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Mais de 90% dos carros
produzidos no Brasil atualmente são Flex. Mas se você tem um veículo movido
somente a etanol ou a gasolina e pensa em fazer a conversão de combustível, é
bom ter claro que essa prática não é recomendada pelas montadoras nem pelos fabricantes
de peças de injeção.
A conversão dos motores de
gasolina para etanol caiu nas graças dos motoristas no início dos anos 2000. Um
dos motivos era o preço bastante atrativo do etanol. Outras justificativas eram
o aumento da potência e a diminuição da emissão de poluentes. Hoje, essa
prática é cada vez menor. Além do valor do etanol não estar tão convidativo,
surgiram vários problemas com trocas de peças, especialmente velas de ignição,
bomba de combustível, injetores e escapamento.
Nos carros antigos, com
carburador, a transformação de gasolina para etanol é ainda mais drástica. São
trocadas várias peças no motor e no próprio carburador. Nos carros com injeção
eletrônica, essa intervenção é menor em um primeiro momento. Normalmente, é
implantada uma caixa eletrônica, um pequeno software, para mudar os parâmetros
de leitura da gasolina do sistema de injeção para etanol (ou para deixar o
carro Flex).
O problema que outras peças
continuam no veículo com os parâmetros do combustível antigo. Aos poucos, elas
começam a dar problemas. E na maior parte dos casos os benefícios prometidos
não se confirmam.
“Fica uma gambiarra para
ajustar a injeção. Porque os parâmetros da injeção são muito diferentes. O
carro vai até andar, mas vai trazer problemas e possivelmente falhas”, explica
Renato Romio, chefe da Divisão de Motores e Veículos do Centro de Pesquisas do
Instituto Mauá de Tecnologia, de São Paulo.
Fabricantes
desaconselham
Tanto as montadoras quanto os
fabricantes de peças dos sistemas de injeção desaconselham qualquer tipo de
conversão de combustível. A principal justificativa é que os carros são testados
para ter melhor desempenho e rendimento com determinado combustível (ou Flex).
E os componentes são ajustados para isso. As conversões, na visão dos
fabricantes, não alteram todos os parâmetros que fazem parte do sistema de
gerenciamento dos motores. Isso trará consequências para os veículos, se não
imediatas, em médio prazo.
Outro grande problema é o aumento da oxidação de peças do motor. Além de
prováveis danos nos componentes, o automóvel tem a tendência de emitir mais
gases, gastar mais e falhar, especialmente quando estiver frio. E o motorista
ainda precisa fazer a mudança na documentação no Detran.
Por isso, se você tem um carro que só aceita um combustível, há duas opções
recomendáveis: ou fique com o antigo (com a manutenção em dia) ou comece a pesquisar
os preços para trocar de veículo.