ultimosegundo //
andrew pollack
Ou se trata do mais
empolgante novo tratamento para depressão em anos, ou a cetamina (também
pode-se chamá-la de ketamina), uma droga alucinógena, está sendo erroneamente
receitada para pacientes desesperados em um número crescente de clínicas nos
Estados Unidos.
Embora seja utilizada
como anestésico há décadas, pequenos estudos em centros médicos de prestígio,
como Yale, Mount Sinai e o Instituto Nacional de Saúde Mental, sugerem que ela
pode aliviar a depressão de muitas pessoas para as quais os antidepressivos de
uso convencional, como Prozac ou Lexapro, não têm efeito.
Contudo, psiquiatras
dizem que a droga não foi estudada o suficiente para ser empregada fora dos
estudos clínicos e que estão alarmados pelo fato de as clínicas estarem
começando a oferecer tratamentos com cetamina, cobrando de US$ 300 a mais de
US$ 1 mil por sessões que devem ser repetidas muitas vezes.
“Não sabemos quais são
os efeitos colaterais em longo prazo”, afirma Anthony J. Rothschild, médico e
professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de
Massachusetts.
Porém, como a cetamina
foi aprovada há muito tempo para a anestesia, médicos têm permissão para
utilizá-la de forma não reconhecida pela bula para tratar a depressão. Críticos
afirmam que pacientes muito deprimidos podem estar desesperados demais para
ponderar adequadamente acerca dos riscos da terapia experimental.
“Nós estamos falando de
uma população particularmente vulnerável”, afirmou Dominic A. Sisti, professor
assistente de ética médica da Universidade da Pensilvânia, um dos autores de
análise manifestando preocupação com as clínicas.
Ele e outros críticos
dizem que algumas clínicas são administradas por anestesistas familiarizados
com a cetamina, mas que não fornecem tratamento psiquiátrico como um todo.
Outras são administradas por psiquiatras que podem não ter experiência na
aplicação do medicamento.
Alguns pacientes se
dizem prontos para correr o risco. “Eu vejo o custo de não usar cetamina – para
mim era a morte certa”, afirmou Dennis Hartman, 48, empresário de Seattle.
Ele disse que após uma
vida de depressão severa, já escolhera a data de suicídio quando decidiu
participar de estudo clínico com a cetamina nos Institutos Nacionais de Saúde
dois anos atrás. A depressão sumiu e desde então ele tem ido a uma clínica em
Nova York a cada dois meses para nova dose. Ele fundou um centro para divulgar
o tratamento.
Defensores dizem que a dose usada para depressão é
menor do que a utilizada para anestesia ou por viciados e pode ser administrada
com segurança.