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alanda gandra
A primeira edição da Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS), divulgada hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), identificou que 39,3% dos brasileiros adultos,
com 18 anos ou mais, foram diagnosticados com pelo menos uma das 11 doenças
crônicas não transmissíveis investigadas (câncer, depressão, colesterol alto,
diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares, acidente vascular cerebral -
AVC, asma, insuficiência renal, problemas de coluna e problemas
osteomoleculares). Juntas, essas doenças respondem por mais de 70% das mortes
no país, observou o instituto.
Os pesquisadores visitaram 80
mil casas em 1,6 mil municípios de todas as regiões, durante o segundo semestre
do ano passado e expandiram os resultados obtidos para o universo de 146,3
milhões de pessoas com 18 anos ou mais de idade, em 2013. A PNS estimou que o
Brasil tem 31,3 milhões de hipertensos (21,4% do total), 27 milhões com
problemas na coluna (18,5%) e 2,2 milhões de pessoas que já sofreram um
Acidente Vascular Cerebral. Parte da população (12,5%) foi diagnosticada com
colesterol alto, enquanto 6,2% têm diabetes e 4,2% apresentam alguma doença
cardiovascular.
A Região Sudeste liderou os
diagnósticos de hipertensão, com 23,3%. Entre as mulheres adultas, a
prevalência da doença foi maior (24,2%) que entre os homens (18,3%). Em todo o
Brasil, 69,7% dos hipertensos disseram receber assistência médica nos 12 meses
anteriores à pesquisa. As unidades básicas de Saúde foram responsáveis por
45,9% dos atendimentos aos hipertensos.
No que se refere ao colesterol elevado, a proporção maior foi encontrada também
nas mulheres adultas (15,1%). Entre os homens, o percentual foi 9,7%, sendo
que, para ambos os sexos, a principal recomendação médica para baixar a taxa de
colesterol foi ter uma alimentação saudável (93,7% dos casos).
Em termos de depressão, a
doença foi confirmada por um profissional de saúde mental em 11,2 milhões de
adultos, o que correspondeu a 7,6% de pessoas com 18 anos ou mais. A pesquisa
destaca, entretanto, que desse total somente 46,6% tiveram assistência médica
nos 12 meses anteriores à pesquisa. No que se refere ao câncer, o diagnóstico
foi positivo para 1,8% da população adulta (2,7 milhões de pessoas). Entre os
homens, a incidência maior é o de próstata (36,9%) e, entre as mulheres, o de
mama (39,1%) e o de colo de útero (11,8%). Nos dois sexos, o tipo de câncer
mais comum é o de pele (16,2%).
A única região que apresentou
proporção de casos de problema crônico de coluna superior à média nacional foi
a Sul, com 23,3%. A maior prevalência no Brasil, em 2013, para esse tipo de
doença foi encontrada também entre as mulheres (21,1%), enquanto nos homens o
índice foi 15,5%.
A PNS identificou que 24% da
população adulta costumavam ingerir bebida alcoólica pelo menos uma vez por
semana, sendo que esse hábito é mais frequente entre os homens (36,3%) do que
entre as mulheres (13%).
Em entrevista à Agência
Brasil, a gerente da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, destacou que
“quando se associa a bebida à direção, verifica-se que a proporção de homens
(27,4%) supera a de mulheres (11,9%)”. Entre os brasileiros acima de 18 anos
que dirigem veículos no trânsito, 24,3% admitiram ter dirigido automóvel ou
motocicleta após ingerir bebida alcoólica.
Do total de adultos
pesquisados no Brasil, 12,7% eram fumantes diários e 17,5%, ex-fumantes, em
2013. Entre os fumantes diários, os homens foram a maior parcela: 16,2%, contra
9,7% de mulheres. O cigarro industrializado foi o produto do tabaco mais
consumido por 14,5% dos fumantes.
A PNS mostrou ainda que 46%
dos adultos consultados não costumavam praticar atividades físicas em nível
satisfatório tanto no lazer quanto no trabalho, em casa ou no deslocamento para
o trabalho. No lazer, considerado mais importante pelos técnicos do IBGE, 27,1%
dos homens acima de 18 anos praticavam o nível recomendado de atividades
físicas em 2013. Entre as mulheres, o índice foi 18,4%.
Entre os adultos, 28,9%
admitiram assistir à televisão por um período acima de três horas por dia.
Conjugado ao fato de não praticarem atividades físicas suficientes no tempo
livre, principalmente, isso amplia a possibilidade de se tornarem obesas e,
em consequência, sujeitas a outras doenças, alerta a pesquisa.
Em 2013, 37,3% da população
relataram seguir a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) no que se
refere ao consumo de frutas e hortaliças, que envolve a ingestão diária de,
pelo menos, 400 gramas desses alimentos. São destaques as regiões Centro-Oeste
e Sudeste, onde o consumo de frutas e hortaliças atingiu 43,9% e 42,8%,
respectivamente. Maria Lúcia chamou a atenção, em contrapartida, para o fato de
37,2% dos brasileiros adultos terem admitido consumir carne vermelha ou frango
com excesso de gordura, principalmente na Região Centro-Oeste (45,7%). O
consumo desses alimentos foi maior entre os homens (47,2%) do que entre as
mulheres (28,3%).
Maria Lúcia avaliou que,
embora as mulheres fumem menos e bebam menos do que os homens, elas ficam mais
doentes, de forma geral. A diferença, segundo esclareceu a gerente da PNS, é
que a pesquisa abordou as doenças crônicas e não o fato de as pessoas
terem ou não a doença. “A gente sabe que as mulheres frequentam mais os
consultórios médicos, elas procuram mais que os homens, por isso têm mais
diagnóstico. Além disso, elas atingem idades mais avançadas e essas doenças
crônicas ocorrem em maior proporção conforme a idade aumenta. Essas seriam as
justificativas para as mulheres terem uma prevalência maior dessas doenças.”