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A
Volkswagen do Brasil anunciou nesta terça-feira (6) a demissão de 800
funcionários da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Cerca de 11 mil empregados voltavam nesta semana de uma licença remunerada de
quase 30 dias.
"Em
razão do cenário do setor automotivo, diversas medidas de flexibilização da
produção foram aplicadas desde 2013, como por exemplo férias coletivas,
suspensão temporária dos contratos de trabalho (lay-off), entre outras. No
entanto, todos os esforços não foram suficientes", afirmou a empresa em
nota.
A
federação do concessionárias divulga hoje os números oficias de emplacamentos
em 2014, mas o ano deve marcar a segunda queda consecutiva, depois de 10 anos
de altas. No ano passado, as exportações também foram prejudicadas com
problemas na Argentina. Além disso, o Gol, modelo mais popular do Brasil há 27
anos, deve perder o reinado para o Fiat Palio.
Tudo
isto fez com que a produção encolhesse 15%, segundo a Volkswagen. Desde 2012, o
governo brasileiro ofereceu incentivos tributários para o setor, por meio de
desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Em troca, as
fabricantes deveriam manter o nível de emprego.
"Há
um Acordo Trabalhista vigente desde 2012, que foi estabelecido em premissas de mercado
e vendas que infelizmente não se confirmaram. Quando o acordo foi firmado, após
anos de crescimento, a perspectiva era que a indústria automobilística
atingisse a marca de praticamente 4 milhões de unidades em 2014. O que ocorreu
de fato foi uma retração para 3,3 milhões", explica a Volkswagen.
A
planta na região petropolitana de São Paulo foi a primeira da Volkswagen fora
da Alemanha e foi inaugurada em 1959. Com aproximadamente 13 mil funcionários,
o local é responsável atualmente pela produção dos modelos Gol, Polo, Polo
Sedan, Saveiro e Saveiro Cross.
De
acordo com a empresa, a unidade tem um nível de remuneração médio acima dos
principais concorrentes, inclusive os que estão instalados na mesma região.
"As premissas de reajustes salariais que foram definidas com o objetivo de
aumentar a competitividade da Anchieta infelizmente têm distanciado a companhia
de suas principais concorrentes (que realizaram reajustes menores com base no
cenário dos últimos 2 anos)."
De
acordo com o Sindicato dos metalúrgicos do ABC, a empresa já havia dito que há
um excedente de 2 mil trabalhadores na fábrica. Em dezembro, os trabalhadores
rejeitaram proposta de mudanças em acordo com a companhia que previa
estabilidade de emprego na unidade até 2016.
Segundo
a Volkswagen, as conversas com o sindicato foram de julho a novembro, mas não
houve acordo. A proposta da fabricante incluía programas de demissão voluntária
com incentivo financeiro e “desterceirizações” temporárias para alocar de parte
do excedente de pessoal, além de trazer perspectiva de novos produtos para a
fábrica.
"Mas
é claro que são necessárias contrapartidas para compensar os custos destas
medidas, motivo pelo qual foram modificados os conceitos de reajuste de
salários e participação nos resultados, mas com formas de compensação aos
empregados, e com possibilidade de planejamento e maior tranquilidade para
todos. Lamentavelmente, houve a rejeição da proposta em assembleia realizada em
2 de Dezembro", afirmou a empresa em nota.
Desde
1º de janeiro, a Volkswagen do Brasil tem um novo presidente. Após 7 anos na
liderança, Thomas Schmall deixou o cargo para assumir um posto no conselho da
marca na Alemanha. Quem ocupou o cargo é David Powels, que chefiava as
operações na África do Sul. Powels já trabalhou no Brasil, de 2002 a 2007, e
chegou a exercer a função de vice-presidente de finanças e estratégia
corporativa.