correiobraziliense
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fernanda nazaré
A analista de marketing,
Claudiana Costa, de 29 anos, tem quatro cães. Todos são tratados como filhos. E
como toda mãe, que vive com os olhos atentos, percebeu que a vira-lata Lupita
não estava bem. "Moro ao lado dos meus pais e deixo os cães na casa deles,
todos os dias, para ir trabalhar. Num dia, quando fui buscá-los, percebi que a
Lupita estava diferente, agitada, ofegante, coração disparado e
engasgando", conta. A cadela foi levada às pressas para a clínica veterinária,
onde foi examinada e se constatou intoxicação alimentar. Nesse momento, o
marido de Claudiana lembrou de ter visto o animalzinho mordiscando uma planta
diferente no quintal do sogro.
A espécie em questão é a erva-de-guiné, popularmente conhecida por espantar mal
olhado e utilizada em banhos aromáticos. O problema é que a raiz é tóxica e
pode provocar excitação e alucinações. Se for ingerira continuamente, gera
convulsões e até a morte. Lupita ficou internada por três dias, e fez um
tratamento para reverter lesões no rim durante um mês. "A sorte foi que a
socorremos rapidamente", afirma Claudiana, que hoje inspeciona o quintal
do pai e, em casa, mudou os vasos de plantas para um local fora do
alcance dos cães.
Várias flores e vegetais folhosos comuns nos lares brasileiros representam um
verdadeiro perigo. As plantas leitosas, que, se quebradas, liberam um líquido
leitoso, como a coroa-de-cristo, muito usada em jardins externos, e a
bico-de-papagaio, típica na época do natal, por sua folhagem vermelha, podem
causar lesões na pele e nas mucosas, inchaço de lábios, boca e língua, dor,
queimação e coceira. A mamona, que já fez parte da infância de muita gente, por
ter bolinhas espinhosas boas para brincar de “guerra”, e o caule oco, usado
como canudo para fazer bolinhas de sabão, é extremamente venenosa. A semente
tem ricina, uma toxina que é letal se ingerida. Em casos menos graves, esse
elemento ocasiona queimação na garganta, vômitos intensos, taquicardia e
diarreia.
De acordo com Simone
Cristina Alves, professora de biologia e especialista em plantas medicinais e
tóxicas da PUC Minas, existem mais de 100 espécies de plantas venenosas, que
são extremamente perigosas. Muitas não podem nem ser tocadas. É preciso,
portanto, ter cuidado quando não se sabe o potencial toxicológico de alguns
vegetais. "Calcula-se que em torno de 60% dos casos de intoxicação por
plantas, no Brasil, ocorram em crianças menores de nove anos, e que 80% deles
são acidentais", explica. Alguns venenos presentes em plantas podem não causar
a morte quando ingeridos, porém, levam a sérias lesões em órgãos vitais como
cérebro, coração e pulmões. Outras toxinas, mesmo em pequenas doses, podem
levar ao óbito em um curto espaço de tempo.
Contra o mal olhado
A idéia popular de que algumas plantas têm o poder de espantar o mal olhado não
é apenas uma lenda. Segundo a especialista em botânica, essa propriedade
vegetal é real. A espécie emana uma energia positiva que repele a negativa.
"O que a ciência tem comprovado é que nas células desse tipo de planta,
existem muitos cristais de oxalato de cálcio, que poderiam agir de forma a
neutralizar as energias negativas", diz Simone Alves.
Mas, antes de escolher sua planta para “limpar” o ambiente, siga alguns
cuidados:
- Mantenha as plantas
venenosas fora do alcance das crianças;
- Conheça as espécies tóxicas existentes em sua casa e nos arredores, pelo nome
e características;
- Ensine as crianças a não colocar plantas na boca e não utilizá-las em
brincadeiras;
- Não prepare remédios ou chás caseiros sem orientação médica;
- Não coma folhas, frutos e raízes desconhecidas. Lembre que não há regras ou
testes seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenosas. Nem sempre
o cozimento elimina a toxicidade da planta;
- Tome cuidado ao podar as plantas que liberam látex (seiva leitosa branca)
provocando irritação na pele e principalmente nos olhos. Quando estiver lidando
com plantas venenosas, use luvas e lave bem as mãos após esta atividade;
- Em caso de acidente, procure imediatamente orientação médica e guarde a
planta para identificação;
Se estiver na dúvida quanto a toxicidade das plantas na sua casa, consulte o site do Sinitox.