Família lamenta governo ‘esquecido’ de Muniz Falcão

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nigel santana

Um centenário quase despercebido aos olhos de quem vivenciou o passado e praticamente inexistente aos dias atuais. Assim pode ser definida a data de hoje em Alagoas que marca o nascimento de Sebastião Marinho Muniz Falcão, ex-deputado federal e ex-governador de Alagoas no período de 1955 a 1960. Sua história pode ser resumida pelo processo de impeachment em 1957 na Assembleia Legislativa do Estado, havendo até tiros à porta do Poder Legislativo.

No entanto, por ter sido um político que causou embates históricos na oposição, à época em sua maioria, representantes da elite canavieira, Sebastião Muniz Falcão precisaria ter muito mais que um simples quadro no rol de ex-governadores alagoanos.

Quem lamenta o ostracismo histórico do ex-governador de Alagoas é o irmão de Sebastião, Djalma Falcão, que foi prefeito de Maceió de 1986 a 1989. Em entrevista à Tribuna Independente, Djalma declarou que após a morte de seu irmão, em 1966, em decorrência de um câncer, seus adversários políticos contribuíram para que a sua memória política não fosse lembrada.

“É uma decepção. Um desprezo à memória do político honesto e honrado que governou Alagoas contrário aos interesses de uma oposição elitista. Sebastião Muniz Falcão foi fiel aos interesses do estado e de sua população”, recorda Djalma Falcão.

Djalma argumenta ainda que a atuação de Sebastião Muniz Falcão no governo de Alagoas e como deputado federal poderia ser estímulo aos políticos atuais, o que, segundo ele, está muito distante de acontecer.

Ex-governador foi impedido de assumir durante a ditadura militar

A luta de Sebastião Muniz Falcão ganhou mais veemência durante o período militar no país. Respeitado pelo voto dos alagoanos, ele concorreu novamente ao governo em 1965 e foi o mais votado. Entretanto, as artimanhas do governo militar foram de encontro aos interesses da população. Por não ter atingido maioria absoluta estabelecida pela Emenda Constitucional nº 13, coube à Assembleia Legislativa definir quem seria o governador. Jamais seria Sebastião Muniz Falcão por conta das discussões e interesses sociais.

Djalma Falcão, ex-prefeito de Maceió, relembrou ao ser entrevistado pela Tribuna Independente, que além da militância aberta em prol da população, Sebastião Muniz Falcão desenvolveu projetos que foram considerados a mola propulsora para o desenvolvimento do estado.

“Posso citar a criação da Companhia de Saneamento de Alagoas [Casal], a Companhia Energética de Alagoas [Ceal], a Telasa, o Banco do Estado de Alagoas, a unidade pública de atendimento a pobres com psicólogos, médicos e alimentação, maternidade pública [onde é a Santa Mônica], além da estrada que liga Maceió à divisa com Pernambuco”, elenca Djalma.

Novamente ao tocar no ostracismo político, Djalma diz que à época em que foi prefeito, ele construiu a praça Governador Sebastião Muniz Falcão, hoje mais conhecida como Praça do Skate, na Ponta Verde.

“A honradez e a coragem de lutar de Sebastião Muniz Falcão precisava ser reconhecida no estado, mas, as pessoas podem ter acessos a ensaios e livros publicados sobre ele”, finalizou.