preciso me
preocupar com o HIV
No Brasil, a infecção pelo HIV está crescendo entre os jovens de 15 a 24 anos
de idade. A taxa de pessoas nessa faixa etária com HIV aumentou 34% desde 2004,
como informou Millett. Além disso, as pessoas com mais de 50 anos fazem parte
do grupo de mais rápido crescimento de infectados pelo HIV nos EUA, o que
representa 15% dos novos casos de acordo com Centro de Controle de Doenças.
Se meu teste der negativo, as minhas
preocupações acabaram
Se você está fazendo sexo sem proteção com um parceiro que é HIV positivo ou
cujo estado é desconhecido por você, precisa fazer o teste regularmente. Pode
demorar algumas semanas ou mesmo meses para os anticorpos anti-HIV alcançarem
níveis detectáveis, de acordo com Millett. E cada vez que há uma pequena chance
de ter se exposto ao risco, é necessário fazer outro teste.
Toda criança que nasce de mãe com HIV
tem o vírus
Bebês que nascem de mães soropositivas têm 17% de chances de serem contaminadas
caso a mulher não tome as medidas de prevenção necessárias, disse o
infectologista Ayub. Quando as segue à risca, a possibilidade cai para 0,5%.
Durante o
pré-natal, toda gestante tem o direito e deve realizar o teste de HIV. Quando o
problema é identificado, entre as recomendações estão o uso de drogas
antirretrovirais, o parto cesariano e a suspensão do aleitamento materno,
substituindo-o por leite artificial (fórmula infantil) e outros alimentos,
conforme a idade da criança. “No parto normal, o filho tem contato com a
secreção da vagina, o que aumenta o risco de transmissão”, explicou Ayub.
Posso dizer se alguém é HIV positivo
apenas olhando para ele
As pessoas podem ter HIV por mais de 10 anos sem apresentar sinais ou sintomas,
mencionou o vice-presidente e diretor de Políticas Públicas da amfAR. Mesmo se
um parceiro parece saudável, é importante saber o seu estado sorológico.
Fazer tratamento com os coquetéis impede totalmente a manifestação da
doença
O tratamento impede em boa parte dos casos. Mas, às vezes, os medicamentos
podem não ter o efeito esperado em determinados pacientes ou o portador começa
a tomá-los muito tarde e torna mais difícil o processo, explicou Ayub.
O coquetel oferecido após caso de abuso
sexual elimina as chances de contrair HIV
O coquetel não impede por completo, mas diminui muito o risco: cerca de 90%,
como informou o infectologista Ayub.