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andrezza tavares
Às
vésperas de retornar ao cargo, o prefeito afastado de Joaquim Gomes, Antônio de
Araújo Barros, o Toinho Batista (PSDB), foi cassado pela Câmara de Vereadores
por 10 votos a um, por supostas irregularidades em sua gestão. A cassação foi
resultado de uma CEI (Comissão Especial de Inquérito) que durou quase três
meses e apurou várias denúncias de improbidade administrativa dentre elas, a
compra de notas fiscais frias para justificar possíveis gastos irregulares na
prefeitura e ainda, fraudes e ausência de licitação. Apenas o vereador Dionízio
Bonifácio, mais conhecido como Nino da Pimenta (PSL), votou favorável ao
prefeito. Batista pode recorrer da decisão.
As
denúncias contra Toinho Batista chegaram à Câmara através de Sandoval Gomes de
Lima há cerca de dois anos, mas só agora a CEI pôde ser instalada e o relatório
final apresentado. Toinho Batista também foi denunciado pela atual prefeita Ana
Genilda Costa Couto, a Ana do Jaime (PMDB) à época vice-prefeita, e os
vereadores Júlio Fragoso (PSC) e Alysson David Gomes, o Sambeca (PSD), acusado
de efetuar gastos sem os devidos procedimentos licitatórios.
Somente
na gestão passada, (2012), a prefeitura sob o comando do tucano pagou R$
5.206.490,00 a pessoas físicas e mais de R$ 2 milhões a pessoas jurídicas,
conforme balancete anual apresentado à Câmara de Vereadores.
A
Comissão ouviu o empresário Sandro Rodrigues Lins, que denunciou um suposto
esquema de compra e venda de notas fiscais entre o município e as empresas que
prestavam serviço para a prefeitura, inclusive a sua.
Com
o afastamento expirando, se não fosse cassado pela Câmara, Toinho Batista
retornaria ao cargo no próximo dia 14. Em abril do ano passado, ele foi
afastado por 90 dias e mantido longe da prefeitura por mais seis meses por
decisão monocrática da desembargadora do Tribunal de Justiça de Alagoas
(TJ/AL), Elisabeth Carvalho, que acatou o pedido do Ministério Público Estadual
(MPE/AL).
Para
Júlio Fragoso, que foi secretário da CEI, a cassação representa um avanço para
o município e com a ascensão dos novos vereadores, o município pode ser passado
a limpo. A reportagem tentou contato com o prefeito cassado, mas não foi
possível falar com ele.
Processos
em tramitação podem complicar gestão em Joaquim Gomes
Mesmo
cassado tramita na Justiça estadual contra Antônio de Araújo Barros, uma ação
civil pública por atos de improbidade administrativa decorrente do pagamento de
propina aos vereadores que também foram afastados do cargo, em troca de apoio
político para a não criação da Comissão Especial de Inquérito (CEI), a qual
também pede o afastamento do gestor.
Como
a decisão da Câmara Municipal de Joaquim Gomes é passível de recurso, se a
decisão dos vereadores for modificada e o gestor cassado porventura retornar ao
cargo, ele poderá ser novamente afastado, uma vez que a ação civil ainda está
pendente de julgamento.
De
acordo com o vereador Júlio Fragoso (PSC), que foi secretário da CEI, mesmo com
as provas, a cassação de Toninho Batista só foi possível devido ao afastamento
dos oito vereadores, uma vez que em sessão anterior, a Comissão foi aberta e
suspensa no mesmo dia, sob o pretexto de que o prefeito já estava afastado.
Com
a cassação, o tucano perde também o foro privilegiado por prerrogativa de
função e os processos aos quais responde serão julgados pela Justiça de
primeiro grau.
Nos
últimos meses, o município de Joaquim Go-mes ganhou destaque na mídia local e
até nacional por causa de uma série de irregularidades supostamente cometidas
por Toinho Batista (PSDB). Em janeiro de 2014, o então prefeito foi alvo de
cinco procedimentos instaurados pelo MPE.