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minha vida
Quem
já não escutou que se sua pele está descamando pode ser por causa do ácido
úrico? Embora isto possa acontecer em pacientes que tem suas articulações
inflamadas pelo excesso desta substância, as consequências do excesso de ácido
úrico no nosso organismo são bem mais abrangentes e severas.
Considerado
um produto final do metabolismo das purinas (substância encontrada em proteínas
animais e vegetais que ingerimos na alimentação) não nos traz nenhum problema
se circular pelo nosso sangue em níveis adequados, até 5,7 mg/dl em mulheres e
até 7 mg/dl em homens. Até porque cumprem também determinadas funções
específicas.
O problema começa quando
seus níveis sanguíneos se elevam exageradamente, condição chamada de
hiperuricemia, podendo se acumular em determinadas articulações sendo as mais
frequentes as do hálux (dedão do pé), tornozelo, calcanhar e joelho, levando a
um quadro inflamatório local bastante doloroso, ficando a região muito inchada,
vermelha e com aumento da temperatura da pele da região afetada. Chamamos esta
situação de gota, mais frequente em homens do que em mulheres.
Mas
por que os níveis de ácido úrico podem se elevar no sangue? Bem, esta resposta
é um pouco complexa, mas vamos tentar resumir esta história. Normalmente a
quantidade de ácido úrico que circula no sangue é o resultado final do total
que foi produzido dentro do corpo (gerado pelo metabolismo das proteínas que
ingerimos) menos a quantidade que foi excretada pelos rins.
Isto
mesmo, boa parte do ácido úrico que produzimos é jogada fora pela urina e
graças à este mecanismo que ele não se acumula dentro do corpo, nos protegendo
dos danos causados pelo seu excesso. Algumas pessoas geneticamente predispostas
não conseguem cumprir com eficiência este passo de excretar o ácido úrico pela
urina, sendo chamados pela medicina de hipoexcretores.
Já
outras pessoas produzem o próprio ácido úrico de maneira exagerada dentro do
organismo, sendo classificados como hiperprodutores. Para completar o problema
alguns fatores extras podem atuar nas duas pontas, ou seja, aumentar a produção
e diminuir a excreção do ácido úrico, como é o caso da ingesta de bebidas
alcoólicas e deficiência de algumas enzimas específicas envolvidas na sua
produção e metabolismo. Qualquer que seja o mecanismo envolvido citado acima, a
consequência final será o acúmulo excessivo de ácido úrico em nosso organismo,
principalmente nas articulações e no próprio rim, aumentando também a chance de
formar cálculos nos rins, quadro bastante desconfortável e aumentando a chance
de alterar o bom funcionamento deste importante órgão.
Agora
que ficou mais claro o porquê do ácido úrico se elevar dentro do corpo veja
como deve ser feita sua correção. A princípio, exames laboratoriais específicos
devem ser solicitados pelo médico para diagnosticar corretamente esta condição
clínica e, inclusive, diferenciar se o paciente faz parte do grupo dos
hiperprodutores ou do grupo dos hipoexcretores, já que para cada caso existem
medicamentos adequados para ajudar a controlar o excesso do ácido úrico no
sangue.
Sabe-se
também que vários fatores paralelos podem contribuir e muito para a elevação do
ácido úrico, como obesidade, hipertensão arterial, síndrome metabólica, consumo
excessivo de álcool, doenças renais crônicas e uso de diuréticos, tiazídicos, e
salicilatos em baixas doses. Todos estes fatores contribuintes devem ser
corrigidos com os tratamentos.
O
cuidado na alimentação das pessoas com hiperuricemia deve ser uma prioridade,
já que vários alimentos são fontes de purinas que entram na formação do ácido
úrico. Os mais contraindicados são:
Alguns
alimentos devem ter seu consumo diminuídos, mas não necessariamente eliminados,
como: carnes, peixes, aves, mariscos.
Embora
alguns alimentos fontes de proteínas vegetais sempre foram excluídos do
cardápio das pessoas com excesso de ácido úrico, estudos recentes concluíram
que não são desencadeadores do quadro de Gota, sendo eles: espinafre,
couve-flor, cogumelos comestíveis, lentilha, feijões e ervilhas. Ou seja, não
precisa eliminá-los do cardápio, mas seu exagero não é prudente.
Outros
vilões na alimentação também parecem contribuir para o risco do desenvolvimento
da Gota, segundo estudos atuais: a frutose, utilizada pela indústria
alimentícia nas bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos artificiais. A
gordura saturada em excesso (banha de porco, cortes gordurosos de carne
vermelha e de porco, manteiga, bacon, queijos amarelos) e o exagero nos
carboidratos refinados (açúcar, pão branco, bolos, bolachas, massas, arroz
branco, etc) parecem contribuir para o risco da gota.
Existem
alimentos e nutrientes que parecem conferir uma certa proteção contra o
desencadeamento da gota e deveriam fazer parte da estratégia alimentar dos
pacientes com maior risco:
Como
resumo vale ressaltar que os cuidados na alimentação são cruciais para a
prevenção ou para o melhor controle da gota, doença ainda muito incidente em
nosso meio e bastante debilitante.