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andrezza Tavares
Cinco
empreiteiras citadas na operação Lava Jato, da Polícia Federal, doaram mais de
R$ 2.340.000,00 somente aos deputados estaduais eleitos e reeleitos em Alagoas.
Ao todo, 14 parlamentares alagoanos foram beneficiados com as doações das
empresas OAS, Camargo Correia, Queiroz Galvão, UTC Engenharia e Odebrecht.
Os
dados podem ser confirmados nas prestações de contas dos candidatos,
disponibilizadas pelo site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As doações
recebidas pelos deputados foram intermediadas pelos seus respectivos diretórios
estaduais.
O deputado
reeleito pelo PT, Ronaldo Medeiros, disse ter tomado um susto ao descobrir que
havia recebido R$ 100 mil da construtora Camargo Correia, uma das envolvidas no
suposto esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal.
“Recebi
o valor do meu partido, não sabia de onde vinha a origem do dinheiro. Não tenho
negócio com a Camargo Correia e desconheço obras da empresa no Estado”,
declarou Medeiros.
O
parlamentar disse que não tem nenhum constrangimento em ter recebido o dinheiro
porque não tem qualquer ligação com a construtora, mas garantiu que se soubesse
a origem do dinheiro, não teria aceitado. “Se o recurso viria de algo duvidoso
não receberia nem dela [Camargo Correia] e nem de qualquer outra empresa”,
destacou.
Além
de Medeiros, Bruno Toledo (PSDB), Edval Gaia (PSDB), Rodrigo Cunha (PSDB), Jó
Pereira (DEM), Ricardo Nezinho (PMDB), Marcelo Victor (Pros), Sérgio Toledo
(PDT), Olavo Calheiros (PMDB), Thaíse Guedes (PSC), Tarcizo Freire (PSD),
Marquinhos Madeira (PT), Luiz Dantas (PMDB), e Isnaldo Bulhões (PDT) receberam
doações das construtoras.
Deputados federais receberam mais de R$ 1 milhão
Os
deputados federais por Alagoas, eleitos no pleito deste ano, também receberam
contribuições das empreiteiras citadas na operação Lava Jato, da Polícia
Federal. Dos nove parlamentares que ocuparão um assento na Câmara Federal a
partir de 2015, cinco receberam doações das construtoras envolvidas em um
suposto esquema de corrupção. Foram eles: Gilvado Carimbão (Pros), Marx Beltrão
(PMDB), Maurício Quintella (PR), Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), e
Pedro Vilela (PDSB).
As
doações das construtoras OAS, Camargo Correia, Queiroz Galvão, e Odebrecht,
totalizaram R$ 1.290.077,90 e foram repassadas aos parlamentares por intermédio
dos diretórios nacionais.
O
deputado federal Pedro Vilela, que também é presidente estadual do PSDB, disse
que tinha conhecimento da origem das doações e que elas foram feitas conforme a
legislação prevê.
”As
doações ocorreram da forma como o nosso atual modelo político eleitoral prevê,
que são as doações de empresas privadas para o financiamento de campanhas. O
nosso partido recebeu a doação, destinou aos candidatos e prestou contas”,
relatou o presidente estadual do PSDB.
Quanto
à construtora OAS, uma das empresas financiadoras das campanhas do PSDB, estar
envolvida em um esquema de corrupção, Vilela disse que a doação não tinha
qualquer relação com a operação Lava Jato e que esta, estava ligada à
Petrobras. “O importante é que a doação da OAS, que não foi a única empresa
doadora do PSDB, foi cumprida rigorosamente como a lei prevê”, contou.
O
deputado federal que recebeu a maior quantia em doações foi Carimbão, num total
de R$ 534.974,30.
Renan Filho e Benedito de Lira foram contemplados
As
doações das empresas citadas na operação Lava Jato, da Polícia Federal, não
ficaram apenas no Legislativo. Os dois principais candidatos ao governo de
Alagoas também tiveram as suas campanhas financiadas pelas construtoras citadas
na investigação da Polícia Federal.
O
governador eleito Renan Filho (PMDB) foi quem levou a maior parte das empresas
OAS, Camargo Correia, Queiroz Galvão, UTC Engenharia e Odebrecht, num total de
R$ 5.911.500,00.
Já
Benedito de Lira (PP), o segundo colocado nas urnas, recebeu das empreiteiras
OAS e Queiroz Galvão a soma de R$1,4 milhão.
LAVA JATO
A
operação da PF deflagrada em 17 de março, desmontou um esquema de lavagem de
dinheiro e evasão de divisas que movimentou cerca de R$ 10 bilhões, segundo
informações das autoridades policiais. A Petrobras está no centro das
investigações que apontou dirigentes da estatal envolvidos no pagamento de
propina a políticos e executivos de empresas que firmaram contratos com a
petroleira.
No
último final de semana, mais 20 pessoas foram presas pela operação Lava Jato,
após as investigações.
PRESOS
A
operação Lava Jato já levou à prisão do doleiro Alberto Youssef, que foi
apontado como chefe do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Também foi preso, na etapa inicial da operação, o ex-diretor de Refino e
Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele é investigado devido à
compra, pela estatal, da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), sob suspeita de
superfaturamento.
Em
novembro, quase oito meses a pós a deflagração da operação, mais de 20 pessoas
foram presas, incluindo o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. A
maior parte dos presos são executivos de empreiteiras.
PMDB teria enviado recursos ao PT/AL
Informações
dão conta de que os recursos doados aos deputados estaduais do Partido dos
Trabalhadores oriundos das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção e
lavagem de dinheiro e repassados pelo diretório estadual, na verdade, teriam
sido repassados ao PT pelo PMDB, aliado político nas eleições deste ano. A
reportagem tentou contato durante toda a tarde de segunda-feira (17) com o
presidente estadual do PMDB, senador Renan Calheiros, mas não obteve êxito.
Parlamentar ‘ajudou’ Madeira com repasse
Quando
se observa as prestações de contas dos deputados alagoanos é possível constatar
que as doações foram repassadas de um para o outro, como é o caso dos R$ 150
mil doados pela construtora OAS ao deputado estadual Marquinhos Madeira (PT)
por intermédio do deputado federal Maurício Quintella (PR), que por sua vez
recebeu R$ 350 mil da mesma empresa, por meio do diretório nacional do seu
partido. A reportagem não conseguiu contato com Maurício Quintella.