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Um em cada seis homens deverá ter câncer de próstata.
Segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), a estimativa é que o
número de casos da doença aumente em 60% até 2015; três quartos ocorrem a
partir dos 65 anos. Hoje, não há como prevenir o câncer de próstata, mas
realizar exames preventivos ajudam a detectar a doença ainda em estágio inicial
e ter chance de cura de até 85%.
Em estágios iniciais, o câncer de próstata não causa nenhum tipo de sintoma,
explica o coordenador do Departamento de Uro-oncologia da SBU (Sociedade
Brasileira de Urologia), Lucas Nogueira.
— Por isso, é recomendável que os homens façam os exames de prevenção, que são
o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico) e o exame de toque
retal. Assim, é possível detectar a doença ainda em estágio inicial elevando as
chances de cura.
Já nos casos mais avançados, o câncer de próstata pode causar diversas
consequências graves ao paciente, como dores ósseas e até paralisia nas pernas,
alerta o urologista do Hospital das Clínicas de São Paulo Cesar Camara.
— Ocorre também sangramento e dificuldade muito grande para urinar. A
dificuldade para urinar acontece também no crescimento benigno da próstata, mas
isso nós descobrimos realizando os exames.
De acordo com o coordenador da SBU, a recomendação é que os homens façam os
exames preventivos a partir dos 50 anos.
— Já quem tem histórico familiar ou da raça negra deve começar os exames
preventivos a partir dos 45 anos.
Apesar de ainda haver preconceito em relação ao exame de toque, o urologista do
HC diz que os “homens estão mais conscientes e procuram receber o diagnóstico
no momento oportuno”.
— Quando o homem não está muito inclinado a fazer tudo isso [os exames], as
mulheres os incentivam, elas são as salvadoras [risos]. Se o homem chegou à
consulta, ele faz sem problema. O problema são os pacientes que não chegam no
consultório por preconceito.
Fatores
de risco
Camara ainda explica que “quanto mais idosa a pessoa for, maior é a chance de
ela ter tumor de próstata”. Mas, além da idade, o médico ainda afirma que o
principal fator de risco é o histórico familiar.
— O fator familiar envolvido que é muito forte. Um familiar [irmãos, pais e
primos de primeiro grau] que teve câncer de próstata aumenta a chance de outro
familiar em duas vezes em desenvolver a doença. Três familiares aumentam a
chance em cinco vezes de o indivíduo ter câncer de próstata. Estudos recentes
também mostram a associação do câncer de mama com o câncer de próstata no
homem, ou seja, se a mãe teve câncer de mama, o filho homem tem a chance
aumentada em até quatro vezes de ter a doença na próstata.
Tratamentos
e sequelas
Depois de detectado o câncer, para se escolher o tratamento mais adequado para
o paciente, o urologista do Hospital das Clínicas explica que é necessário
primeiramente classificar o tumor. Ou seja, é necessário “saber se ele está na
próstata ou saiu da próstata”. Depois, classifica-se a agressividade do tumor.
— Se o paciente tem uma doença localizada, um tumor pouco agressivo, em algumas
situações, fazemos um acompanhamento mais rigoroso, sem nenhuma outra forma de
tratamento. Para os pacientes que precisam de tratamento, porque tem câncer
mais agressivo ou porque são muito jovens, propomos a cirurgia ou radioterapia.
Quando a doença é mais agressiva e o tumor está fora da próstata, o tratamento
hormonal pode ser auxiliar após a cirurgia ou radioterapia.
Um dos maiores medos dos homens que descobre o câncer de próstata é a
possibilidade de sofrer com disfunção erétil. O urologista do HC conta que os
“refinamentos das técnicas com a cirurgia robótica” têm reduzido a
probabilidade de o homem sofrer com algum tipo de sequela.
— A cirurgia robótica trouxe a delicadeza e ausência de tremores. Mesmo
preservando os dois feixes cavernosos na cirurgia, durante algum tempo, haverá
uma inflamação que faz com que o homem deixe de ter ereções por um período.
Feita a cirurgia, a pessoa entra em programa de reabilitação peniana com
medicamentos para reduzir esse tempo e recuperar as ereções. Quase todo mundo
terá esse período refratário. Se a pessoa tiver diabetes, hipertensão e
obesidade eleva a chance de impotência permanente. Mas a libido não fica
alterada em nada.
Vida
saudável
Não só para o câncer de próstata, manter uma vida equilibrada pode ajudar a
reduzir as chances da doença, afirma o médico da Rede de Hospitais São Camilo
de São Paulo Newton Soares de Sá Filho.
— O câncer de próstata não pode ser plenamente prevenido porque os fatores de
risco estão fora do nosso controle. Porém, estudos clínicos sugerem que uma
dieta rica em legumes, verduras, grãos, frutas, cereais integrais e com menor
consumo de gordura animal e que a prática de exercícios físicos podem diminuir
as chances de desenvolver o problema.