30/09/2025 11:17:26

Alagoas Violência
08/03/2015 08:49:57

Programa da reconstrução aumenta áreas de tráfico em Alagoas

Programa da reconstrução aumenta áreas de tráfico em Alagoas
Ilustração

gazetaweb //

mauricio gonçalves

 

O tempo fechou. Em 18 de junho de 2010, o céu desabou sobre as cabeceiras dos rios Mundaú e Paraíba. Caiu também sobre milhares de cabeças que ficaram sem chão. Foi a cheia. Quase um dilúvio. Arrastou vidas, tetos e sonhos. O mundo não se acabou, mas mudou bastante para as vítimas do flagelo. As cidades atingidas pelo pior desastre “natural” da história de Alagoas hoje vivem um novo drama, com nome e sobrenome: chama-se Programa da Reconstrução.

O vocábulo inventado pelo marketing do governo de hoje soa estranho, parece mais uma ironia diante da Babilônia em que se transformaram os conjuntos populares, da reconstrução após a enchente. Sem emprego, renda, lazer, educação, saúde, esporte, água, saneamento ou qualquer presença do Estado, os “contemplados” vivem uma enxurrada diária de problemas, sob a ameaça dos raios e trovões da violência, ilhados pelo transbordamento da criminalidade.

As forças policiais constatam que os conjuntos construídos ajudaram a expandir o raio de atuação do tráfico de drogas. As fronteiras do crime e o público consumidor aumentaram. Quando o então presidente Lula desceu de helicóptero sobre os escombros de União dos Palmares, anunciou que a pátria deveria financiar a criação de outras cidades, afastadas dos rios, para não sofrerem com novas cheias. A ideia era boa, mas sua execução (em parceria com o governo de Alagoas e as prefeituras) até hoje é desastrosa. O consórcio entre tucanos e petistas mostrou o que o Brasil tem de pior na administração pública.

Depois da enchente, um mar de casas construídas domina a paisagem de municípios como Rio Largo, Atalaia, Murici, Branquinha, União dos Palmares, Santana do Mundaú e tantos outros. Poderia ser a visão do paraíso, um símbolo de redução no deficit habitacional, de justiça social, uma moradia digna para os desabrigados. Mas basta entrar um pouco nestes novos aglomerados urbanos para perceber que a promessa de uma vida melhor ficou apenas no discurso e na propaganda.