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eliane aquino
A
igreja de São José, em São José da Laje, está ameaçada de ser descaracterizada.
Algumas mudanças já foram feitas e agora há um projeto para se trocar o piso e
se retirar a histórica bia batismal. Um absurdo. A igreja é um dos poucos
monumentos históricos ainda existentes na cidade. A sua preservação transcende
a questão religiosa e exige do poder público local uma posição.
É
uma construção em estilo barroco, inaugurada há 86 anos. Tem para o município
um valor cultural na origem de suas raízes históricas. Deve-se, ao
contrário de se mutilar a obra, restaurar o que é preciso, como vários de seus
antigos vitrais que estão depredados, por exemplo.
Não
se pode questionar a necessidade da Igreja em abrir espaços e condições para
seus rituais religiosos. Inegável que o local tornou-se pequeno ao longo dos
anos para atender a demanda da religião e a espiritualidade não pode ser
colocada de lado. Faz parte, igualmente, da cultura e da história de um povo.
Não seria diferente em São José da Laje.
Mas
é preciso se pensar em alternativas, como a construção de um novo templo, com
total capacidade para contemplar as necessidades de hoje, e que o atual possa
ser conservado como Patrimônio da cidade, num entendimento entre Igreja e
sociedade, Afinal, é esse o tema que a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) trata este ano, na sua Campanha da Fraternidade: aproximar a
igreja das pessoas, dialogar mais, unir mais.
Porquanto,
não vale qualquer intolerância no sentido de que, aos lajenses, cabe a luta de
sua cultura, de sua história.
Disseram-me
alguns lajenses que será feito um manifesto e entregue ao Arcebispo Dom Antônio
Muniz. Não haverá nele nenhuma intenção de confronto com a Igreja. Ao
contrário, será, na verdade, um apelo em favor da cultura local, em defesa de
um entendimento. O que é legítimo.
Espera-se
bom senso na preservação do monumento.