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sociedade brasileira
de pediatria
Como criar nas crianças atitudes positivas frente aos alimentos e à alimentação? Como encorajar a aceitação da necessidade de uma alimentação saudável e diversificada? E como fazê-la desenvolver hábitos alimentares saudáveis?
• Horário para refeições: criar
o hábito do café da manhã, almoço e jantar em família certamente irá melhorar o
relacionamento familiar, além de propiciar um modelo de comportamento para os
filhos. Ninguém vai obrigar o filho a tomar suco de laranja e ao mesmo tempo
servir-se de um refrigerante.
• Contexto familiar, atitudes e
estratégia dos pais: as crianças aprendem a respeito do alimento não
somente por suas experiências, mas também observando os outros. A família
fornece amplo campo de aprendizagem, no qual a alimentação se torna um dos
principais focos de interação entre pais e filhos. Os pais e familiares devem
cuidar para não criar um ambiente propício à alimentação excessiva ou um estilo
de vida sedentário. Pais que comem demais, muito rápido ou ignoram os sinais de
saciedade oferecem um pobre exemplo aos seus filhos.
• Coação e Punição. Estudos sugerem que os alimentos com baixa palatabilidade (como os vegetais) são oferecidos normalmente envolvendo coação e punição para a criança comer. Já os alimentos ricos em açúcar, gordura e sal são oferecidos em um contexto positivo (como recompensa ou em festas), aumentando a preferência por estes. Na medida em que as crianças são pressionadas a comer um determinado alimento que os pais acreditam ser bom para elas, diminui a sua preferência por aquele alimento rico em açúcar e gorduras.
• Sensação da fome e saciedade. Come, come, come... até quanto? Quem determina quanto? Meio prato ou um prato? A criança precisa desenvolver os sentidos de fome e saciedade. Por exemplo, quando a criança fala que não quer mais comer porque está satisfeita, e os pais dizem “termine o que está no prato”, fica claro para a criança que a sua sensação de saciedade não é relevante para a quantidade de comida que ela precisa consumir.
• Exposições repetidas aos
alimentos de forma divertida e educativa. Não desanime com uma primeira
reação negativa ao alimento. Ofereça o mesmo alimento em outra apresentação.
Por exemplo: espinafre refogado ou omelete de espinafre ou torta de espinafre
ou quiche de espinafre com ricota. Use sua criatividade.
• Mídia, propaganda e amizades.
A tendência das preferências alimentares das crianças conduz ao consumo de
alimentos com quantidade elevada de carboidrato, açúcar, gordura e sal, seguido
de baixo consumo de vegetais e frutas. Essa tendência é originada na
socialização alimentar da criança e, em grande parte, depende dos padrões da
cultura alimentar do grupo social ao qual ela pertence.
• Autoridade, regras e limites. Nunca substitua uma refeição por mamadeiras ou alimentos fora do contexto, como bolos, biscoitos e chocolates. Esses alimentos, além de não fornecerem todos os nutrientes desejados, irão saciar a fome da criança e prejudicar seu apetite para a próxima refeição. Criança com fome come!
Algumas dicas
• Muita cor e diversão. Ofereça à
criança cardápios coloridos e servidos de forma divertida. Você pode criar
desenhos ao servir a comida no prato.
• Tolere um pouco de "bagunça" à mesa. Deixe a criança pegar os alimentos com a mão e brincar com eles. Com esse comportamento, ela desenvolve uma atitude de cumplicidade com o alimento. Na fase pré-escolar ela está aprendendo a usar os cinco sentidos e os alimentos são uma boa e saudável fonte de descobertas.
• Brinque, você também, com a comida. Se seu filho já cresceu um pouquinho, leve-o para a cozinha e mostre como cozinhar pode ser divertido. Faça pratos coloridos e monte formas variadas como bolinhos, tortas, enrolados, panquecas e por aí vai. Solte a sua imaginação!
• Receitas para variar o cardápio.
Misture alimentos que a criança gosta com outros que ela ainda não conhece.
Alguns pratos normalmente fazem a alegria das crianças e ajudam a diversificar
as refeições: omeletes servidas com seleta de legumes e arroz; as tradicionais e
saborosas tortas de liquidificador, recheadas com carne ou frango e quatro
tipos de legumes; panquecas recheadas com carne moída, mandioca cozida e
picada, vagem em tiras e tomates em cubos (depois de enroladas, polvilhe queijo
ralado e gratine no forno).
• Fazer boas escolhas alimentares é um
processo complexo e tem consequências a curto e longo prazo para a saúde. Não é
fácil, mas uma educação alimentar bem feita na infância fará de seus filhos
adultos mais saudáveis, vivendo com mais qualidade.