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rebecca morelle
Uma descoberta feita por
astrônomos amadores que passam horas estudando Marte deixou cientistas com a
pulga atrás da orelha.
Descoberta pela primeira vez em 2012, uma espécie de
névoa apareceu orbitando ao redor do planeta apenas uma outra vez e depois
desapareceu.
Ao analisar imagens da misteriosa neblina, os cientistas
da Agência Espacial Europeia descobriram que ela é a maior já vista e se
estende por mais de 1.000 quilômetros.
Em artigo publicado na revista Nature, eles dizem que a
pluma poderia ser uma grande nuvem ou uma aurora excepcionalmente brilhante.
Mas deixam claro que ambas as hipóteses são difíceis de serem comprovadas.
"Essa descoberta traz mais perguntas do que
respostas", disse Antonio Garcia Munoz, cientista da Agência Espacial
Europeia.
Telescópios
Em todo o mundo, uma rede de astrônomos amadores mantém
seus telescópios calibrados para analisar o “planeta vermelho”.
Eles viram essa misteriosa formação pela primeira vez em
março de 2012, logo acima do hemisfério sul de Marte.
Damian Peach foi um dos primeiros astrônomos amadores a
capturar imagens do fenômeno.
"Eu notei essa formação saindo ao lado do planeta,
mas eu primeiro achei que havia um problema com o telescópio ou câmera”, disse.
"Mas, à medida que eu ia verificando as imagens de
perto, percebi que era algo real - e foi uma grande surpresa."
A neblina brilhante durou cerca de 10 dias. Um mês mais
tarde, ela reapareceu e perdurou o mesmo período de tempo. Mas nenhuma formação
do tipo não foi vista desde então.
Nuvens
Os cientistas que comprovaram o fenômeno buscam agora uma
explicação para ele, mas, por enquanto, só têm hipóteses.
Uma teoria é a de que a névoa é uma nuvem de dióxido de
carbono ou partículas de água.
"Sabemos que há nuvens em Marte, mas até hoje elas
foram observadas apenas até uma altitude de 100 km", disse Garcia Munoz.
Segundo ele, a misteriosa névoa está bem acima dessa
altitude, o que coloca em xeque essa possibilidade.
Outra explicação é a de que esta ela é uma versão local
das auroras polares.
"Nós sabemos que nesta região em Marte nunca foram
relatados auroras antes”, disse Muñoz. “Além disso, a intensidade registrada
nessa névoa é muito, mas muito maior do que qualquer aurora já vista em Marte
ou na Terra.”
Para o cientista, se qualquer uma dessas teorias estiver
certa, isso significaria que a nossa compreensão da atmosfera superior de Marte
está errada.
Ele espera que, ao publicar o estudo, outros cientistas
também colaborem com explicações para o fenômeno. Mas, se isso não ocorrer, os
astrônomos terão de esperar para as névoas retornarem à Marte.
Fotos de telescópios ou naves que estão atualmente em
órbita ao redor do planeta também podem ajudar a desvendar esse mistério.