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olivia de cássia
Uma
festa que contou com a participação de artistas, grupos culturais, de capoeira,
autoridades e religiosos, cortejo de pessoas da religião de matriz africana,
políticos, entre outras tribos participaram das comemorações do 20 de novembro,
Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado desde as primeiras horas da
manhã na Serra da Barriga, em União dos Palmares.
O
dia foi de celebração e comemoração em homenagem ao líder da resistência negra,
Zumbi dos Palmares e também lembrou o centenário de Abdias Nascimento,
teatrólogo, escritor e defensor da causa dos povos negros. A programação contou
com várias atividades religiosas e culturais.
Na
madrugada os grupos religiosos fizeram uma cerimônia em homenagem aos orixás;
um cortejo vindo da jaqueira onde os povos de matriz africana cantam e celebram
com flores, canto e dança e depois coloraram flores aos pés da estátua do
homenageado rei dos Palmares, Zumbi.
A
Iyalorixá Mãe Neide Oyá D'Oxum, do Grupo Espírita Santa Bárbara (Guesb),
disse que o dia 20 de novembro é um momento de celebração, de reflexão,
resistência e busca da liberdade tão sonhada pelo povo negro.
“O
ritual também significa o senso de união, de força. O negro quando está
triste ele canta, quando está alegre ele também canta e também quando
está doente. No cortejo, a gente vai saudando os orixás, a ancestralidade
e cantando essa troca, essa permuta de energia da raça negra”, observa.
O
prefeito Beto Baía disse que é motivo de orgulho para o povo palmarino
comemorar mais um dia da Consciência Negra, no local que foi o centro de
resistência em favor da liberdade e que é preciso a cidade acabar com a
desigualdade racial; disse que é necessário que a população e toda a humanidade
se relacione sem preconceito.
“O
20 de novembro significa para o povo palmarino, uma data que é comemorada
internacionalmente e que ficamos felizes por ter no nosso solo, União dos
Palmares, um pedaço de terra onde foi a maior resistência negra do mundo, por
meio do Quilombo dos Palmares e de seu líder, Zumbi dos Palmares”, disse o
secretário de Comunicação de União dos Palmares, Kleber Marques,
acrescentando: “Estamos felizes em poder compartilhar esse momento e poder dar
um viva à liberdade aqui na Serra da Barriga”, pontuou.
Deputado Paulão disse que Zumbi é o símbolo da
resistência de um povo que foi espoliado
O deputado federal Paulo
Fernando dos Santos, o Paulão do PT, disse que o 20 de novembro é uma data de
caráter nacional que simboliza o massacre de um povo que foi espoliado do seu
continente para a América servindo como escravo, principalmente América do Sul.
Paulão
falou da dívida política que o país tem com o povo negro de matriz africana e
disse que a Serra da Barriga, local onde se instalou o Quilombo dos Palmares,
foi a Meca da resistência, capitaneada pelo líder Zumbi.
“Infelizmente
nesse período a gente continua tendo contradições em pleno ano de 2014: o
processo de exclusão social, violência, onde as grandes vítimas são os jovens,
a maioria de cor negra e preferencialmente da Periferia ou da zona rural”,
destaca.
O
deputado federal disse também que o governo federal e estadual têm que
fazer políticas enfocado a educação e saúde, mas voltadas para a questão
do empreendedorismo, resgatando a cultura.
Segundo
ele, o dia de hoje é uma marca cultural, “mas a gente ainda percebe que não tem
esse pertencimento por parte do gestor. Lamento que a Prefeitura de União, que
poderia ser a grande beneficiária desse dia, ela ainda não faz a parceria
devida”.
Paulão
citou outros países e locais que valorizam sua cultura e reclama que no caso
palmarino não há isso por parte do prefeito Beto Baía, no que diz respeito ao
fortalecimento do turismo cultural. “Infelizmente há grande dificuldade: eu
apresentei uma emenda, que já está no orçamento e ainda não foi colocada em
prática. É necessário ter uma parceria e não sei o motivo de até agora não ter
sido implantada”, reclama.
O
parlamentar, que morou por um tempo quando criança em União, observa que
é necessário ter uma integração, no que diz respeito à educação, desde a escola
fundamental, junto com a questão da luta étnico-racial, onde as crianças já
aprendam desde o início o que foi a saga de Zumbi e sejam os fomentadores de
cultura.
Paulão
também reclamou que a maioria que estava na caminhada da Serra da Barriga é de
pessoas de fora. “No Estado de Alagoas um feriado foi definido e parte do
segmento empresarial não obedece e não tem sanção nenhuma por parte do Estado.
A gente ainda tem muitas lacunas para conquistar”, disse Paulão.
Os
festejos a Zumbi dos Palmares se encerraram ontem à noite com shows na Praça
Basiliano Sarmento, no Centro da cidade.