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fernanda aranda
O governo
federal divulgou nesta terça-feira (20) o novo boletim de casos de aids no Brasil e alertou que 135 mil pessoas são
portadoras do vírus HIV, causador da doença, mas desconhecem o diagnóstico.
Os “pacientes
invisíveis” da epidemia são uma estimativa do Ministério da Saúde que os
considera mais vulneráveis às sequelas da contaminação.
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jovens, diz Ministério
Entre os malefícios do
desconhecimento estão o maior risco de doenças pulmonares, como a tuberculose,
e da falência do organismo. Além disso, os "invisíveis" ampliam
o risco de contaminação de outras pessoas, já que podem não usar camisinhas nas
relações sexuais, a principal forma de transmissão da doença.
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das empresas
Para reverter o cenário,
o Ministério quer incentivar os testes rápidos que confirmam a presença do
vírus no organismo.
Com apenas uma gota de
sangue colhida, o resultado do teste rápido sai em 30 minutos. A pessoa recebe
aconselhamento antes e depois do exame, e em caso positivo, é encaminhada para
o serviço especializado.
Veja aqui onde fazer a testagem.
“Quando o diagnóstico é
precoce é bom tanto para o indivíduo quanto para a coletividade”, afirmou o
secretário de vigilância de doenças do Ministério, Jarbas Barbosa.
“Isso porque, temos um
estudo que mostra que após seis meses de tratamento com os medicamentos
específicos – chamados de antirretrovirais – 73% dos pacientes têm a carga
viral zerada”, explicou Jarbas ao ressaltar que “carga zero” indica menos risco
de doenças oportunistas ao infectado e menos risco de transmitir o vírus a
outra pessoa.
Pelos novos dados
apresentados, no Brasil, a estimativa é que 530 mil pessoas sejam portadoras do
vírus HIV, sendo que 217 mil estão em tratamento. O restante ou não tem
indicação de terapia medicamentosa ou não sabe fazer parte da epidemia
nacional.
Outro número do boletim
é que apesar da detecção precoce da aids ter sido ampliada nos últimos 5 anos,
atualmente menos de 40% recebem o diagnóstico em uma fase em que o arsenal
terapêutico é maior.
São 36,7% de pessoas que
recebem o resultado positivo em uma etapa em que a carga viral do HIV é mínima,
o que aumenta a eficácia dos remédios e também a chance do portador ter uma vida
praticamente normal (em 2006, este índice era de 32%).
O diagnóstico tardio –
em que a possibilidade de controle da aids é remota – afeta 29,2% dos novos
casos brasileiros, o que indica que quase três em cada dez pessoas descobrem a
doença já com o organismo severamente comprometido pelo HIV.
Campanha
“Com este cenário,
escolhemos como tema da nossa campanha de 2012 a frase ‘eu vivo com HIV e
descobri em tempo de me cuidar’”, afirmou o diretor do Programa Nacional de
Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais, Dirceu
Grecco.
“Apesar do Dia Mundial
de Luta contra a Aids ser celebrado mundialmente no dia 1 de dezembro,
decidimos fazer uma mobilização antecipada a partir de hoje (terça-feira)”,
completou. “Além disso, produzimos um filme com pessoas que são portadoras do
HIV há muitos anos, trabalham, viajam, namoram e no depoimento dizem que só
conseguem ter uma vida normal por conta do diagnóstico precoce.”
Foco
Segundo o ministro da
saúde, Alexandre Padilha, a grande meta escolhida no controle da epidemia da
aids é ampliar a detecção em fase inicial da doença e também ampliar as
campanhas com os públicos considerados mais suscetíveis à contaminação.
“Por isso antecipamos a
mobilização. São 2.300 municípios envolvidos que vão organizar campanhas de
testagem em postos fixos e móveis, divulgar a importância do sexo seguro e do
uso efetivo do preservativo”, disse Padilha. “Nossos levantamentos mostram que
80% das pessoas afirmam que a camisinha torna a relação sexual protegida dos riscos
de doenças, mas só 50% afirmam usar na primeira vez em que fazem sexo com
qualquer parceiro”, completou.
Mortes
A aids já é considerada
uma doença crônica e não mais uma sentença de morte como era no início da
epidemia, nos anos 1980. Ainda assim, anualmente 15 mil pessoas morrem por
conta da contaminação, número que permanece estável desde o ano 2000.
“No mundo hoje são 34
milhões de pessoas que convivem com HIV. No geral, temos 2,5 milhões de novas
infecções por ano e acumulamos 1,7 milhões de óbitos”, lamentou Pedro Chequer,
coordenador no Brasil da Unaids, entidade da ONU que estuda a aids.
“Avançamos muito nos
últimos anos, mas ainda temos passos importantes para dar. O Brasil, por
exemplo, estabeleceu como meta até 2015 contribuir para que o planeta alcance
15 milhões de soropositivos em tratamento”, completou Chequer.
Alerta: os riscos da aposentadoria precoce da
camisinha
Avanços
A principal forma de
transmissão do HIV é a relação sexual sem camisinha e, por ora, não há cura
para a aids. As pesquisas científicas avançam em direção a uma vacina preventiva contra o HIV mas os resultados ainda são provisórios. Outro
recurso utilizado no País é o “chamado coquetel do dia seguinte da aids”. Todo
dia, quatro coquetéis são distribuídos aos brasileiros
Veja aqui como funciona o coquetel