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mariana lenharo
No Brasil, 21,4% das pessoas
com mais de 18 anos já foram diagnosticadas com hipertensão;
12,5% tiveram colesterol
alto identificado por um médico e 6,2% receberam diagnóstico de diabetes.
Problemas crônicos na coluna
atingiram 18,5% dos adultos brasileiros e a depressão
foi identificada em 7,6%. Ainda assim, 66,1% da população avalia sua própria
saúde como boa ou muito boa.
Os dados fazem parte da
Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), feita pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da primeira pesquisa de saúde em
âmbito nacional a coletar amostras de sangue e de urina da população
entrevistada, o que confere mais precisão aos resultados. Pesquisas nacionais
feitas anteriormente dependiam exclusivamente do relato do entrevistado sobre
seus problemas de saúde (leia mais abaixo).
Nesta quarta-feira (10), o
instituto divulgou a primeira leva de resultados obtidos a partir da coleta
feita no segundo semestre de 2013. Foram visitadas 81.767 casas em todos os
estados brasileiros, entre as quais 62.986 aceitaram responder ao questionário
do IBGE. Enquanto todos os entrevistados tiveram peso, altura, circunferência
da cintura e pressão arterial medidas, 25% desse conjunto realizaram também os
exames de sangue e urina.
Nesta primeira etapa de
divulgação dos dados, ainda não foram levados em conta os resultados dos exames
de sangue e urina, apenas o relato dos entrevistados.
‘Falsos saudáveis’
Para o médico Carlos Costa Magalhães, diretor de promoção da saúde
cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, os dados da pesquisa
mostram que as doenças crônicas estão cada vez mais presentes para a saúde do
brasileiro. “No início do século 20, as doenças infectoparasitárias eram a
maior causa de mortalidade. Depois, houve um aumento da urbanização, mudando o
perfil de risco para as doenças cardiovasculares, nos dias atuais.”
O fato de a maioria da
população se considerar saudável, apesar dos índices significativos de
hipertensão e diabetes, por exemplo, está ligado à ausência de
sintomas relacionadas a essas condições. “Os fatores de risco
cardiovascular, como pressão alta e colesterol alto, tem poucas chances de dar
sintomas. Diabetes do tipo 2 só passa a apresentar sintomas a partir de um
certo nível de glicose. Até a obesidade, apesar de visível, não é vista como um
risco”, diz Magalhães.
O médico alerta que
justamente por causa da falta de sintomas é preciso se submeter a exames
médicos periódicos como prevenção. “Não precisa ser um cardiologista, pode ser
um clínico geral, ou uma ginecologista no caso das mulheres, que faça a medida
de pressão, do colesterol, da glicose, que avalie o peso. São medidas para ver
se a pessoa é realmente saudável ou não.”
Saúde x estilo de
vida
A PNS também coletou informações sobre o estilo de vida dos brasileiros que
revelaram hábitos nada saudáveis. Apenas 37,3% dos adultos relatou consumir
cinco porções diárias de frutas e hortaliças, quantidade recomendada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS). Beber refrigerante em pelo menos cinco dias
da semana é um hábito de 23,4% dos brasileiros. O consumo frequente de doces
foi relatado por 21,7% das pessoas. O consumo de carne ou frango com excesso de
gordura foi relatado por 37,2%.
Uma parcela grande dos
brasileiros também não faz exercícios o suficiente: 46% dos entrevistados foram
considerados insuficientemente ativos. Além disso, 28,9% das pessoas dizem
assistir 3 horas ou mais de televisão por dia.
“A informação de que existe
uma grande faixa da população sedentária é muito importante. O grupo de pessoas
que passa a fazer atividade física com mais frequência facilita o controle da
hipertensão arterial. Algumas mudanças simples como redução no sal, no peso e
prática de exercícios físicos pode ser suficiente para manter um hipertenso
tratado sem medicamentos”, diz Magalhães.
A falta de exercícios e o
tempo passado em frente à TV também aparecem como fatores de risco para um
problema frequente na população: as dores na coluna. Segundo a pesquisa, 18,5%
dos brasileiros sofrem de problemas crônicos na coluna.
O ortopedista Rogério Vidal
de Lima, membro da sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot),
observa que quem faz atividade física tem uma incidência menor de dores nas
costas. “Muitas vezes a pessoa fica 3 horas sentada em frente à TV em uma postura
ruim, e acaba adquirindo alguma dor.”
Outras pesquisas
nacionais de saúde
Pesquisas nacionais sobre a saúde da população feitas anteriormente não
coletavam amostras para exames. É o caso da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad), que abordou o tema da saúde em 1998, 2003 e 2008 e também do
Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico), feito anualmente desde 2006.