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Os juros do cheque especial
subiram novamente em dezembro do ano passado e atingiram a marca de 200,6% ao
ano, segundo números divulgados nesta terça-feira (27) pelo Banco Central. Com
isso, a taxa atingiu o maior patamar desde fevereiro de 1999 – quando ficou em
204,3% ao ano – ou seja, em quase 16 anos.
Os juros cobrados pelos
bancos nesta linha de crédito tiveram forte aumento em 2014. No fim de 2013,
estavam em 147,9% ao ano. O crescimento, portanto, foi de 52,7 pontos
percentuais em todo o ano passado.
Reportagem publicada no mês
passado pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros
praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano
sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito em mais de 240% ao ano e de
100% cobrados pelos empréstimos bancários.
Economistas avaliam que o
consumidor deve tentar evitar ao máximo o uso do cheque especial por conta das
altas taxas cobradas pelas instituições financeiras. Para eles, esta é uma
linha de crédito para momentos de necessidade e deve ser utilizada por um período
reduzido de tempo. Junto com o cartão de crédito rotativo (quando o cliente não
paga toda a fatura), o cheque especial tem as maiores taxas de juros do
mercado.
Apesar da alta dos juros
bancários nas operações com cheque especial, o Banco Central tem observado que
o volume delas não é representativo quando se compara com o estoque total das
operações de crédito. De acordo com a instituição, representam menos de 5% de
todas as operações em mercado.
Cartão de crédito
Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), a taxa de juros cobrada pelos cartões
de crédito atingiu, em dezembro, a maior taxa desde 1999. Os juros são cobrados quando as
pessoas não pagam toda a fatura. De acordo com o levantamento, os juros da
modalidade subiram pelo segundo mês seguido, e alcançaram uma média de 258,26%
ao ano em dezembro do ano passado. Com uma taxa dessas, uma dívida de R$ 100 no
cartão chega, após 12 meses, a R$ 358,26. O BC não calcula a taxa de juros das
operações com cartão de crédito.
Consignado, crédito
pessoal e veículos
No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o
consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos
somou 102% ao ano em dezembro do ano passado, contra 103,7% ao ano em novembro.
No acumulado de 2014, essa taxa avançou 15,9 pontos percentuais, uma vez que
estava em 86,1% ao ano no fechamento de 2013.
Ainda segundo a autoridade
monetária, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas
operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou
25,9% ao ano em dezembro, em comparação com 25,7% ao ano em novembro. Essa é
uma das linhas de crédito com menor taxa de juros do mercado. Em todo ano
passado, a taxa avançou 1,5 ponto percentual, pois estava em 24,4% ao ano em
dezembro de 2013. Com isso, subiu abaixo da média de 5,4 pontos de todas as
operações de crédito para pessoas físicas em 2014.
Segundo o BC, a taxa média de
juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 22,3%
ao ano em dezembro, contra 22,7% ao ano em novembro do ano passado. Em 2014, a
taxa teve alta de 1 ponto percentual, pois somava 21,3% ao ano em dezembro de
2013. Mesmo com juros relativamente baixos, informou a autoridade monetária, o
crédito para veículos teve retração de 4,4% em 2014.