Com seca, cidades do interior alagoano ficam sem Carnaval

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thayanne magalhães

A pouco mais de uma semana do Carnaval, algumas das 36 cidades do Semiárido alagoano que decretaram situação de emergência em decorrência da seca, devem passar a data sem comemorar a festa.

A situação foi reconhecida pela Secretaria nacional de Defesa Civil após decreto do Governo do Estado informando que a estiagem prolongada tem ocasionado queda das reservas hídricas, perdas significativas na agricultura e agropecuária, provocando grandes dificuldades da população no abastecimento de água para o consumo humano e animal.

De acordo com a assessoria de imprensa do município de Inhapi, duas questões impossibilitaram a realização da festa na cidade.

“Primeiro porque o repasse do FPM [Fundo de Participação dos Municípios] foi muito baixo e segundo por conta da seca. A falta de água traz muitas dificuldades para o município e não será possível a realização de nenhum dia de festa durante o carnaval”, explicou a assessoria.

“O prefeito Zé Cícero tem trabalhado no abastecimento das comunidades, prestando assistência com caminhões-pipa. Mas a estiagem tem piorado e então será preciso contar com os recursos do Governo Federal para que o atendimento às famílias de Inhapi seja ampliado”, concluiu a assessoria.

Em Traipu o Carnaval de rua será realizado com a participação de duas orquestras de frevo, que devem revezar durante os quatro dias de festa.

“Não haverá uma grande festa de Carnaval porque a prefeitura está sem dinheiro disponível. A questão da seca está sendo resolvida e o Governo Federal deve mandar recursos para o município. O principal motivo para a não realização da festa é o repasse muito baixo do FPM”, explicou o secretário de Comunicação de Traipu, Victor Avner.

“Inclusive as duas bandas que irão animar a população e os blocos de rua, têm convênio com a prefeitura. Os músicos dão aulas para crianças e se apresentam em eventos da municipalidade. Então não será um custo extra. O único gasto liberado pela prefeita Conceição Tavares foi para o financiamento de cerca de 200 camisas de blocos das secretarias”.

O secretário de Agricultura e coordenador da Defesa Civil de Igaci, André Medeiros, informou que não haverá festejos nos quatro dias de Carnaval no município.

“É por conta do conjunto de situações. Tanto pela queda no repasse do FPM quanto pela seca. Estamos tendo que investir muito em carros-pipa e mesmo assim não estamos dando conta da demanda. Estamos aguardando a liberação dos recursos do Governo Federal e a ajuda do governador do Estado que garantiu que iria ajudar com a alimentação dos animais”, disse o secretário.

População de Mar Vermelho tem preferência por emancipação

Na cidade de Mar Vermelho o Carnaval vai ser por conta dos blocos de rua.

“É que a população prefere a festa de emancipação da cidade e a prefeita Juliana Almeida deve investir mais na festa que acontece em março”, explicou a assessoria de imprensa do município.

Apesar de estar entre os 36 municípios que decretaram situação de emergência em decorrência da seca, Mar Vermelho não tem sofrido grandes dificuldades com a falta d’água.

“A situação da cidade está tranquila. Mar Vermelho tem entrado na lista desde o ano passado por precaução por conta da possibilidade de estiagem na região. Quanto ao Carnaval, a festa não vai acontecer por conta do repasse reduzido do FPM”.

Em Pão de Açúcar, o prefeito Jorge Dantas deve improvisar uma festa de Carnaval para a população e os turistas que estiverem na cidade durante os quatro dias de festa.

“O município está passando por uma crise financeira por conta do baixo repasse do FPM e tem gasto muito recurso próprio no combate à seca. Por isso que a festa não irá acontecer como de costume, com bandas na praça. A prefeitura deve dar uma ajuda financeira aos organizadores de blocos de rua que fizeram o pedido através de ofício”, explicou a assessoria de imprensa do município.

Na sexta-feira (13), haverá abertura dos festejos com desfile do Rei Momo e Rainha com uma banda de frevo que irá desfilar pela cidade animando os blocos de rua.

“No domingo e na terça o prefeito deve providenciar uma banda de frevo na praia do Rio São Francisco, já que esperamos receber muitos turistas que vêm se banhar. A banda deve animar a população e os visitantes fazendo arrastões”.

Palmeira dos Índios também está na lista das cidades que decretaram situação de emergência por conta da estiagem, mas segundo a assessoria de imprensa do município, não tem faltado água para a população.

“Ainda não temos uma confirmação sobre a realização das festas de Carnaval. O que posso adiantar é que o município está em crise financeira assim como os outros, por conta da diminuição do repasse do FPM”, informou a assessoria do município.

Municípios aguardam liberação de recursos da União

Com o reconhecimento do Governo Federal em relação à situação de emergência das 36 cidades do Semiárido alagoano em decorrência da seca, o governo de Alagoas e os municípios ficam aptos a solicitar e receber recursos da União para a recuperação dos danos ou atendimentos de urgência

A situação de emergência é reconhecida diante de alteração intensa e grave das condições de normalidade em uma cidade, estado ou região, decretada em razão de desastre, com comprometimento parcial da capacidade de resposta aos prejuízos conforme a classificação estabelecida pela Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade).

Os municípios em situação de emergência são: Água Branca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Carneiros, Craíbas, Coité do Nóia, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Inhapi, Igaci, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Izidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olha d’Água das Flores, Olho d’Água do Casado, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Piranhas, Poço das Trincheiras, Quebrangulo, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira e Traipu.

Entre os benefícios, os municípios devem receber o apoio de mais carros-pipa.