bbcbrasil //
O uso de 'skunk' - um tipo de maconha mais forte -
triplica o risco de psicose, segundo estudo de uma universidade britânica.
Cientistas do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e
Neurociência do King's College de Londres apontaram também que o risco de
psicose é cinco vezes maior entre usuários diários de maconha do que entre
pessoas que não consomem a droga.
Por outro lado, o uso de haxixe, uma forma mais branda da
maconha, não aumenta o risco de psicose, disse o estudo, que acompanhou 780
pessoas.
A psicose refere-se a delírios ou alucinações que podem
estar presentes em certas condições psiquiátricas, como esquizofrenia e
transtorno bipolar.
"Em comparação com aqueles que nunca tinham
experimentado maconha, usuários de maconha do tipo 'skunk', mais potente,
tiveram um risco três vezes maior de psicose", disse Marta Di Forti,
coordenadora da pesquisa.
"O risco de psicose em usuários de maconha depende
da frequência do uso e da potência da droga."
O 'skunk' contém mais THC (tetrahidrocanabinol) do que
outras variações da cannabis, principal ingrediente psicoativo da
maconha. Já o haxixe contém quantidades substanciais de outro produto químico
chamado canabidiol, ou CBD.
Pesquisas sugerem que o CBD pode agir como um antídoto
para o THC, contra-atacando os efeitos colaterais psicóticos.
'Salvando usuários'
Robin Murray, professor de pesquisa psiquiátrica do
King's College, disse que "o trabalho sugere que poderíamos evitar quase
um quarto dos casos de psicose se ninguém fumasse cannabis de alta
potência".
"Isso pode salvar pacientes jovens e economizar
dinheiro do sistema de saúde."
Marta Di Forti pediu que seja adotada uma "clara
mensagem pública" sobre os riscos da maconha mais forte. Ela também
sugeriu que os médicos perguntem aos seus pacientes sobre seus hábitos de uso
da droga, como já acontece no caso do álcool e tabaco.
A pesquisa foi realizada ao longo de vários anos e comparou 410 pacientes com idades entre 18 e 65 anos, que relataram um primeiro episódio de psicose num hospital psiquiátrico do sul de Londres, com 370 participantes saudáveis na mesma faixa etária e da mesma área de Londres.
O relatório será divulgado nesta semana na publicação
científica The Lancet Psychiatry.