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O aluno precisa
ter uma pontuação acima de 450 pontos na prova. A medida foi publicada no fim
do ano passado e gera polêmica entre as instituições de ensino pela possível
queda de contratos
O Ministério da
Educação (MEC) não vai abrir mão de exigir média de 450 pontos nas provas do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para acessar o Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies). Segundo o secretário-executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, o
Sistema Fies estará aberto para novos contratos em questões de dias, mas não
disse a data precisa.
O secretário
participa nesta terça-feira (10) de seminário com a Associação Brasileira de
Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES). As mudanças no Fies, feitas por meio
de portaria no final do ano passado, provocaram queda das ações de grandes
instituições educacionais e causaram polêmica no setor, pela possível redução
de contratos.
"Do
princípio da qualidade não se abre mão", diz o secretário em relação à
pontuação. De acordo com ele, dos mais de 6,1 milhões de candidatos que fizeram
o Enem em 2014, quase 5 milhões alcançaram a pontuação.
O secretário diz
que a questão dos repasses às instituições, reduzidos pela portaria de 12 para
oito vezes por ano, está sendo discutida e que a pasta busca um acordo junto
com as entidades. Para os estudantes, o sistema está aberto para aditamento de
contratos em andamento, mas ainda está sendo reformulado para novos
financiamentos. "O ministro da Educação ( Cid Gomes) tem dialogado com o
Ministério da Fazenda e com a Casa Civil para que tenhamos um prazo com a
urgência que o próprio calendário e o início das aulas nos impõem",
reforça Costa.
O novo sistema
trará mudanças. A intenção é que seja semelhante ao Programa Universidade para
Todos (ProUni) e ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em que as instituições
oferecem as vagas e os estudantes escolhem. "Acho que é um sistema
vitorioso e está sendo dialogado levá-lo para o Fies. Ele não é limitador, pelo
contrário, otimiza a utilização das vagas e contribui para que a pessoa possa
escolher com qualidade o curso que quer", adianta Costa.
Apesar de o
sistema estar aberto para renovações, segundo as instituições isso não está
sendo possível para as mensalidades que tiveram reajuste acima de 4,5%. De
acordo com a ABMES, quando a instituição atualiza a mensalidade aparece uma
mensagem de erro. Consequentemente, os estudantes dessas instituições também
não conseguem fazer a renovação. A entidade diz que a média de reajustes para
este ano, que é feita acima da inflação, foi 10%. Costa diz desconhecer o
problema e que espera uma análise técnica da questão.
Para o
presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues as mudanças foram precipitadas.
"Normalmente as instituições planejam o ano seguinte em novembro e em
dezembro. Elas têm expectativa de despesa de contratação de professores, então
quando o planejamento econômico já está feito, vem uma mudança que ninguém
esperava".
De acordo com
ele, a porcentagem que o financiamento representa para as instituições vária de
30% a 70%. "As portarias penalizam as instituições que já tinham feito o planejamento
financeiro, são menos recursos, menos alunos e menos professores, que poderão
ser demitidos".
A ABMES segue
dialogando com o MEC, eles pedem que a implementação das mudanças seja feita
aos poucos, ao longo de três anos. Desde 2010, o Fies acumula 1,9 milhão de
contratos e abrange mais de 1,6 mil instituições.